18 de ago. de 2009

Sarney se diz inocente e a oposição acredita

Sarney se diz inocente e a oposição acredita
O “acórdão” mostrou a sua cara no senado nesta segunda, não era nada bonita

Fotomontagem Toinho de Passira

Sarney querendo que se acredite nas suas “honradas” palavras

Fonte: Congresso em Foco

No último fim de semana uma reportagem publicada pelo Estado de São Paulo mostra que dois dos três apartamentos ocupados pela família Sarney na Alameda Franca, na região dos Jardins, em São Paulo, estão em nome da construtora Holdenn Construções, Assessoria e Consultoria Ltda., cujo principal nicho de negócios é o setor elétrico, área em que o senador exerce influência.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi ao plenário nesta segunda-feira (17) e, sem subir à Mesa Diretora, defendeu-se mais uma vez de denúncias publicadas pela imprensa.

Sarney iniciou sua fala no ataque, ao contrário do que tem acontecido em seus principais discursos de defesa.

“É como grande tristeza que vejo O Estado de S. Paulo hoje, depois de uma decadência financeira que o levou a terceirizar a sua redação, a sua consciência, a sua responsabilidade”, atacou Sarney, para quem o jornal guarda uma “lembrança do que já foi” porque ainda ostenta o nome do “Doutor [Julio] Mesquita”, fundador do diário.

“Transformou-se num jornal que, na verdade, passou a ser um tablóide londrino daquele que busca escândalos para vender.”

Em relação ao objeto da reportagem, Sarney disse que se trata de um apartamento “modesto, de uma sala pequena e dois quartos”. “É um prédio de apartamento de 85 metros quadrados. Comprei o primeiro ali em 1957, ainda em construção, para ali morarem meus filhos que, na época, eram estudantes da Faculdade Politécnica e da Universidade Católica”, disse o peemedebista, acrescentando que seus filhos, mencionados na reportagem, “terão condições de se defender”. “

A escritura não foi passada [para o empresário Fernando Sarney, um de seus filhos] porque ainda não foi concluído o pagamento, mas já está no imposto de renda.”

O ex-presidente da República se dirigiu a senadores que, diante da reportagem, exigiram investigações sobre mais esse caso a pesar sobre Sarney – a exemplo do líder do PSDB no Senado, Sérgio Guerra (PE), e do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Demóstenes Torres (DEM-PE).

“Cabe na cabeça de alguém que uma notícia de jornal cabe investigação?”, indagou Sarney, para quem a Receita Federal, e não o Senado, é que seria o foro adequado para investigar eventuais irregularidades.

Talvez o presidente Sarney não lembre que a investigação de uma notícia no jornal americano Washigton Post, acabou gerando a renúnica do presidente americano Richard Nixon.

“Perdoe minha indignação, eu tenho ficado calado durante todo este processo, mas sabe Deus o que tenho sofrido. São essas minhas palavras, eu peço aos senhores senadores que meditem um pouco sobre elas”, concluiu Sarney.

Interessante é que mesmo tão indignado, o presidente Sarney e seus filhos que souberam pedir a um juiz camarada para silenciar o jornal Estado de São Paulo, sobre o material que possuia das gravações feitas pela policia federal, não acene com a possibilidade de processar o orgão de imprensa por calunia ou difamação.

O mais curioso ainda é que neste momento após essa simploria defesa de Sarney, que no fundo pede para não ser investigado, pedindo que se acredite apenas nas suas palavras, um dos principais críticos da atuação de Sarney à frente do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) pediu a palavra e aceitou a explicação do presidente do senado:

“Depois dos esclarecimentos do presidente Sarney, não vemos razão para as investigações. A não ser que fatos novos relevantes ocorram a respeito dessa questão.”

Já o tucano Papaleo Paes (AP) (Sarneysista juramentado) saiu em defesa do colega de estado e, como tem feito nos últimos discursos, criticou os supostos excessos da imprensa, dizendo que Sarney e sua família devem ser respeitados.

“Nem tudo o que está escrito é realidade”, disse Papaleo, para quem os debates e as investigações de denúncias diversas contra Sarney devem se manter em nível aceitável. “Há a sistematização de uma verdadeira perseguição política ao presidente Sarney. Querem fazer a cassação política. Essa Casa, que já sofreu muitos golpes, não é de golpes.”

O ambiente de repente ficou impregnado de um odor neasebundo de mussarela e orégano.


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