6 de set. de 2013

Dilma pôs Obama no canto da parede, exigindo que americano explique a espionagem ao Brasil

BRASIL – ESTADOS UNIDOS – Espionagem
Dilma pôs Obama no canto da parede, exigindo
que americano explique a espionagem ao Brasil
Segundo a presidente, no encontrou privado que teve com Obama, durante a reunião do G20, na Rússia, disse que quer que os EUA explique "tudo" que há de espionagem em relação ao Brasil: “Eu quero saber o que há.? Além do que foi publicado pela imprensa, eu quero saber tudo que há em relação ao Brasil. Tudo. A palavra tudo é muito sintética. Ela abrange tudo. Tudinho. Em inglês, everything", disse Dilma.

Foto: Captura de vídeo

POUCOS AMIGOS - Depois da reunião privada, ficou visivel o clima de desconforto, entre os dois, quando sentaram-se lado a lado no plenário do G20

Postado por Toinho de Passira
Fontes: G1, The Telegraph, Veja, Brasil 247, Uol

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (6), na Rússia, que o presidente norte-americano Barack Obama se comprometeu a dar explicações sobre as denúncias de espionagem dos EUA até a próxima quarta-feira. Dilma disse que Obama assumiu responsabilidade "direta e pessoal" sobre as investigações das ações de espionagem.

Reportagem do programa Fantástico no úlitmo domingo mostrou que Dilma e assessores foram alvo de investigações da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A reportagem é baseada em documentos da NSA passados para o jornalista Glenn Greenwald pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, que denunciou o esquema de espionagem eletrônica dos EUA.

Nesta quinta, Dilma e Obama se reuniram em São Petersburgo, onde participaram de encontro do G20, para tratar das denúncias de espionagem. A presidente falou aos jornalistas nesta sexta no aeroporto da cidade russa, pouco antes de embarcar de volta para o Brasil.

"O presidente Obama declarou para mim que assumia a responsabilidade direta e pessoal pelo integral esclarecimento dos fatos e que proporia para exame do Brasil medidas para sanar o problema. Diante do meu ceticismo devido à falta de resultados do encontro entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o vice-presidente [Joe] Biden, ocorrido semana passada, o presidente Obama me reiterou que ele assumia a responsabilidade direta e pessoal tanto para a apuração das denúncias como para oferecer as medidas que o governo brasileiro considerasse adequadas", declarou a presidente.

Dilma afirmou ter dito a Obama que a questão não era de "desculpas", mas de uma solução rápida. Segundo ela, estabeleceu-se a próxima quarta-feira (11) como prazo para uma resposta.

"Como eu disse que esse processo era um processo lento, que não queria esclarecimentos técnicos, não era só uma questão de desculpas, era uma questão de não admissão desse nível de intrusão, e que era importante que fosse solucionado com rapidez, chegou-se a uma data, quarta-feira", afirmou Dilma.

A presidente também disse que a viagem dela para Washington, programada para outubro, vai depender das "condições políticas" que Obama criar.

"No que se refere à questão da viagem, o presidente Obama reiterou que queria criar as condições políticas para minha viagem aos Estados Unidos e sabia que isso passava por adoção de medidas em consonância com as requeridas pelo governo brasileiro. Claramente me reiterou isso. Então minha viagem depende de condições políticas", disse Dilma.

Segundo a presidente, ela pediu para que Obama explique "tudo" que há de espionagem em relação ao Brasil.

"O que eu pedi é o seguinte: eu acho muito complicado ficar sabendo dessas coisas pelo jornal. Num dia eu sei uma coisa, passam dois dias eu sei outra coisa, e a gente vai sabendo aos poucos. Eu gostaria de saber o que tem [sobre espionagem]. Eu quero saber o que há. Se tem ou não tem, eu quero saber. Tem ou não tem? Além do que foi publicado pela imprensa, eu quero saber tudo que há em relação ao Brasil. Tudo. A palavra tudo é muito sintética. Ela abrange tudo. Tudinho. Em inglês, "everything", disse Dilma.

Segundo relatou a presidente, ela disse a Obama que "depois que a pasta de dentes sai do dentifrício ela, dificilmente, volta". "E ele me disse, me respondeu, que ele faria todo o esforço político para que essa pasta de dentes pelo menos não ficasse solta por aí e voltasse uma parte para dentro do dentifrício", disse.

Foto: Grigory Dukor / Reuters

Na hora da despedida o clima parecia ter desanuviado, um pouco

RECORRER À ONU

Dilma ainda afirmou que vai à Organização das Nações Unidas (ONU) "propor uma nova governança contra invasão de privacidade" na internet.

"Comuniquei ao presidente Obama que o Brasil vai a todos os fóruns mulitlaterais, em especial na ONU, propor iniciativas para uma governança da internet, que defina normas e mecanismos para coibir práticas de violação de direitos ou espionagem de quaisquer países."

A presidente afirmou que, em relação ao Brasil, não se justifica o argumento de que atos de espionagem são decorrência de uma estratégia de combate ao terrorismo.

"O Brasil é um país que não tem conflitos étnicos, não tem conflitos religiosos, não abriga grupos terroristas, e tem, na sua Constituição, expressamente, que nós vedamos o uso e a fabricação de armas nucleares. Portanto, que todas essas características jogavam por terra qualquer justificativa de que tais atos de espionagem seriam uma forma de proteção contra os terroristas. E só nos permitia uma conclusão: que essa espionagem, como não tinha nada a ver com segurança nacional, tinha a ver com fatores geopolíticos, tinha a ver com fatores estratégicos ou com fatores comerciais e econômicos e que isso era inadmissível", declarou Dilma.

Além das denúncias de espionagem, a presidente também falou sobre a situação da Síria. "O Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovaçao da ONU", afirmou.

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