Programa sobre corrupção dos Kirchners teve mais audiência do que jogo do Boca Juniors
ARGENTINA – Corrupção Programa sobre corrupção dos Kirchners teve mais audiência do que jogo do Boca Juniors A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, mudou o horário do jogo do domingo, 26, Boca Juniors X Newells Old Boys, pela Libertadores, fazendo coincidir com a apresentação do programa do grupo ”Clarin”, que investiga corrupção no governo. Resultado o Boca perdeu nas cobranças de pênaltis e na audiência: o povo preferiu o programa de denuncia. Foto: Ariel Palacios Postado por Toinho de Passira A televisão argentina foi no domingo à noite, 26 de maio, o cenário de uma inédita disputa pela audiência entre um jogo de futebol, o Boca Juniors versus o Newell’s, e um programa de TV sobre denúncias de corrupção. O embate foi vencido pelo programa “Jornalismo para todos”, do canal Trece, que apresentou novos detalhes sobre a investigação que realiza há semanas sobre os vínculos irregulares entre o empresário Lázaro Báez – investigado na Justiça por suposta lavagem de dinheiro – e o casal Néstor e Cristina Kirchner. Há duas semanas o governo Kirchner anunciou que alteraria o horário dos jogos noturnos dominicais em uma hora, coincidindo com o programa comandado por Jorge Lanata. Desde o final dos anos 80 o jornalista investigativo é autor da denúncia de uma série de escândalos de corrupção dos diversos governos argentinos. Integrantes do governo Kirchner admitiram publicamente que a mudança era por uma disputa de audiência contra o programa, transmitido pelo Trece, que pertence ao Grupo Clarín, principal holding multimídia da Argentina, considerado “inimigo mortal” pela Casa Rosada. A expectativa, nos dias prévios, era a de que o esporte favorito da população ganharia a luta pela audiência. No entanto, enquanto que o jogo do Boca obteve picos de 17,2% entre os telespectadores, o programa de Lanata alcançou 28,1%. Foto: Captura de video Lanata, famoso por sua ironia, estava vestido como um jogador de futebol, contava com dois locutores esportivos famosos e a plateia estava em uma arquibancada como a de um estádio.
Sem sutilezas, a deputada Laura Alonso, do partido Proposta Republicana (Pro), de oposição, define a presidente Cristina Kirchner como “a líder de uma cleptocracia populista”. Segundo ela, em comparação com períodos anteriores, como os anos 90, do ex-presidente Carlos Menem, “na era kirchnerista os protagonistas que roubam são menos…mas roubam maior volume”. Alonso, uma das deputadas mais combativas no Parlamento argentino, sustentou ao Estado de S.Paulo, que o casal Kirchner utilizou “os mecanismos de acesso ao poder, previstos pelo regime democrático e representativo, para destruir todos os controles republicanos e institucionais” . Segundo ela, “este é um governo com muito discurso e ‘packaging’. Ora, a presidente ignorou várias vezes determinações da Corte Suprema de Justiça. Isso não é um governo republicano. Além disso, o governo falsifica estatísticas. E de quebra, tenta acabar com o federalismo, pois não libera os fundos para as províncias e obriga os governadores a se ajoelhar para pedir as verbas. É autoritarismo fantasiado de discurso democrático” . Na contra-mão, o ex-chanceler Jorge Taiana, ministro do governo Kirchner entre 2005 e 2010, sustenta que a atual administração é plena de méritos. Avaliando para o Estado de S.Paulo, os“prós” e os “contras” da década administrada por Néstor e Cristina Kirchner, Taiana afirmou, ao sair de um cocktail na Embaixada do Brasil, que “o principal mérito foi o de ter tirado a Argentina do inferno da crise. E além disso o governo tem o mérito de ter avançado na reconstrução do tecido produtivo e do Estado argentino”. Segundo Taiana, o governo também “colocou em dia a defesa dos direitos humanos, crucial para ter uma democracia sólida” . O ex-chanceler também destacou “a consolidação da integração regional”. “Esses foram os ‘prós’. Os “contras” não são “contras”, são coisas que faltam ainda fazer, como avançar muito mais na integração regional. Neste mundo não há chances de crescer sem mais integração com os países vizinhos” , afirmou Taiana. *Ariel Palacios é jornalista, correspondente do O Estado de S.Paulo e da Globo News, em Buenos Aires |
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