Cerca de 700.000 pessoas lotaram as ruas centrais da capital argentina na noite desta quinta-feira para protestar contra o governo Cristina Kirchner. Houve ainda concentrações populares no interior do país, notadamente nos maiores centros urbanos, em cidades como Córdoba, Mendoza, Rosário, Bariloche, La Plata, Mendoza, Tucumán, Rosário e Salta. Argentinos residentes no exterior, não deixaram de registrar sua insatisfação, registrou-se protestos em Sydney, Londres, Roma, Paris, Viena, Amsterdã, Santiago, Bogotá, Baku (Azerbaijão), Madri, Ottawa e Nova York.
O protesto foi convocado inicialmente através das redes sociais até ser notícia nos principais jornais do país nos últimos dias. Na ultima semana, foram espalhados cartazes pela cidade, com campanhas de "sim" e "não" ao 8N, confirmando a divisão dos argentinos em relação ao governo.
Foto: La Nacion
O Obelisco e a Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, foi onde aconteceram as maiores concentrações na capital argentina
Na véspera, um apagão, em um dia de calor recorde, que deixou mais de um milhão de usuários sem luz, semáforos desativados e afetou até a Casa Rosada, a sede da presidência da Argentina, aumentou o mau humor de muitos argentinos.
A manifestação foi apelidada de 8N, uma referência ao dia 8 de novembro – e uma ironia ao 7D, sigla escolhida pela presidente para se referir a 7 de dezembro, data que ela impôs para que as empresas de comunicação se adaptassem à nova legislação do setor, a chamada "Lei de Meios", uma visível tentativa de controlar a mídia.
Os protestos interromperam o trânsito em uma das principais avenidas da capital, a 9 de Julho, onde fica o Obelisco. Os cartazes exibiam críticas à alta inflação, situação da economia, falta de segurança, aos casos de corrupção e à proposta de permitir que a presidente se candidate mais uma vez à reeleição, o que daria a ela a possibilidade de um terceiro mandato, atualmente vedado pela Constituição.
Grupos ligados ao governo acusaram a imprensa e a oposição, que governa a província de Buenos Aires, de incentivar a marcha. A maior parte dos políticos opositores deu seu aval à manifestação, mas resolveu não participar para não tirar a legitimidade popular do movimento, segundo o jornal Clarín.
Foto: Clarin
Em Londres, inglaterra, como em outras diversas cidades do mundo os argentinos reuniram-se para protestar contra a política da presidente para Cristina Kirchner
Citando fontes do governo, o jornal informou que a segurança foi reforçada na Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, sede do poder Executivo, e na residência presidencial de Olivos, na província de Buenos Aires, de onde Cristina Kirchner acompanhou o movimento. Milhares de manifestantes também se concentraram em frente à residência oficial em Olivos.
A presidente, que participou de dois eventos nesta quinta, evitou falar especificamente sobre o "panelaço". Durante o dia, o mais perto que chegou de mencionar a manifestação foi ao inaugurar um espaço cultural que leva o nome do seu marido Néstor Kirchner, morto em 2010. Ela disse que Néstor lhe deixou a lição de que é preciso lutar sempre, mesmo nos "piores momentos".
"É nos piores momentos que se conhecem os verdadeiros dirigentes de um país”, declarou a presidente, que ainda ressaltou o fato da Argentina viver uma "democracia total" e "uma liberdade de expressão nunca vista antes" – uma conclusão contrariada pelas atitudes de seu governo, que persegue a imprensa independente.
A revista Noticias, de Buenos Aires, publicou uma matéria de capa sobre a sociedade dividida, entre antikirchneristas e kirchneristas. Ou seja, os que reprovam as medidas e o estilo do governo e os que apoiam o governo nacional.
Analistas políticos dizem que a popularidade de Cristina Kirchner desaba, porque agenda política do governo não inclui os temas que preocupam os argentinos, no momento, como a inflação, a insegurança pública e a queda de poder de compra da classe média, portenha.
REm um debate na TV C5N, o apresentador disse: "Parece que passou a ser pecado ser de classe media na Argentina. Somos um país de classe média, mas agora o governo parece ser contra essa classe e foi ela que protestou hoje em sua grande maioria", afirmou.
Cristina Kirchner pisoteando a imprensa - Caricatura de AMARILDO
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