19 de nov. de 2012

ISRAEL - GAZA: Ganhos políticos apesar dos mais de 100 mortos

ISRAEL – PALESTINA – Conflito
Ganhos políticos apesar dos mais de 100 mortos
O número de palestinos mortos no sexto dia da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza chegou a 100 nesta segunda-feira. Do lado de Israel, três civis morreram por um foguete na quinta-feira. Há centenas de feridos em ambos os lados. Em meio aos cadáveres e ameaça de piora da situação, pesquisas informam que tanto o governo israelense como o Hamas obtiveram ganhos políticos com os confrontos, por absurdo que isso possa parecer.

Foto: Nir Elias / Reuters

Judeu hassídicos, da seita Breslov, dançou com soldados israelenses durante uma visita a apoiar os soldados, perto da fronteira com a Faixa de Gaza em 19 de novembro.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Ultimo Segundo, Estadão, Haaretz

Com a notícia de que ultrapassou de 100 o número de mortos no somatório dos seis dias de conflito entre Israelenses e palestinos, na Faixa de Gaza, a BBC Brasil, revela que tanto o governo israelense como o Hamas obtiveram ganhos políticos com os confrontos.

Em qualquer lugar essa seria uma tragédia horripilante, no Oriente médio se faz pesquisa para saber o que a opinião pública está achando.

Os palestinos levam a pior, mas exultam por assustar Israel com todo o seu poderio. Os judeus sentem-se mais seguros com as forças armadas israelense disparando contra os vizinhos.

Informa-se que o número de palestinos mortos, até essa segunda-feira, chegou a 100, do lado de Israel, três civis vitimas de um foguete na quinta-feira. Dentre os palestinos mortos, 53 eram civis, enquanto os feridos somam 840, incluindo 225 crianças. Há dezenas de feridos também em Israel em decorrência do ataque de quinta.

Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters

Palestino usa seu iPad para tirar fotos de uma casa destruída após um ataque aéreo israelense em Khan Younis, sul de Gaza, Faixa em 19 de novembro.

Mas de acordo com uma pesquisa de opinião publicada pelo jornal Haaretz, a popularidade dos dois líderes israelenses que estão à frente da chamada Operação Coluna de Nuvem – o premiê Binyamin Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak – aumentou em decorrência dos confrontos. A pesquisa indica que o apoio do público a Netanyahu e Barak subiu em 20 pontos e que 84% da população concorda com a decisão do gabinete de lançar a ofensiva contra a Faixa de Gaza. Lembrar que em janeiro há eleições em Israel.

Por outro lado, analistas palestinos afirmam também que o Hamas, grupo islâmico que governa a Faixa de Gaza, também obteve ganhos políticos desde que os confrontos começaram.

De acordo com o analista Mahdi Abdul Hadi, para a população palestina "tanto na Faixa de Gaza, como na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental", o Hamas torna-se cada vez mais o símbolo da "resistência".

O Hamas, que esteve isolado desde que tomou à força o controle da Faixa de Gaza em 2007, agora obtém mais e mais legitimidade, principalmente por parte do novo governo egípcio.

Foto: Majed Hamdan / AP

Palestino chora pela morte de parente, no necrotério do Hospital Shifa, na Cidade de Gaza, 18 de novembro.

Desde a vitória do lider da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, nas eleições egípcias, houve uma mudança drástica na relação do país com o Hamas.

O líder anterior do Egito Hosni Mobarak colaborava com o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, enquanto Mursi manifesta solidariedade ao Hamas, grupo que tem afinidade ideológica com a Irmandade Muçulmana.

O fato de que, apesar da disparidade de forças com Israel, o Hamas tem conseguido colocar mais de 4 milhões de civis israelenses dentro da linha de fogo, atacando inclusive Tel Aviv, é visto pela população palestina como um êxito.

Foto: Hatem Moussa / AP

Explosão em Gaza, durante bombardeio israelense, 17 de novembro.

"A nova geração palestina já não acredita mais no caminho das negociações, no qual o Fatah apostou, o processo de paz está morto, agora o que prevalece entre os jovens é a cultura da resistência", afirmou Abdul Hadi, que é diretor da Passia, Associação Palestina de Estudos Internacionais.

O presidente Abbas enviou um dos líderes do Fatah, Nabil Shaat, à Faixa de Gaza com uma mensagem de solidariedade com os palestinos da região, que desde o dia 14 deste mes, sofreram mais de mil bombardeios das tropas israelenses.

A vida das cidades do sul de Israel se encontra praticamente paralisada desde o início dos confrontos e a população desta região já foi alvo de mais de 900 foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza.

De acordo com porta-vozes do Exército israelense, desde o início da operação as tropas "já destruíram grande parte do arsenal do Hamas e mataram líderes militares importantes do grupo".

No sexto dia desde o início da violência entre Israel e os grupos armados da Faixa de Gaza – Hamas, Jihad Islâmico, Comitês de Resistência Popular e grupos salafistas – o confronto se aproxima de uma encruzilhada.

Foto: Abir Sultan / EPA

Israelense olha pela janela de seu apartamento depois que um foguete disparado de Gaza atingiu diretamente o edifício em seu prédio em Ashkelon, em 18 de novembro.

Se por um lado há a possibilidade de cessar-fogo bilateral - que está sendo negociado principalmente com intermediação egípcia, não se descarta também o risco de um recrudescimento da violência.

O Exército israelense já recrutou 40 mil reservistas e deslocou tropas para a fronteira da Faixa de Gaza, se preparando para uma invasão terrestre.

O vice-premiê de Israel, Moshe Yaalon, afirmou nesta segunda-feira que Israel "quer cessar-fogo em troca de cessar-fogo" e que se o Hamas não parar de disparar foguetes contra seu país, "não haverá outro caminho exceto a operação terrestre".

De acordo com as últimas informações, o lider político do Hamas, Haled Mashal, que está negociando um acordo com os chefes da Inteligência egípcia no Cairo, aproveita a oportunidade para exigir que o cessar fogo seja acompanhado por um alivio do bloqueio israelense à Faixa de Gaza, o que Israel não vai aceitar de forma alguma.

Foto: Uriel Sinai / Getty Images

Um míssil israelense do sistema de mísseis de defesa Iron Dome é lançado para interceptar e destruir foguetes disparado da Faixa de Gaza em 17 de novembro, em Tel Aviv, Israel.


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