21 de nov. de 2012

Carlinhos Cachoeira já está em liberdade

BRASIL - Corrupção
Carlinhos Cachoeira já está em liberdade
Bicheiro foi condenado a cinco anos em regime semiaberto e ganhou o direito legal de recorrer da sentença em liberdade, já que é réu primário, após ter passado 265 dias preso. Ele pode retornar a prisão se outras condenações, em outros processos acontecerem. Ou pode fugir.

Foto: Paulinho Di Rousseff/Futura Press

Foto: André Coelho / O Globo

O bicheiro Carlinhos Cachoeira (à esquerda) deixa a penitenciária da Papuda, em Brasília

Postado por Toinho de Passira
Fontes: O Globo, Terra, G1 – Goiás , Terra

O bicheiro Carlinhos Cachoeira deixou por volta da meia-noite a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele saiu numa caminhonete, sem falar com a imprensa, e foi direto para Goiânia, segundo os advogados. A juíza Ana Claudia Costa Barreto, da 5º vara criminal de Brasília, condenou na terça-feira o contraventor a cinco anos de prisão em regime semiaberto. Por conta dessa decisão, foi determinada a soltura de Cachoeira.

O bicheiro foi condenado por tentar fraudar o sistema de bilhetagem do transporte público de Brasília. Investigação da Operação Saint Michel, da Polícia Civil do Distrito Federal, comprovou que ele tentou sustar a licitação para a contratação de um sistema de bilhetagem e se beneficiar desse cancelamento.

De acordo com a decisão da juíza, Cachoeira foi condenado a dois anos pelo crime de formação de quadrilha e a três anos por tráfico de influência, além de 50 dias multa (sendo cada um deles no valor de cinco salários mínimos).

O alvará foi expedido pela juíza Ana Cláudia Costa Barreto porque a prisão deixou se ser preventiva, uma vez que já havia uma condenação. Há uma dúvida se ele vai começar a cumprir a pena imediatamente, passando os dias em liberdade, indo dormir na prisão, ou se está liberado para recorrer em total liberdade.

Foto: Felipe Néri/G1

A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, aguardou na porta do presídio, a saída do marido. Ao ser perguntada o que diria a Cachoeira quando o visse, ela respondeu: "Vou dizer pra ele mais um 'eu te amo', de muitos que eu já disse".

Mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça aguardava, na noite de terça-feira, a soltura do marido em frente ao presídio da Papuda. Bastante emocionada, ela esperava dentro de uma caminhonete e abriu o vidro apenas para cumprimentar outros parentes. Chorando muito, disse que estava emocionada e, questionada sobre a primeira coisa que dirá a Cachoeira, afirmou:

— Vou dizer mais um “eu te amo” dos milhares que já disse — afirmou Andressa, segundo a qual eles seguirão direto para Goiânia, onde moram.

O advogado do bicheiro, Nabor Bulhões, afirmou que a decisão da juíza que, na mesma sentença, condenou seu cliente mas concedeu alvará de soltura, é demonstração de que a justiça começa a ser feita para Cachoeira. O advogado, que irá recorrer da sentença de cinco anos de prisão, reafirmou que Cachoeira está, a partir de agora, em liberdade.

— Vocês, jornalistas, não entenderam nada. A decisão da juíza não o coloca em semi-aberto, mas em liberdade. Caso, no futuro, ele venha a ser condenado, com a sentença transitado em julgado, ainda assim ele cumprirá essa possível pena em regime totalmente aberto. Isso porque ele já cumpriu seis meses de prisão, o que representa quase um sexto de uma condenação de cinco anos.

Carlinhos Cachoeira estava preso desde o final de fevereiro, como resultado da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e também da Saint Michel. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), porém revogou a prisão pela Operação Monte Carlo. O bicheiro foi transferido para a Papuda , em Brasília, em 18 de abril, após decisão do desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Cachoeira estava em uma área destinada a presos da Polícia Federal (PF).

A juiz não tinha mais como manter Cachoeira preso, tinha que julgar o processo, pois há um rito, especial e obrigatório, , nos casos de réus presos, com prazos limites, 81 dias, para a conclusão do ação penal. Passado esse prazo os advogados conseguem facilmente habeas corpus nos tribunais, sob a alegação dos chamados excesso de prazo, quando a prisão do réu passa a ser “ilegal”.

Como Cachoeira, por incrível que pareça ainda é réu primário, não tem nenhuma condenação anterior “transitada em julgado”, ou seja, sem direito a mais recursos, o procedimento natural é que ele responda o processo em liberdade, nesse processo.

O risco que se corre agora é de fuga do bandido e de pressões e ameaças que passam a sofrer as testemunhas dos outros processos que correm contra ele.

Não esquecer que há três dias o Ministério Público Federal de Goiás pediu uma pena de 80 anos de prisão para Carlinhos Cachoeira, no processo onde é acusado de exploração de jogo ilegal e corrupção de agentes públicos.

Os procuradores apontaram, no total, 17 casos em que o empresário praticou os crimes de corrupção, formação de quadrilha armada e acesso indevido a informações sigilosas – a conta representa uma média das penas sugeridas.

A defesa do contraventor deve apresentar as alegações finais nesta semana, último passo antes da proclamação da sentença pela Justiça Federal de Goiás, o que pode fazer Cachoeira voltar a prisão, ou não.

Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O bicheiro Carlinhos Cachoeira chegando à casa onde mora, em um condomínio de luxo, Alphaville, em Goiânia, às 2h35 desta quarta-feira (21). O contraventor viajou sozinho, acompanhado apenas do motorista. Mais dois carros, com familiares e sua mulher Andressa Mendonça, o seguiram.


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