16 de set. de 2013

O vai e vem da viagem de Dilma aos Estados Unidos

BRASIL – ESTADOS UNIDOS
O vai e vem da viagem de Dilma aos Estados Unidos
Para que a viagem seja viabilizada, o governo Obama precisaria dar garantias de que a espionagem ao Brasil não ocorrerá mais, comenta interlocutores de Dilma, sabendo que Obama não fará isso, e se fizer estará mentindo.

Foto: Dida Sampaio;Agência Estado

Dilma Rousseff e Barack Obama, o dilema da saída honrosa

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Veja, Folha de São Paulo, O Globo, Diario de Pernambuco, Blog de Glenn Greenwald

Dilma Rousseff já sabe que não pode nem deve fazer a viagem oficial aos Estados Unidos, para encontra o Presidente Obama, que estava programada para outubro. Resta um pouquinho de esperança que Obama e sua equipe de governo encontrem, de última hora, uma solução honrosa, uma explicação milagrosa, para a vexatória descoberta da espionagem contra ela, seu governo e a Petrobras.

Neste momento, os dois governos buscam uma fórmula comum, da viagem não acontecer e que isso não pareça e muito menos represente uma crise diplomática.

Na Rússia, quando falou com a imprensa sobre o tema, semana passada, ela disse ter combinado com o presidente americano, uma resposta diplomática até a quarta-feira, 11 de setembro, e acrescentou que houvera dito a Obama que não estava atrás de um mero pedido de “desculpas”. Essa é uma imagem elaborada para passar a versão de uma presidenta durona, irredutível, útil junto ao público interno, principalmente em ano pré-eleitoral.

Quase uma semana depois do prazo fatal, constata-se que o governo americano não se esforçou ou não conseguiu solucionar o impasse, mesmo com a ida aos Estados Unidos do nosso novo chanceler o diplomata Luiz Alberto Figueiredo, até Washington. O que se viu, foi uma nota burocrática, chinfrim e inócua, em nome da Secretaria de Estado, assinada pelo porta-voz da agência de Segurança, Caitlin Hayden, um integrante do terceiro escalão, do governo Obama.

O texto elaborado cuidadosamente para nada dizer e parecer uma explicação falava que algumas das informações veiculadas no Brasil “distorceram” o trabalho de inteligência feito pelo governo americano, embora reconheça que as notícias “levantaram questões legítimas para nossos amigos e aliados sobre as capacidades que são empregadas.”

Ou seja, dizem que as noticias estão exageradas, mas, que espionaram, espionaram e muito e não disseram, mas, subtende-se que estão e vão continuar bisbilhotando. E priu! É como se Obama dissesse a Dilma, “foi mal!”, aquela desculpa esfarrapada que os nossos filhos dão quando querem admitir um leve pecadilho.

Alguns opinam que, o cancelamento, para Dilma e para os interesses do Brasil, acarretará um prejuízo enorme, tendo em vista que em nome do Brasil, a presidenta seria paparicada com um jantar formal na Casa Branca, o único programado para um Chefe de Estado estrangeiro, neste ano, o que proporcionaria, tanto a ela, como ao país, uma visibilidade internacional positiva importante.

Outros calculam que uma atitude firme e soberana, além de ter efeitos junto ao público interno, angariará simpatias e vantagens, inclusive econômicas, junto a turma que compete com os americanos, os Chineses e os Russos, por exemplo.

Sabe-se que a espionagem governamental e industrial nunca teve limites. No mundo, atual, e no passado, espiona-se e espionou-se indiscriminadamente: vizinhos, amigos e até inimigos. Todos são igualmente alvos, dependendo dos interesses momentâneos ou futuros. Pode-se avaliar o tamanho desse interesse por parte do EUA, constatando que orçamento americano, deste ano, reservou para os diversos órgãos responsáveis por espionagem, a bagatela secreta de US$ 52,6 bilhões, valores que só chegaram ao conhecimento público por causa dos vazamentos de documentos.

Fala-se que Dilma poderá já anunciar o cancelamento ou adiamento da viagem, já essa semana, por conselho do ex-presidente Lula, com que andou reunida. Cogita-se, porém, também a possibilidade dela adiar o anúncio, para depois de 24 de setembro, dia em que ela e Obama discursarão na abertura da Assembleia da ONU, e quando uma nova conversa entre os dois, sobre o tema, poderá novamente acontecer.

Uma anuncio comum de que a viagem será adiada de comum acordo, seria uma forma menos traumática do cancelamento.

Há hoje um temor adicional: como tanto o Brasil quanto os Estados Unidos não sabem o que Edward Snowden, copiou há uma preocupação parte a parte, até onde esses vazamentos poderão levar.

"Imagine se a presidente está lá em Washington e sai um outro vazamento com uma outra denúncia grave como as últimas, que espionaram isso ou aquilo. Será um vexame monumental", disse um interlocutor de Dilma ao jornal Estado de S. Paulo.

Certamente o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que mora no Rio, com o seu garotão, que é o responsável pelos vazamentos internacionais, dos documentos secretos obtidos por Edward Snowden, está reservando alguma preciosidade incômoda, para essa ocasião. Sem regulamentos, Greenwald pauta a crise abrindo a caixa de pandora sempre que for conveniente jornalisticamente, no seu soberano e solitário entender.

Ao fim disso, tudo vai ficar como está, Obama vai continuar espionando, Dilma vai continuar fingindo que protesta, e o mundo continuará girando.

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