Ahmadinejad detenou conferência sobre racismo
Ahmadinejad detenou conferência sobre racismo
Foto: Reuters
O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad abriu e detonou nesta segunda-feira a conferência da ONU contra o racismo, na Suíça, exatamente demonstrando muito racismo contra Israel e contra o ocidente de uma maneira geral, parecendo até que havia compreendido errado o motivo da conferência. Ninguém, porém, ficou tão surpreso assim com o gesto extremista do amigo de Hugo Chávez, tanto que mal ele começou, sem ter que combinar, cerca de 30 delegados, principalmente de países europeus, deixaram a sala em protesto. (AP foto) Na sequência o discurso foi interrompido por manifestantes, que se vestiram de palhaço e chegaram a atirar pedaços de papéis no iraniano, transformando a pretensa sisuda reunião da ONU, num verdadeiro circo. Em meio ao tumulto, com seguranças correndo pela sala tentando capturar os manifestantes, Ahmadinejad apenas sorria. Foto: Getty Images Jamais o presidente iraniano vai se incomodar com manifestações de palhaços pacifistas ocidentais, embora entre os manifestantes estivesse o premio Nobel da Paz, o judeu escritor, Elie Wiesel, o velhinho de cabelo desgrenhado, sobrevivente de campos de concentração nazista, que Ahmadinejad nega que existiram. Foto: Getty Images A diplomacia brasileira havia pedido "moderação" no discurso de Ahmadinejad. Ban, que se havia reunido pela manhã com o líder iraniano, também tinha pedido a ele que não atacasse outros países e "olhasse para o futuro". Ahmadinejad garantiu a Ban que não seria duro. Mas o pior dos cenários se confirmou. Ahmadinejad, que tinha apenas sete minutos para falar, discursou por 32 minutos. O iraniano também jogou com as palavras para questionar o Holocausto, no dia em que Adolf Hitler completaria 120 anos. Ahmadinejad, já havia classificado o Holocausto como "um mito", declarou ontem que Israel foi criado "sob o pretexto do sofrimento dos judeus e da ambígua e duvidosa questão do Holocausto". "O boicote é uma prova clara de que apóiam o racismo", disse Ahmadinejad, referindo-se aos países que não compareceram à reunião. "Esta é a liberdade de expressão e os defensores desta liberdade têm agora medo de participar. Isso é arrogância", atacou. O discurso de Ahmadinejad foi repleto de contradições. Apesar de atacar o Ocidente, citou insistentemente a palavra "amor" e se disse disposto a manter um diálogo com Obama. "Sempre estou disposto a ter relações com base no respeito mútuo e justiça. Foram os americanos quer cortaram relações conosco", disse. "Saudamos as mudanças básicas nos Estados Unidos." No entanto, ele advertiu que quer mudanças concretas. "Estamos esperando mudanças reais na política e no comportamento dos Estados Unidos. Isso será necessário para corrigir a tendência na política mundial. Mudar é necessário, especialmente na situação atual", disse. Ahmadinejad defendeu o direito do Irã de controlar a tecnologia nuclear. "Isso é uma questão fechada", declarou, reiterando que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos. "Trago uma mensagem de paz", disse, para logo em seguida retomar os ataques Ele pediu ao Ocidente que se retire do Oriente Médio e criticou a arrogância americana no Iraque e Afeganistão. "Não são esses os exemplos claros de racismo e discriminação?" "Ele deveria ser preso por incitar o genocídio", disse o prêmio Nobel da Paz de 1986, Elizer Wiesel. Ele espera que conferência seja concluída "com o reconhecimento da vulgaridade de Ahmadinejad". O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon (foto) acusou Ahmadinejad de usar seu discurso para "dividir e até incitar". "Isso não pode mais ocorrer no futuro. O que aconteceu é deplorável", disse Ban. "Peço ao Irã que respeite os demais países." Em Tel-Aviv, o governo de Israel convocou nesta segunda-feira o embaixador da Suíça para pedir explicações sobre o motivo de um encontro bilateral entre Ahmadinejad e o presidente suíço, Hans Rudolf Merz. "Tem de haver um limite à neutralidade suíça", afirmou o presidente israelense, Shimon Peres. A delegação do Brasil ouviu atentamente os ataques do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e não saiu da sala em protesto, como fizeram vários diplomatas europeus. Mas fez um gesto: o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, que liderava a delegação, não bateu palmas. Mas o Itamaraty emitiu nota oficial nesta terça-feira para externar “particular preocupação" com o discurso. A preocupação do governo brasileiro se justifica ainda mais porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá receber o presidente iraniano em visita oficial ao Brasil, confirmada para o dia 6 de maio próximo. |
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