23 de jul. de 2009

Zelaya voltará sabendo que provoca banho de sangue

Zelaya voltará sabendo que provoca banho de sangue
Ontem mais de 100 mil pessoas foram as ruas da capital de Honduras, Tegucigalpa, pedir que ele continuasse fora do país e do poder

Foto: Reuters

Fonte: Reuters

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, prometeu iniciar o regresso a seu país nesta quinta-feira, em uma nova tentativa de recuperar o poder depois do fracasso das negociações para solucionar a crise política decorrente do golpe de Estado que o expulsou do país.

Zelaya considerou encerradas na quarta-feira as negociações para resolver a pior crise política das últimas duas décadas e decidiu jogar uma última cartada. O conflito tem como mediador o presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

"Amanhã (quinta-feira) irei para três municípios na fronteira com Honduras", disse na quarta-feira à noite em Manágua à rede de tevê Telesur, sem revelar quando, nem por onde atravessaria a fronteira.

O governo de fato instalado em Tegucigalpa informou que Zelaya será aguardado com um mandado de prisão sob acusação de ter violado a Constituição ao tentar abrir caminho para a reeleição.

"Não posso prever o que vai acontecer", disse Zelaya em entrevista telefônica à Reuters de Manágua.

Zelaya, um liberal cuja aliança com o líder de esquerda venezuelano, Hugo Chávez, deixou muitos irritados, convocou os hondurenhos a irem para a fronteira com a Nicarágua.

Muitos temem que seu regresso desencadeie violência. Sua tentativa anterior em 5 de julho, quando tentou aterrissar em Tegucigalpa a bordo de um avião venezuelano, terminou em tragédia. Um jovem morreu ao ser atingido por disparos.

As forças de segurança aliadas ao governo interino do presidente Roberto Micheletti reforçaram a vigilância na fronteira leste com a Nicarágua depois do anúncio da volta de Zelaya.

O líder campesino Rafael Alegría, principal liderança da Frente Nacional, disse à Reuters que a mobilização à fronteira seria na sexta-feira e que o presidente não entraria em solo Hondurenho até sábado.

Enquanto isso, sindicatos e militantes de esquerda preparam nesta quinta-feira o terreno bloqueando o acesso norte à cidade de Tegucigalpa, uma estrada que liga a capital com a cidade industrial de San Pedro Sula e os portos do Caribe. "Vão aumentar os protestos em nível nacional", disse Juan Barahona, outro dos líderes da frente.

A capacidade de mobilização de seus partidários caiu nas três últimas semanas desde o golpe.

Foto: Reuters

Uma manifestação realizada na quarta-feira reuniu apenas cerca de 500 pessoas, enquanto o governo interino mobilizou 100 mil pessoas no centro de Tegucigalpa.

Mesmo assim, os manifestantes dizem que vão mobilizar milhares de pessoas na fronteira para receber a Zelaya.

As autoridades do governo interino ainda não rejeitaram formalmente a proposta do mediador Arias, de reconduzir Zelaya ao poder até que se encerre seu mandato em janeiro.

Alegaram que na quinta-feira colocariam o plano sob avaliação dos diferentes poderes do Estado. Entretanto, uma proposta similar foi rejeitada no domingo pelo governo interino, o que fez com que Zelaya considerasse encerradas as negociações sem esperar uma resposta formal da outra parte.


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