11 de set. de 2013

Obama diz que tentará solução diplomática para Síria, mas não afasta a possibilidade de uma ação militar

ESTADOS UNIDOS
Obama diz que tentará solução diplomática para Síria, mas não afasta a possibilidade de uma ação militar
O presidente americano Barack Obama disse que a votação do Congresso sobre uma possível ação militar na Síria será adiada para que os Estados Unidos busquem uma solução diplomática para o conflito após a proposta da Rússia.

Foto: Jonathan Ernst /Reuters

Obama diz acreditar em ação militar, mas preferir saída diplomática

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Reuters , BBC Brasil, The New York Times, The Mirror

Em um pronunciamento pela televisão na noite desta terça-feira, Obama esclareceu a posição dos Estados Unidos em relação ao conflito na Síria. Ele afirmou que o uso de armas químicas nos subúrbios de Damasco no dia 21 de agosto mudou sua forma de pensar.

"Nós não podemos resolver a guerra civil alheia pela força", disse. "Mas a situação na Síria mudou depois que o governo sírio realizou um ataque químico, matando mais de mil pessoas."

O presidente defendeu que os Estados Unidos devem realizar um ataque militar limitado na Síria, para "evitar o uso futuro" de armas químicas.

No entanto, ele disse ter pedido ao Congresso americano que adiasse a votação a respeito do ataque, após a proposta da Rússia de que a Síria entregue seu arsenal de armas químicas ao controle internacional.

Falando da Casa Branca, Obama disse que "ainda é cedo para dizer se a oferta da Rússia terá êxito".

"Qualquer acordo deve certificar-se de que o regime de Assad mantenha seus compromissos. Mas essa iniciativa tem o potencial de remover a ameaça de armas químicas sem o uso da força", afirmou.

'POLÍCIA DO MUNDO'

O líder americano afirmou novamente que o regime de Bashar Al-Assad foi o responsável pelo ataque químico.

Segundo ele, o governo sírio distribuiu máscaras antigás para seus soldados antes do ataque do dia 21 de agosto. Análises de sangue e cabelos das vítimas também teriam demonstrado a presença do gás sarin.

As imagens e vídeos de homens, mulheres e crianças vítimas das armas químicas são "repugnantes" e exigem uma resposta, de acordo com Obama.

Para justificar por que considera que a atuação americana no conflito é importante, o presidente disse que os Estados Unidos "não podem ser a polícia do mundo", mas que armas químicas podem vir a ser usadas por outro ditadores, por organizações terroristas e contra aliados como Turquia, Jordânia e Israel.

Obama disse não acreditar que os Estados Unidos devam remover outro ditador pela força, mas que um ataque específico pode fazer com que um deles "pense duas vezes" antes de usar armas de destruição em massa.

O presidente voltou a garantir que não irá enviar soldados americanos para a Síria, nem buscar uma ação militar aérea prolongada ou com prazo indefinido.

"Está além do nosso alcance consertar todos os erros, mas se com um esforço modesto e pouco risco nós podemos impedir que crianças sejam atingidas com gás até a morte, acredito que devemos agir. É isso o que torna a América diferente, é isso o que a torna excepcional."

DISPUTAS DIPLOMÁTICAS

Obama disse ter "profunda preferência" pela via diplomática e afirmou que o governo americano atuaria com o governo russo para persuadir o regime de Bashar Al-Assad a abrir mão de suas armas químicas.

Ele confirmou que o secretário de Estado americano John Kerry irá encontrar-se com o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov em Genebra na próxima quinta-feira.

"Eu continuarei minhas discussões com o presidente (Vladimir) Putin", disse. No entanto, ele garantiu que o Exército americano ficará preparado "caso a diplomacia falhe".

O editor de América do Norte da BBC News, Mark Mardell, disse que o discurso do presidente americano foi claro, mas "quase totalmente desprovido de paixão e sem novos argumentos e deixa mais perguntas do que respostas sobre a Síria."

O pronunciamento de Obama acontece após um dia de disputas diplomáticas na ONU a respeito da proposta da Rússia para a Síria.

A Grã-Bretanha, os Estados Unidos e a França exigem que prazos para que a Síria entregue seu arsenal e a ameaça de duras consequências caso o país não cumpra o acordo sejam incluídas em uma resolução do Conselho de Segurança. Washington alertou que "não cairá em táticas paralisadoras", que sirvam somente para adiar uma ação militar.

A Rússia, no entanto, afirmou que qualquer resolução que culpe o governo sírio é inaceitável e pediu uma declaração que apoie sua proposta.

O president russo, Vladimir Putin, descartou nesta terça-feira qualquer proposta para lidar com a guerra na Síria que inclua a possibilidade de se usar a força contra o regime de Bashar al-Assad.

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