20 de nov. de 2009

TENSÃO SULAMERICANA: Venezuela dinamita pontes na fronteira colombiana

TENSÃO SULAMERICANA
Venezuela dinamita pontes na fronteira colombiana
Sem avisos prévios militares venezuelanos dinamitaram pontes ditas clandestinas dispostas na fronteira há vários anos, alegando que eram passagem de contrabando e tráfico. Agricultores colombianos narram invasão de território por militares da Venezuela e ameaça as populações fronteiriças

Foto: Reuters

Militares venezuelano, no momento em que estão pondo dinamite para destruir ponte sobre o rio Táchira, fronteira Venezuela e Colômbia

Fontes: El Universal, El Tiempo, BBC Brasil, El Espectador

O ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, (foto) convocou a imprensa em Bogotá para narrar que grupo de militares venezuelanos explodiu pontes para pedestres do município de Ragonvalia, no Estado de Norte de Santander, ação que teria deixado "isolados" os moradores da fronteira.

"Essa ação representa uma violação à lei internacional, à lei humanitária, é uma agressão contra os civis", acrescentou.

O vice-presidente e ministro da Defesa venezuelano, Ramón Carrizález, (foto) confirmou a destruição de duas pontes na fronteira com a Colômbia, alegando que eram passagens ilegais utilizadas por narcotraficantes e contrabandistas.

"Qualquer passarela improvisada que se utilize para entrar e sair de um país sem cumprir com os acordos entre os países, onde não existe a presença de aduanas e do Estado, são ilegais", afirmou.

Carrizález disse que a ponte era utilizada para o tráfico de drogas e de gasolina e que "em nenhum momento" os militares venezuelanos entraram em território da Colômbia e qualificou como "manipulação" a reação do governo de Bogotá, que mais cedo, disse que Caracas violava o direito internacional ao destruir as passagens entre os dois países.

"O governo colombiano está tratando de desviar a atenção do verdadeiro problema (...) querem se passar por vítimas", disse, em alusão ao acordo militar firmado com os EUA.

A tensão entre os dois países vem aumentando desde que a Colômbia anunciou um acordo militar com os Estados Unidos que permitirá a militares americanos acesso a sete bases militares em território colombiano.

Para o governo de Hugo Chávez, o acordo desestabiliza a região e é parte de um “plano de guerra” contra a Venezuela.

Chávez não suporta a independência do presidente Alvaro Uribe, da Colômbia, completamente fora da sua zona de influência e ainda por cima antenado com o governo americano.

Há duas semanas, Chávez ordenou que militares e civis se preparassem "para a guerra para garantir a paz".

Essas declarações foram interpretadas pelo governo de Álvaro Uribe como uma “ameaça de guerra”, o que levou Bogotá a apresentar uma reclamação contra a Venezuela na Organização de Estados Americanos (OEA) e na Organização das Nações Unidas (ONU).

Foto: Reuters

Chávez chamando o presidente colombiano Alvaro Uribe de “desgraçado” e dizendo que só não falava palavras mais “apropriadas” pois seu pronunciamento estava sendo transmitido pela televisão

A última troca de farpas entre os dois governos ocorreu na quarta-feira, quando Chávez chamou o presidente colombiano, Álvaro Uribe, e o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, de "desgraçados" devido a críticas à União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Bermúdez criticou a organização por não ter condenado as declarações de Chávez pedindo que o seu país se preparasse para um conflito.

“Saiu o chanceler da Colômbia dizendo que a Venezuela fala de guerra. Não lhes digo o que me provocava porque estamos no ar. (Mas) vou te dizer, desgraçado, como desgraçado é seu presidente, e desgraçaram a Colômbia!", disse Chávez, durante um ato político transmitido pela TV estatal venezuelana.

Foto: Reuters

A passagem existia há 25 anos, sem nunca ter incomodado o governo venezuelano

Para o governo venezuelano, a frequência cada vez maior de conflitos na fronteira com a Colômbia e a presença de paramilitares colombianos em território venezuelano é parte de uma “estratégia” que coincide com a presença norte-americana na Colômbia para “desestabilizar” a revolução liderada por Chávez.

Os governos colombiano e norte-americanos, no entanto, argumentam que o uso das bases militares se limitará a combater o narcotráfico na Colômbia.

O jornal colombiano El Tiempo, porém, registra fatos ainda mais graves, de que agricultores da região das pontes, confirmaram as autoridades que os vários soldados venezuelanos penetraram em território colombiano após altercações com alguns moradores de El Cañoral, em Ragonvalia.

Minutos depois, os guardas teriam plantado explosivos nas pontes suspensas Las Naves e Chicoral, que ligavam a zona rural de Ragonvalia com a população venezuelana de Las Delicias, através do rio Táchira, que acabaram completamente destruídas.

Foto: Reuters

Algumas das 27 famílias que vivem na localidade Cañoral disseram que as pontes suspensas eram a única forma que eles tinham para atravessar a fronteira. Cada uma tinha mais de 25 anos de construídas e, através deles passava todas as mercadorias e produtos entre os dois países.

Chávez não quer guerrear, com já dissemos, toda essa encenação procura apenas desviar os problemas internos do país, como o desabastecimento em larga escala, apagões permanentes, falta de água etc.

Óbvio que ele odeia a presença americana tão próxima da sua fronteira, e teme realmente que um gesto em falso seu, provoque uma reação militar americana.

Foto: Reuters

Agricutores caminhando pelo leito do rio Táchira, desmentindo a teoria de que as pontes, serviam para transportar drogas e contrabando, que pode acontecer em qualquer lugar onde o rio permite ser atravessado

O mais grave dessas provocações, é que sempre há o risco de alguém perder a calma e cometer um desatino, disparando uma arma ou um explosivo que provoque a morte de pessoas inocentes, de um ou outro país o que pode sim, dar início a um indesejável conflito armado no continente sulamericano.


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