Líbia diz que Londres trocou terrorista por petróleo
O terrorista líbio Megrahi teria sido libertado como parte de um vantajoso acordo comercial petrolífero entre os governos ingleses e líbios
Foto: AP
O terrorista Megrahi chega a Trípole em companhia de Seif al-Islam, filho de Kadafi, uma multidão o esperava para saudá-lo como herói
Fontes: The New York Times, Daily Mail, O Globo, AFP, The Times, BBC Brasil
Aumentou a indignação internacional, contra as autoridades britânicas, ao se tornar público que a libertação do “terrorista de Lockerbie”, o líbio Abdel Baset-Megrahi, poderia fazer parte de um escuso acordo petrolífero entre o governo inglês e a Líbia.
O jornal Daily Mail noticiou em forma de denunciou neste sábado uma "semana da vergonha" para os dirigentes britânicos.
“Em todos os contratos comerciais, de petróleo e de gás com a Grã-Bretanha, Megrahi sempre foi um elemento das negociações", afirmou Seif al-Islam, um dos filhos do coronel Kadafi, em entrevista divulgada na noite de sexta-feira por seu canal de TV, Al-Muntawasset.
O governo britânico desmentiu imediatamente. "Não existe nenhum acordo" neste sentido, garantiu um porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown, questionado pela AFP.
Foto: Manoocher Deghati/AFP/Getty Images
o terrorista, Megrahi, escoltado por dois agentes de segurança, na época de sua prisão em 1992
O líbio Abdelbaset Ali al-Megrahi, de 57 anos, é um ex-agente da inteligência líbia condenado à prisão perpétua, por ter participado do ataque a bomba contra o voo 103 da Pan American, que explodiu matando todos os 259 passageiros e tripulantes (189 deles americanos), assim como 11 pessoas no solo, em Lockerbie, a cidade de fronteira escocesa onde caíram os destroços do avião.
Megrahi estava cumprindo pena de prisão perpétua, com um mínimo de 27 anos, em uma prisão a oeste de Glasgow. Foi libertado sob a desculpa de questões humanitárias, já que teria câncer na próstata em estágio terminal, o que começa a ser questionado como completamente verdadeiro.
Foto: Reuters
Em Lockerbie policiais britânicos conduzem o corpo de uma das 270 vítimas do terrorista
O diretor do FBI, a polícia federal americana, Robert Mueller, que foi o advogado do departamento de Justiça americano que liderou a investigação do atentado, em 1988, fez duras críticas ao secretário de Justiça escocês, Kenny MacAskill, disse que a decisão “faz piada com a justiça” e dá conforto a terroristas ao redor do mundo.
A crescente sensação de desconforto do primeiro ministro inglês intensificaram hoje, depois de Kadafi elogiou o "meu amigo" Gordon Brown e o Governo Britânico para o seu papel na garantia da liberdade de Megrahi.
“Aos meus amigos, na Escócia, o Partido Nacional Escocês, e o primeiro-ministro escocês, e o secretário de Relações Exteriores, eu elogio a sua coragem, por ter provado a sua independência na tomada de decisão, apesar das pressões inaceitáveis e irracionais que enfrentavam. Não obstante, tomou esta corajosa decisão certa e humanitária", disse ele criando problemas instantâneos para todo o mundo.
Fotos: Reuters
Além da multidão o líbio terrorista foi recebido no aeroporto pelo próprio coronel Muammar Kadafi, não foi bem a recepção discreta sugerida por Londres
Gordon Brown já havia sido puxado para o centro do furacão, quando se descobriu que o coronel Kadafi havia pedido seu empenho pessoal para um regresso do seu “terroristazinho”. O primeiro-ministro escreveu ao líder líbio pedindo-lhe que “agisse com sensibilidade” e discrição. Em vez disso, o terrorista Megrahi foi dado recebido em Tripolí, como um herói, em cenas descritas na pelo presidente Barack Obama como "altamente censurável".
Foto: AP
 A cratera provocada pelo queda do avião da Pan American, na simpática cidadezinha escocesa de Lockerbie
COMENTÁRIO: O líder líbio, coronel Muammar Kadafi, que pode ser tudo menos ingênuo, no poder desde 1969, sabia que as comemorações com o retorno de um terrorista ao seu país iam provocar protestos das famílias das vítimas, dos americanos e da comunidade internacional e está se lixando para isso.
Para ele o importante é o prestígio interno demonstrando que prestigia até as últimas conseqüências os membros da inteligência Líbia que brincaram de terroristas internacionais, nos anos 80, ao redor do mundo.
O estranho mesmo são os elogios que Kadafi faz as autoridades britânicas, a Tony Blair, Gordon Brown e até a Rainha Elizabeth, quando comenta a libertação de Megrahi. Ele sabe que seus agradecimentos são dispensados e afetam o prestígio e a popularidade dos mencionados junto a comunidade internacional, principalmente junto aos americanos e ao público interno inglês.
Há uma possibilidade real de Muammar Kadafi estar se vingando dessas pessoas, por ter durante todos esses anos, ter ouvido deles negativas ao tentar libertar Abdel Baset-Megrahi. Agora, aproveitando a soltura do prisioneiro por motivos humanitário, sem que se ouvissem os seus apelos, resolveu inventar a história do acordo para deixar em maus lençóis os líderes britânicos e de quebra ganhar prestígio dentro de casa.
Kadafi é bem capaz disso.
Foto: AP
 Familiares visitam o memorial em homenagem as vítimas, com o nome de todas os mortos no ato terrorista, no local do acidente em Lockerbie |
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