21 de abr. de 2009

Como desprivilegiar nossos parlamentares

Como desprivilegiar nossos parlamentares


ANGELI – Folha de São Paulo (SP)

Até agora, pelo que se sabe, todas as despesas médicas dos parlamentares, mais esposas, filhos e amantes são pagas pelo Congresso, quer dizer pelo contribuinte.

Os senhores senadores e deputados federais, não precisam pagar um plano de saúde familiar, nós pagamos por eles.

O serviço médico do congresso é muito bom e os parlamentares tem prioridade total no atendimento que é estendido aos funcionários e familiares. Há serviço de odontologia, cardiologia, clinica geral, e ginecologia, o deputado Clodovil Hernandes estava a exigir um proctologista (é verdade), para atender essa área corporal, tida como genital por alguns, sob a argumentação de que havia ginecologista para as senhoras parlamentares.

Isso não impede que mesmo em Brasília eles busquem outros profissionais de saúde da mesma especialidade que há no senado, que serão pagos pela diretoria de saúde alternativa, supõe-se.

AROEIRA

Gabeira mandou a filha para o exterior

Todos os parlamentares, de qualquer estado, têm direito a passagens aéreas supostamente para o Rio de Janeiro e para os seus estados de origem. Mas na prática, os congressistas podem trocar bilhetes aéreos, e viajar em qualquer direção, e estender esses privilégios aéreos aos parentes, amigos, concubinas, amantes e sogras. Não se limitam ao Brasil, vão passear pelo mundo, Nova Iorque no outono, Londres no verão, Milão em qualquer estação e Paris na primavera, inclusive em período de férias, principalmente em período de férias.

Podem trocar as passagem por dinheiro, ou obter maior número de passagens com cada uma das que lhes são fornecidas pelo congresso, pois como os valores oficiais sempre são os de maior preço, os chamados bilhetes cheios, as passagens promocionais, transformam-se em inúmeras viagens.

Parlamentar e familiares não pagam combustível para abastecer seus veículos. Recebe uma verba antecipada e no fim do mês manda alguém terceirizado entregar “notas” na diretoria de combustíveis, com um carimbo de “top secret.”

No Congresso há cabeleireiros, barbeiros e manicures federais para tentar a hercúlea tarefa de embelezar os senhores senadores e senadoras, deputados e deputadas. No momento, deve existir uma subsecretaria de tingir bigodes.

AMARILDO

O presidente da Câmara Michel Temer tirou férias em Bariloche e repassou 27 passagens para outras pessoas.

O congresso paga a moradia dos parlamentares em Brasília, pode ser hotéis, apartamentos funcionais mobiliados, ou em dinheiro se ele tiver um imóvel na capital federal, o chamado auxílio moradia, para ajudar com as despesas de casa, sem prejuízo de incluir uma empregada doméstica parlamentar.

Como se soube agora, senador tem direito a dois celulares, sob a responsabilidade da diretoria do fale à vontade, com as contas pagas sem limites, pelo senado. Uma fica com ele, outra com o assessor, ou com a filha viajando pelo México. Para quem tem filho adolescente isso é uma dádiva do céu.

Parlamentar não está obrigado a trabalhar nunca, por voluntaria dedicação costuma comparecer três, quatro dias por semana, ao local de trabalho.

Para relaxar da tarefa desgastante, estendem os horários de almoço e não raro voltam ao local de trabalho, no fim da tarde, ou da noite, alcoolizados e sonolentos. Jantam em restaurantes temáticos: italianos, portugueses, turcos, gregos etc., que se estabeleceram como praga na capital federal. Para esses eventos se fazem acompanhar de seres dos mais diversos sexos, que lhes prestam assessoria sexual, para lhes compensar do desgaste de ficarem distantes das esposas e amantes da base eleitoral.

Nós, os contribuintes sempre estamos presentes, na hora de pagar essas despesas desproporcionais, com cada prato, cada garrafa de vinho, custando um ou dois salários mínimos. Na verdade são lobistas de empreiteiras, multinacionais de telefonia e de banqueiros investigados por Protógenes Queiroz, que estabelecidos estrategicamente em mesas vizinhas, apenas com movimentos das pupilas, avisam ao maitre ou ao dono do restaurante, que estão assumindo as despesas daquela mesa.

Embora tenha dois meses de férias por ano, decidem, por conta própria, enforcar os dias úteis entre os feriados e fins de semana, esticar datas nacionais, ou criar recessos brancos coletivos ou individuais quando lhe dão na telha.

DÁLCIO - Correio Popular (SP)

Parlamentar é isento de punição criminal, e pode cometer qualquer delito que não vai preso nunca. Pode pedir empréstimo para empreendimentos fantasmas, lesar o fisco, mandar dinheiro para paraísos fiscais, ganhar propina de empreiteiras para aprovar projetos mirabolantes, mandar lobista pagar pensão alimentícia de concubina, enriquecer sem explicação, lesar o imposto de renda, que nem assim será molestado. Se muito exagerar, acabará sendo processado, e algum dia talvez julgado no fórum privilegiado da suprema impunidade federal.

O nosso regime é chamado democracia porque qualquer pessoa, escrupulosa ou inescrupulosa, pode se candidatar, a uma cadeira no parlamento, ou no executivo.

Acontece que os inescrupulosos são sempre mais simpáticos, bonitos, convincentes e caridosos e acabam conseguindo sempre em esmagadora maioria, as vagas disponíveis, por culpa nossa, eleitores que nos deixamos seduzir com falsas promessas, com pequenos subornos ou por uma indiferença cúmplice, pensando que não participando, não estarão envolvidos.

Por isso somos cúmplices dessa orgia, pois nenhuns desses cidadãos que lá estão, lá não estariam, se nós não os tivéssemos elegido, reelegidos e apoiados, com o nosso voto, ou nossa indiferença. No próximo ano, poderemos mudar toda a Câmara e dois terço do senado, basta querer.

Corrupções legais
Com todo esse escândalo de passagens e espertezas, ninguém entre os parlamentares: deputado e senadores serão punidos, os desvios aéreos aos cofres públicos, foram considerados legais, unanimemente, por todos os envolvidos

Fotos:Agência Brasil

Nas asas do Congresso:Todos fizeram coisas legais e inocentes: Michel Temer, Feranando Gabeira, Inocencio Oliveira, José Múcio. Ganhando duas vezes: Gerson e Rita Camata

Fontes: Jornal do Brasil, Jornal do Comércio, G1, Ultimo Segundo, Blog do Noblat, Congresso em Foco

Em nota divulgada pela Câmara, o presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB-SP), admitiu que também utilizou parte da cota de passagens aéreas para o transporte de parentes e pessoas não relacionadas com o exercício de seu mandato parlamentar. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) foi outro que assumiu ter transferido passagens de sua cota pessoal a terceiros, mas não quis declarar os nomes dos beneficiados.

Mesmo morando em apartamento próprio em Brasília, o senador Gerson Camata e a mulher dele, a deputada Rita Camata, ambos do PMDB do Espírito Santo, recebem auxílio-moradia do Senado e da Câmara. No total, são R$ 6.800 por mês para o casal. O senador disse ontem que com o seu valor, de R$ 3.800 brutos, ele paga contas de condomínio (R$ 1.100) e de gás (R$ 75,46), entre outros gastos. A deputada não disse quais são as despesas dela. Os dois moram no mesmo local.

O deputado Dagoberto Nogueira Filho (PDT-MS) é novato no Parlamento, mas um craque em viajar ntre janeiro de 2007 e outubro de 2008, o parlamentar usou sua cota aérea para 40 viagens internacionais, cidades da Europa, dos Estados Unidos e da América do Sul, muitas delas com a família. No mesmo período, gastou R$ 192 mil (62% da verba) com deslocamentos, em tese, a trabalho. Conforme os registros, Dagoberto usou um total de R$ 92.629,60 em passagens para outros países.

Contrariando norma interna, deputados que se licenciaram para assumir vagas de ministro de Estado continuaram voando com os créditos de passagens do Congresso.

Ministo José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), usou o crédito para fazer 54 viagens, algumas para ele e muitas para assessores e parentes; Ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) Stephanes, 15 viagens para ele, a mulher, filha e assessores e Ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), 4 vôos para a mulher e as filhas.

Cinco dos 11 integrantes da Mesa Diretora utilizaram a cota da Câmara para bancar 49 viagens internacionais nos últimos dois anos. As passagens saíram da cota dos deputados Inocêncio Oliveira (PR-PE), segundo secretário, Odair Cunha (PT-MG), terceiro secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP), quarto secretário, Leandro Sampaio (PPS-RJ), terceiro suplente de secretário, e Manoel Junior (PSB-PB), quarto suplente de secretário.

Único dos quatro parlamentares a ocupar um cargo da Mesa anterior, na época da emissão das passagens, Inocêncio Oliveira cedeu parte de sua cota para financiar a viagem da mulher, das filhas e da neta para os Estados Unidos e a Europa.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) utilizou recursos da sua cota de passagens aéreas no Senado para fretar jatinhos.



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