24 de set. de 2013

Petrobras desiste de sociedade com a venezuelana PDVSA, na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco

BRASIL -
Petrobras desiste de sociedade com a venezuelana PDVSA, na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco
O fato de que refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída pela Petrobras em Pernambuco, ter desistido da sociedade da petrolífera venezuelana PDVSA acrescentará aos custos algo em torno de US$ 850 milhões.

Foto: Site Suape

A placa de futuras instalações, a margem da PE 60, desde outubro de 2006

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Valor Economico, Jornal do Commercio, Reuters , Folha de São Paulo, , O Globo, Agência Brasil

No dia 16 de dezembro de 2005, a Agência Brasil, noticiava que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita hoje (16) o município de Ipojuca do estado de Pernambuco, acompanhado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, par lançar a pedra fundamental da Refinaria General José Ignácio Abreu e Lima, no Complexo Industrial e Portuário de Suape.

Dizia ainda a nota, “com previsão de investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões, divididos igualmente entre a Petrobras e a estatal venezuelana de petróleo PDVSA, as obras devem começar no ano que vem. A refinaria deve entrar em funcionamento em 2011, com capacidade de processar 200 mil barris brutos por dia, petróleo oriundo da Bacia de Campos, no litoral fluminense, e da Bacia do Orinoco, na Venezuela.

Hoje, 24 de setembro de 2013, três anos depois de quando já deveria estar pronta, a refinaria, que enfrentou uma série de contratempo, como greves, aditivos contratuais estranhos, falta de garantias econômicas por parte da PDVSA e indicações de superfaturamento pelo Tribunal de Contas da União, ainda não processou uma gota de petróleo, e não se sabe seguramente quando isso acontecerá.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Presidente Lula e o Governador Eduardo Campos lançam a segunda pedra fundamental 2007, sem a presença de Hugo Chávez

A última novidade divulgada pelo site do Valor econômico, é que definitivamente a sociedade com a petrolífera venezuelana PDVSA ficou finalmente descartado, depois de muito chove não molha da Venezuela, dos tempos de Hugo Chávez e do seu sucessor Nicolás Maduro.

Há pouco mais de seis anos, no dia 5 de setembro de 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva já recebia uma sinalização clara da PDVSA em relação ao projeto da refinaria de Abreu e Lima. Debaixo de chuva e pisando na lama, ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançaram as obras da refinaria, que está sendo erguida a 50 km ao sul do Recife, no Complexo Portuário de Suape. Diretores da estatal venezuelana, declarada sócia do empreendimento, foram convidados para a solenidade, mas se limitaram a agradecer pelo convite.

Já naquela ocasião, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi obrigado a dizer que a unidade seria construída independentemente do aporte venezuelano. De lá para cá, governo federal e a Petrobras insistiram em manifestar a viabilidade da sociedade, apesar das evidências cada vez maiores de que o negócio, firmado com o presidente venezuelano Hugo Chávez, naufragara.

Há pouco mais de um mês e agora como ex-presidente da estatal, Gabrielli afirmou que a parceria não sairia do papel. Na época, a Petrobras não comentou as declarações. Agora o Valor apurou que o fim do sonho já tem até data marcada. A partir de 1º de novembro, Abreu e Lima deixará de existir como empresa e será incorporada como unidade de negócios da Petrobras. Novamente a estatal não quis comentar.

Foto: Rodrigo Logo/arquivo/JC Imagem

Presidente Lula, Governador Jarbas Vasconcelos e Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, lançando a primeira pedra fundamental da refinaria em 2005

Chávez viajou a Pernambuco lançou pedra fundamental, a primeira de uma série, mas não assinou o acordo de acionistas de Abreu e Lima. Chávez e Lula firmaram só um acordo de associação, pelo qual a Petrobras teria 60% da refinaria e a PDVSA, 40%. Coincidência ou não, três meses antes do encontro em Pernambuco, a Petrobras decidira reduzir de 40% para 10% a sua fatia na exploração do campo de Carobobo, na Venezuela, negócio que também tinha a PDVSA como sócia. A brasileira alegou custos elevados.

No dia em que Lula e Campos deram início às obras, em 2007, o valor do empreendimento já era maior: US$ 4,5 bilhões.

Os números mais recentes informados pela Petrobras apontam para um custo superior a US$ 17 bilhões e quatro anos de atrasos. A estimativa mais atualizada é que a primeira fase de refino entre em operação em novembro de 2014. Mas ninguém acredita.

A oficialização do divórcio com a PDVSA deverá representar ainda mais custos ao projeto, que já foi classificado pela atual presidente da Petrobras, Graça Foster, como exemplo a não ser seguido. Em abril, o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, disse que, confirmada a desistência do parceiro, a adaptação necessária custaria em torno de 5% do total do projeto. Pelos valores atuais, cerca de US$ 850 milhões.

Mais recentemente, em maio, a presidente da Petrobras se reuniu com o atual presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, a quem disse que gostaria de ter a PDVSA como sócia. "Seria realmente bom que a PDVSA viesse. Mas estamos fazendo a refinaria, independentemente da PDVSA", disse Graça, após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados.

Além da refinaria em Pernambuco e da exploração no campo de Carobobo, Lula e Chávez firmaram uma série de outros acordos entre as estatais petrolíferas, como uma fábrica de lubrificantes em Cuba, associação para transporte marítimo de petróleo e uma unidade produtora de fertilizantes, entre outras. Da sociedade imaginada para a refinaria, ficou apenas a homenagem ao general pernambucano José Inácio Abreu e Lima, famoso no país de Chávez por ter lutado ao lado Simon Bolívar, pela libertação da Venezuela.

Acrescentamos que Hugo Chávez também ganhou o título de cidadão de Abreu e Lima, quando da sua vinda meteórica ao Recife, para posar de sócio.

Lembramos que em 2010, o "Banco Credit Suisse" disse que o custo total da construção da refinaria Abreu e Lima, daria para erguer quatro refinarias na China. A esta altura já pudemos nos orgulhar de termos uma das mais caras refinarias do mundo.

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