"Frigideira-power": Os chilenos inventaram o panelaço, os argentinos o transforaram em hit parade mundial"
ARGENTINA "Frigideira-power": Os chilenos inventaram o panelaço, os argentinos o transforaram em hit parade mundial Um panelaço é uma modalidade de protesto que consiste em bater utensílios de cozinha metálicos para gerar um barulho que tem o objetivo ser interpretado como o som da “irritação popular”. Nos últimos panelaços portenhos foi utilizada de forma intensa a garrafa de plástico, que produz um som seco também adequado para expressar irritação. A vantagem das garrafas é que não estraga as panelas de casa, além de ser mais leve. Foto: Blog Ariel Palacios Postado por Toinho de Passira A História dos panelaços mostra que os utensílios de cozinha não possuem ideologia política, já que os primeiros panelaços surgiram no Chile paraprotestar contra o presidente socialista Salvador Allende em 1973. No entanto, em 1986 e 1989 os panelaços chilenos foram direcionados contra o ditador de extrema direita, o general Augusto Pinochet. Em 1996 foi a vez da Argentina tornar-se o cenário de panelaços acompanhados por apagões para protestar contra a política do presidente Carlos Menem. Em 2001 e 2002 essa modalidade de protesto teve seu apogeu de forma quase diária contra os presidentes Fernando De La Rua, Adolfo Rodríguez Sáa e Eduardo Duhalde. Na época os panelaços argentinos obtiveram fama mundial. A retomada do crescimento econômico, em 2003, com o presidente Nestor Kirchner fez os panelaços desaparecerem. Mas este modus operandide protestar contra o governo de plantão voltou quando a presidente Cristina Kirchner teve o conflito com o setor ruralista em 2008. Os portenhos, rosarinos, santafecinos e cordobeses, entre os habitantes de várias cidades argentinas, saíram às ruas para respaldar os ruralistas contra a administração Kirchner. Os panelaços retornaram mais uma vez no ano passado com o crescimento dos problemas econômicos, especialmente a disparada da inflação, além dos escândalos de corrupção. De quebra, segundo afirmou ao Estado a analistade opinião pública Mariel Fornoni, o tom agressivo dos últimos discursos da presidente Cristina irritou diversos setores da população, servindo de combustível para os panelaços de setembro, novembro e abril passados. Na lista das reclamações também estava o gasto da presidente Cristina Kirchner com assuntos lúdicos-políticos: as transmissões estatizadas dos jogos de futebol, o denominado“Futebol para todos”, que consumiram US$ 1,06 bilhão dos cofres públicos desde 2009. Foto: Divulgação MAGNITUDE DOS PANELAÇOS – O governo Kirchner, que está com a popularidade em baixa desde o início do ano passado, foi alvo de um panelaço no dia 13 de setembro, que levou 200 mil pessoas às ruas de Buenos Aires. Na ocasião, outras 100 mil manifestaram-se nas principais cidades do interior da Argentina. Total de participantes nas ruas do panelaço de setembro no país: 300 mil pessoas. *Ariel Palacios é jornalista, correspondente do O Estado de S.Paulo e da Globo News, em Buenos Aires |
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