19 de set. de 2013

Em entrevista Papa Francisco critica obsessão da Igreja com gays, aborto e contracepção

VATICANO
Em entrevista Papa Francisco critica obsessão
da Igreja com gays, aborto e contracepção
O Papa Francisco, na primeira longa entrevista durante seus seis meses de papado, procurou estabelecer um novo tom para a igreja, dizendo que deveria ser uma "casa de todos" e não uma "capelinha", focada na doutrina, a ortodoxia e uma agenda limitada de ensinamentos morais.

Foto: Tony Gentile/Reuters

Quem é Jorge Mario Bergoglio? – perguntou o entrevistador.
Eu sou um pecador. Esta é a definição mais precisa. – respondeu o Papa Francisco

Postado por Toinho de Passira
Fontes: American Magazine, Washington Post, The New York Times, The Daily Beast, Publico, Radio Vaticano , G1, Reuters

Com o título ”Um grande coração aberto a Deus” a revista jesuíta La Civiltà Cattolica, publicou uma longa entrevista com o Papa Francisco, onde ele afirmou que a Igreja Católica deve abandonar sua obsessão com pregações a respeito do aborto, da contracepção e da homossexualidade sob o risco de que todo o seu edifício moral desabe "como um castelo de cartas".

Em uma conversa excepcionalmente franca Francisco disse que a Igreja "se fechou em coisas pequenas, em regras tacanhas" e que não deveria ser tão ávida em condenar os outros.

Os padres, disse o papa, deveriam ser mais acolhedores, e não burocratas frios e dogmáticos. O confessionário, afirmou, "não é uma câmara de tortura, e sim um lugar em que a misericórdia do Senhor nos motiva a melhorarmos".

Seus comentários foram elogiados por católicos liberais e devem ser vistos com preocupação por conservadores. O pontífice argentino, primeiro papa não-europeu em 1.300 anos e primeiro jesuíta a ocupar o cargo, não citou a perspectiva de uma mudança iminente nos ensinamentos morais.

Mas, na longa entrevista ao padre jesuíta Antonio Spadaro, diretor da revista Civiltà Cattolica, ele disse que a Igreja precisa encontrar um novo equilíbrio entre a preservação das regras e o exercício da misericórdia. "Do contrário, até o edifício moral da Igreja deve cair como um castelo de cartas."

Francisco também acenou com a possibilidade de um maior envolvimento das mulheres na Igreja, mas deixou claro que isso não incluirá a ordenação de mulheres.

Foto: Alessandro Di Meo/European Pressphoto Agency

O Papa criticou a igreja por "colocar os dogmas antes do amor".

SOCIALMENTE FERIDOS

Contrariando a posição de seu antecessor, Bento 16, segundo quem a homossexualidade é um distúrbio intrínseco, Francisco disse que, ao ouvir homossexuais se queixarem que sempre foram condenados pela Igreja e que se sentiam "feridos socialmente", ele respondeu que "a Igreja não quer fazer isso".

O papa reafirmou as declarações feitas inicialmente no avião que o levou de volta à Itália após visita ao Brasil, em julho, quando disse que não poderia recriminar homossexuais que tenham boa vontade e que busquem Deus.

"A religião tem o direito de expressar sua opinião a serviço da gente, mas Deus na criação nos deixou livres. Não é possível interferir espiritualmente na vida de uma pessoa", afirmou o pontífice.

A Igreja, prosseguiu, deve se enxergar como "um hospital de campanha após uma batalha", tentando curar as feridas mais graves da sociedade, sem ficar "obcecada com a transmissão de uma multidão desconjuntada de doutrinas a serem impostas insistentemente".

O diretor do grupo liberal Fé na Vida Pública, John Gehring, disse que "este papa está resgatando a Igreja daqueles que pensam que condenar gays e se opor à contracepção define o que significa ser católico real".

"É uma mudança notável e refrescante."

Francisco mencionou as críticas contra ele no meio conservador.

"Nós não podemos insistir somente sobre questões relacionadas ao aborto, o casamento gay e o uso de métodos contraceptivos. Isso não é possível. Eu não falei muito sobre essas coisas e fui repreendido por isso", disse ele.

Na semana passada, o bispo Thomas J. Tobin, de Providence, Rhode Island, falou em nome de muitos católicos conservadores quando disse que estava desapontado que o papa não tinha abordado o "mal do aborto" mais diretamente para encorajar ativistas antiaborto.

"Acho que este é o verdadeiro início de seu pontificado", disse Massimo Faggioli, teólogo da Universidade de St. Thomas em St. Paul, Minnesota. "O quadro geral é uma Igreja que não está impondo um teste às pessoas antes mesmo de pensarem se ficam ou saem."


Leia a entrevita completa no site da La Civiltà Cattolica

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