16 de mai. de 2012

Fernando Henrique ganha prêmio do Congresso americano

BRASIL - Prêmio
Fernando Henrique ganha
prêmio do Congresso americano

A Biblioteca do Congresso americano anunciou nesta segunda-feira (14) que concedeu o prêmio John W. Kluge, de 2012, ao ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. O prêmio é o concedido a personalidades mundiais que se destacaram no estudo da humanidade. Essa é a primeira vez que o agraciado é um latino-americano. Na justificativa afirmaram que o brasileiro é um dos maiores acadêmicos da América Latina e que suas ideias e ações permitiram que o Brasil se transformasse, após anos de ditadura militar, numa economia emergente

Foto: Gorka Lejarcegi/El Pais
Para a Biblioteca do Congresso Americano Fernando Henrique Cardoso, merece o prêmio, “pelo conjunto da obra intelectual nas ciências humanas e sociais, uma distinta carreira internacional como um estudioso, antes de ser eleito duas vezes presidente do Brasil, e de ter contribuido decisivamente para o desenvolvimento brasileiro.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: The Library of Congress, Época, The New York Times, Jornal Nacional, America’s Quarterlt, Estadão, Diario de Pernambuco, El Pais

A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira que o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardos, 80 anos, o receberá em julho o prêmio Kluge, no valor de US$ 1 milhão, por sua contribuição ao estudo da sociologia e por sua liderança como intelectual e especialista em política econômica da América Latina.

Fernando Henrique receberá o prêmio numa cerimônia na Biblioteca do Congresso, em Washington, em 10 de julho. A entidade frisou que as ideias e ações do ex-presidente permitiram que o Brasil se transformasse, após anos de ditadura militar, numa economia emergente.

O politico e intelectual brasileiro é a primeira personalidade que recebeu o reconhecimento devido à atuação em disciplinas como sociologia, ciências políticas e economia, afirmou a Biblioteca do Congresso em comunicado.

A instituição reconheceu que em seus estudos o político "desafiou a sabedoria convencional em relação às questões raciais e as estruturas da economia, assim como sua integração no sistema mundial".

"Talvez a mais clara prova de suas conquistas intelectuais é que seus sucessores continuaram muitas de suas políticas e asseguraram seu legado como um dos maiores líderes do Brasil", disse o comunicado. O ex-presidente é a oitava personalidade agraciada com o seletivo prêmio Kluge.

Foto: Arquivo
FHc disse que recebia a distinção com humildade. Ao jornal espanhol “El Pais” acrescentou que a recebia o prêmio “com satisfação, porque foi dado pelo seu trabalho intelectual, mas ao mesmo tempo é um prêmio que também avalia as conseqüências de que o trabalho pode ter tido na sociedade”.

Fernando Henrique é descrito na longa justificativa, como "um estudioso da energia intelectual enorme" elogiado por sua "análise profundamente original do jogo entre os processos políticos, econômicos e sociais." A citação também observa que "ao longo de sua vida Cardoso fez perguntas difíceis e muitas vezes desafiou a sabedoria convencional" em suas pesquisas.

"Em termos puramente acadêmicos ele tem de ser considerado um cientista político dos mais proeminente do final do século 20 na América Latina", disse James H. Billington, bibliotecário do Congresso, jornal The New York Times.

"Ele não é apenas a primeira pessoa com uma carreira política pessoal de sucesso que ganha este prêmio, ele é também um representante completo daquilo que chamamos de um cientista social”.

Adiantre o bibliotecário compara Fernando Henrique ao presidente americano Thomas Jefferson o principal autor da declaração de independência.

”Se você quiser fazer uma comparação com um político americano, ele é como Thomaz Jefferson, desempenhando um papel fundamental na construção de uma democracia tendo como base uma fundação acadêmica."- completou James H. Billington.

O jornalista Larry Rother no seu artigo no The New York Times, acrescenta:

"O Brasil tornou-se sexta maior economia do mundo, tendo recentemente passado a Grã-Bretanha e Itália, e tem uma classe média dinâmica e crescente, abrigando mais de 100 milhões de pessoas. Como presidente do Brasil (1995 a 2002) Fernando Henrique foi o principal arquiteto desse crescimento.

Fernando Henrique "durante a sua presidência, eliminou a hiperinflação e iniciou o investimento abrangete em programas sociais de redistribuição de renda, ampliado e aprofundado por seus sucessores.” - diz Larry Rother.

O Prêmio Kluge, não é concedido anualmente, a primeira foi em 2003 e último em 2008, é uma espécie de Prêmio Nobel para a realização nas ciências humanas e sociais, categorias que estão fora da apreciação do Prêmio Nobel.

Entre os vencedores anteriores incluim-se o filósofo polonês Leszek Kolakowski, o historiador americano John Hope Franklin, o historiado e ativista chinês, Yu Ying-shih e o filósofo francês Paul Ricoeur.

"Ele é incomum para uma figura política em que antes de ser eleito presidente do Brasil, tinha uma participação muito ativa na Associação Internacional de Ciência Política", disse Alfred Stepan, um especialista em Brasil da Universidade Columbia que conhece Fernando Henrique desde 1960.

"Ele também ensinou na Universidade de Cambridge, Sorbonne, e veio várias vezes para Princeton, Yale e Columbia, como pesquisador visitante" - lembrou John Hope.

Não é a primeira vez que Fernando Henrique é reconhecido internacionalmente como importante intelectual e político: em 2008, por exemplo, a revista britânica Prospect designou-o entre os 100 maiores intelectuais do mundo, e em 2009 a revista Foreign Policy colocou no 11º lugar, na sua lista de 100 maiores pensadores globais.

"Ele é um homem que estudou profundamente o Brasil antes de o governar, tomando parte em todos os importantes debates intelectuais intelectuais de seu tempo, nunca deixando-se limitar por qualquer uma teoria", disse Paulo Sotero, diretor do Instituto Brasil do Woodrow Wilson International Center for Scholars em Washington. "Ele entrou para a política, não por razões tradicionais, mas por razões de valores.”

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