14 de ago. de 2009

Governo iraniano torturou e matou oposicionistas

Governo iraniano torturou e matou oposicionistas
Mehdi Karoubi, candidato derrotado nas eleições repetiu as acusações feitas no último domingo de que alguns dos manifestantes, que reagiram à fraude eleitoral no Irã, haviam sido abusados sexualmente, torturados e alguns deles mortos na prisão

Foto: Reuters

A denúncia de Karoubi surpreende e mostra o tamanho da sua revolta pessoal, principalmente, por ser ele um clérigo e por ter consciência do tamanho da encrenca em que se meteu

Fontes: BBC Brasil, BBC Brasil

O candidato derrotado das eleições presidenciais iranianas, o clérigo reformista Mehdi Karoubi, afirmou num documento, que alguns dos manifestantes detidos após os protestos que seguiram o resultado do pleito foram torturados até a morte.

“Observamos que em um país islâmico alguns jovens são espancados até a morte apenas por entoarem slogans de protesto”, disse Karoubi em uma mensagem também publicada em seu website.

“Alguns dos detidos disseram que foram forçados se desnudar. Eles tiveram então que se apoiar sobre suas mãos e joelhos, sendo então penetrados (por guardas)”, disse ele indignado.

“Ou então, as autoridades carcerárias os empilhavam enquanto ainda estavam nus”, acrescentou.

Karoubi pediu a formação de uma comissão independente que investigue as evidências “em uma atmosfera calma, na qual parentes de detidos e manifestantes libertos possam falar”.

Foto: Vahid Salemi/AP

A “vitória” de Ahmadinejad desencadeou as maiores manifestações públicas, em território iraniano, desde a revolução de 1979, que levou ao poder o atual regime islâmico.

Pelo menos 30 pessoas morreram e centenas foram presas. Grupos da oposição seguem falando em fraude na votação e acreditam que o número de mortos e prisioneiros seja maior do que o divulgado.

Mais de cem oposicionistas, entre eles figuras importantes de antigos governos reformistas, foram julgados por acusações como vandalismo, tumulto e conspiração nos protestos que seguiram a reeleição de Ahmadinejad.

Foto: Reuters

Khatami é uma espécie de Collor do Irã: assustando os adversários com olhares satânicos

Um importante clérigo conservador iraniano, o aiatolá Ahmad Khatami, (foto) afirmou nesta sexta-feira, durante as orações semanais em Teerã, que o candidato derrotado nas eleições presidenciais Mehdi Karoubi deveria ser punido por ter denunciado torturados e abusos sexuais após os protestos que se seguiram ao pleito de 12 de junho.

“Um dos políticos (Karoubi) divulgou uma carta insultando o regime islâmico, uma carta que agradou os Estados Unidos, Israel e os estrangeiros.(...). Tudo que foi dito está errado”, disse Khatami.

“A carta vai contra a reputação do regime, que é apoiado pelo sangue de 300 mil mártires. Esperamos que o regime islâmico mostre a reação apropriada e devida contra isso”, disse.

Durante o discurso, Khatami também pediu que o judiciário iraniano resista às pressões para libertar prisioneiros ligados aos países ocidentais que foram detidos após a onda de protestos e afirmou que governos ocidentais estariam apoiando a oposição.

“Ficou claro durante alguns dos julgamentos (de prisioneiros) que algumas embaixadas no Irã, particularmente a britânica, estavam envolvidas em conspirações (contra o regime islâmico).

É uma vergonha que um governo tenha permitido até mesmo que o pessoal de sua embaixada participasse dos distúrbios nas ruas”, disse o clérigo enfurecido.

Essa é uma briga de cachorros grandes dentro do Irã, vamos esperar os próximos acontecimentos.


Nenhum comentário: