10 de nov. de 2012

EUA e China: dois modelos de sucessão completamente distintos, por Miriam Leitão, para O Globo

EUA - CHINA - Opinião
Dois modelos de sucessão completamente distintos
Miriam Leitão compara a escolha dos líderes que irão comandar, nos próximos anos, as duas maiores economias do planeta

Foto: Jason Lee / Reuters

Delegados chineses, aguardam a cerimônia de abertura do 18 º Congresso Nacional do Partido Comunista da China no Grande Palácio do Povo, em Pequim, 8 de novembro de 2012

Postado por Toinho de Passira
Texto de Miriam Leitão, para O Globo
Fonte: Blog de Miriam Leitão

A sucessão nos EUA e na China acontece na mesma semana, mas de maneira totalmente diferente. Nos EUA, houve eleição direta; na China, está mudando a geração que ficará à frente do governo, mas tudo é feito a portas fechadas. Mas a mudança é tão ou mais importante do que a feita nos EUA.

Começou hoje o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado a cada cinco anos. Pouca coisa se sabe. Essa mudança vai afetar a vida de todos os países, dado o tamanho da China.

Três quartos do Comitê Central serão renovados. O presidente Hu Jintao está saindo e o novo, que já foi escolhido, será Xi Jinping. Há pouco tempo, ele desapareceu durante duas semanas e, quando voltou, disse que estava com um problema nas costas.

Há muitos especialistas dizendo que a mudança de agora é a mais importante das últimas três décadas. Seria uma nova etapa da transformação que começou com Deng Xiaoping.

Mas tudo na China caminha muito devagar. Há cinco anos, Hu Jintao falou muito em transformá-la num país mais rico, mais forte, mais moderno, mais democrático. Até o "Financial Times" disse que a palavra democracia foi falada 69 vezes, mas não sei por qual razão. O país ficou mais rico, mais forte, mais moderno, mas não ficou mais democrático, apenas aumentou o número de militantes do partido comunista, que agora tem 10 milhões de membros a mais, totalizando 80 milhões.

Houve uma reunião importante entre Hu Jintao e o futuro presidente, Xi Jinping, para discutir formas de democratização da política chinesa.

O país está ficando poderoso demais para ser controlado por uma oligarquia que toma decisões de forma opaca e tenta conter o processo democrático, censurando, por exemplo, a internet.

O chinês viaja, está exposto ao mundo, não pode esperar que a reunião do partido comunista, feita a cada cinco anos, decida seu destino. Quer participar mais.

Mas não se sabe muito bem que escolhas serão feitas por essa nova geração de políticos.

Xi Jinping faz parte da aristocracia do partido comunista; o pai dele, para se ter uma ideia, militou junto com Mao Tsé Tung. Já Hu Jintao vinha da estrutura mais burocrática do partido.

Na mesma semana, vimos, portanto, a primeira e a segunda maior economia do mundo tomando uma decisão de transição política; uma de forma clara e transparente, e a outra, de maneira opaca.

Foto: Biswaranjan Rout / Associated Press

Escultura de areia parabenizando presidente dos EUA, Barack Obama, pela sua reeleição, em Puri, na Índia


*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original

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