A traição do mordomo papal
VATICANO A traição do mordomo papal Um ingênuo, vítima de um complô, ou um traidor? O reservado círculo que acompanha de perto os assuntos do Vaticano se pergunta quem é de verdade Paolo Gabriele, mordomo do papa Bento XVI, detido como suspeito de vazamento de documentos confidenciais. Foto: AFP Postado por Toinho de Passira Como na ficção, depois de muita investigação e especulações descobriu-se que era o mordomo e assistente pessoal do papa Bento 16, Paolo Gabriele, de 46 anos, o traidor que teria disponibilizado para a imprensa documentos confidenciais roubados do Vaticano. O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, confirmou “que a pessoa detida na quarta-feira por posse ilegal de documentos particulares é o senhor Paolo Gabriele”. Como não há prisões no Vaticano, Gabriele estaria detido em uma das três salas "seguras" nos escritórios da força policial do Vaticano. Paolo Gabriele sempre foi um homem reservado, quase tímido, como exigia seu trabalho. Ele tinha acesso aos aposentos mais privados no Palácio Apostólico do Vaticano - o apartamento do papa Bento 16. Mas o que teria levado o mordomo do papa, a trair o homem que confiava nele? Foi por dinheiro? Provavelmente não. Gianluigi Nuzzi, o jornalista italiano que revelou parte dos documentos vazados que alegam corrupção no Vaticano e conflito interno sobre o papel do Banco do Vaticano, recusa-se a revelar suas fontes, mas insiste que não lhes deu dinheiro. Nuzzi, é um jornalista respeitado com um bom histórico, cujo livro "Sua Santidade" contém parte das acusações, diz que os que lhe deram os documentos eram pessoas devotas, "genuinamente preocupadas com a Igreja Católica" e que queriam expor a corrupção. O Vaticano chamou o livro de "criminoso" e prometeu processar o autor, a editora e o responsável pelos vazamentos. Os documentos entregues à imprensa incluem uma carta do atual embaixador do Vaticano em Washington para o papa, mencionando tratamento preferencial, nepotismo e corrupção entre administradores da Cidade do Vaticano. Havia também documentos com críticas ao número dois do papa, o cardeal Tarcisio Bertone, e relatos de pagamentos suspeitos feitos pelo Banco do Vaticano (Instituto para as Obras Religiosas, IOR). Foto: Reuters Na última quinta-feira, o presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, foi destituído do cargo.
Realmente, como em qualquer bom mistério, a questão que muitas pessoas fazem é: qual foi o motivo? Se o denunciante realmente é o homem que ajudou a vestir o papa e servir suas refeições, ele poderia ter feito isso por conta própria? Muitos comentaristas duvidam, e alguns especulam que ele pode ter sido um peão em uma grande luta pelo poder interno, um "bode expiatório". Alguns comentaristas disseram que tramas maquiavélicas que têm vindo à tona recentemente são parte de uma disputa entre aliados e inimigos do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone. "Este não é apenas um vazamento de documentos que pode ser definido como uma traição", disse o historiador da Igreja Alberto Melloni, dizendo que o caso é parte de uma luta de poder entre os cardeais da Cúria, a administração central do Vaticano. "Esta é uma estratégia de tensão, uma orgia de vinganças que já saiu do controle daqueles que pensaram que poderiam controlar a situação," disse Melloni. Outro historiador da Igreja, Vittorio Messori, que escreveu livros sobre o cardeal Joseph Ratzinger, antes de ser eleito papa em 2005, disse ao La Stampa: "A Cúria sempre foi um ninho de víboras". Resta ver se o mordomo papal, é culpado, era um solitário denunciante idealista, ou uma vítima daquele ninho. Foto: Getty Images |
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