Antes que o presidente dos Estados Unidos assumisse esse papel de rei Salomão da cevada, eis o que ocorreu:
No dia 16 de julho, Henry Louis Gates, um professor da Universidade de Harvard chegou em casa (foto) cansado, após regressar de uma viagem à China, mas descobriu que não conseguia abir a porta de casa.
Resultado: resolveu arrombar a porta emperrada, com a agenda do motorista de táxi que o trouxe.
Tanto Gates como o motorista são negros.
Fotos: Reuters
PERSONAGENS: Lucia Whalen, a vizinha que chamou a polícia, Henry Louis Gates, o professor de Havard, que resolveu arrombar a propria casa e o Sargento James Crowley, acusado de racismo
Diante da movimentação suspeita na casa do professor, uma vizinha chamou a polícia.
Acionado, o sargento Jim Crowley chegou à casa de Gates quando ele já estava dentro de casa.
O policial chamou-o para conversar do lado de fora e para apresentar alguma prova de que ele era dono da residência.
Já enfadado com a situação e sentindo-se vítima de racismo, Gates desferiu uma ofensa contra o sargento.
Foto:AP
O professor saindo de casa algemado e a foto do registro na ficha policial
Crowley pediu que o professor se acalmasse e ao julgar que seu pedido não foi atendido, levou-o para a viatura policial algemado.
Ao ser indagado sobre o polêmico incidente que rendeu inúmeras manchetes na imprensa americana, Obama, que é amigo do professor, disse que a polícia havia ''agido de maneira estúpida''.
O comentário, algo impensado, fez com que o presidente entrasse de cabeça na polêmica.
Foto: Reuters
Obama reconhecendo que falou demais
E levou-o também a voltar atrás em sua declaração, dizendo que talvez tanto Gates como a polícia do Estado de Massachusetts tenham reagido em excesso.
Depois da verborragia de Obama, foi a vez de os comentaristas televisivos e radiofônicos de direita caírem matando.
Glenn Beck, da TV Fox News, disse que o presidente era racista contra brancos.
Foto: AP
Dr. Henry Louis Gates Jr. a esquerda participa de um painel na CNN, sobre o incidente, um programa ao vivo chamado ”Momento da Verdade” apresentado por Soledad O’Brien e Tom Joyner
Policiais de todo o país, muitos deles negros, saíram em defesa do sargento Jim Crowley.
O evento protocolar na Casa Branca não será e nem pretende ser o cenário ideal para que um policial, um presidente e um professor discutam a questão racial nos Estados Unidos.
O debate sobre raça é um tema que vem sendo cautelosamente evitado por Obama desde que ele chegou à Casa Branca.
O país prefere varrer o problema para debaixo do tapete ou esquecer o assunto indigesto descendo algumas cervejas.
Mas mesmo depois de haver eleito um negro para o cargo mais importante do mundo, os Estados Unidos, com uma minoria negra que responde por apenas 12% da população do país, possui uma população carcerária com 50% de negros.
Pesquisas mostram que afro-americanos ainda se sentem vítimas de racismo e de abuso policial.
Ah, sim, mas voltemos ao evento. O presidente disse que irá beber Bud Light, Gates optou por uma Red Stripe e Crowley pretende saborear uma Blue Moon.
Quem dera que as principais divergências entre negros e brancos nos Estados Unidos se limitassem ao cardápio de uma cervejada.
* “Uma cerveja com Obama” era o título original do texto
**Fotos, legendas e subtítulos acrescentados por “thepassiranews”
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