10 de mai. de 2012

Procurador Geral reage a investida dos mensaleiros

BRASIL - CORRUPÇÃO
Procurador Geral reage a investida dos mensaleiros
Acusado de prevaricação, pela base aliada da CPMI, que investiga o caso Cachoeira, o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, diz que os ataques são movidos por quem teme o julgamento do mensalão, que deve acontecer ainda neste semestre, onde ele funcionará como advogado de acusação do chefe da sofisticada organização criminosa, José Dirceu e seus comparsas petistas mensalistas

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Gurgel diz que é criticado por gente que está “morrendo de medo do mensalão”

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Blog do Reinaldo Azevedo, Agência Brasil

Reinaldo Azevedo no seu Blog, destaca que “Foi corajosa — independentemente do mérito da acusação — a resposta do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ao apontar que só se tornou alvo de especulações porque enfrenta o descontentamento da turma que está com medo do mensalão. Não por acaso, o primeiro a reagir à sua reação foi o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), um dirceuzista juramentado e membro da CPI do Cachoeira. Afirmou que o procurador foi arrogante ao se negar a falar à comissão. Arrogante por quê?

Depoimento de um delegado à CPI levaram alguns parlamentares — e, de novo, Vaccarezza foi o mais buliçoso a respeito — a afirmar que Gurgel foi negligente em sua função e já deveria ter feito a investigação muito antes e coisa e tal. Digamos que isso tudo seja verdade. Que se recorra à lei contra o procurador-geral, então. Pedir que ele, que é a autoridade que investiga e oferece a denúncia, dê seu testemunho à CPI é puro despropósito. Se o fizer, terá de se declarar impedido para continuar a responder pelo caso no âmbito da Procuradoria. Ora, não existe “depoimento informal” numa CPI.

Gurgel acredita que está em curso uma tentativa de imobilizá-lo para que não possa atuar devidamente tanto no caso Cachoeira quanto no julgamento do mensalão, que deve ocorrer ainda este semestre.

“É compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral e, até como já foi falado, atacar também ministros do STF com aquela afirmação falsa de que eu estaria investigando quatro ministros do Supremo”, desabafou.

O Estadão registra que questionado se o principal interessado em fomentar as críticas contra ele seria o ex-ministro José Dirceu, Gurgel reagiu, sorrindo: “Eu acho que é notório. Fatos notórios independem de prova”.

“Eu tenho dito que na verdade o que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão”, afirmou Gurgel. “Acho que, se não réus, há protetores de réus como mentores disso.”

As acusações contra ele, insinuou o procurador, seriam uma estratégia dos réus do mensalão para fragilizar a acusação da Procuradoria e atingir também seus julgadores - ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), cujos nomes são citados em algumas conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal. Há um movimento no Congresso para convocar o procurador-geral a depor na CPI do Cachoeira.

“Esse (o mensalão) é o atentado mais grave que já tivemos à democracia brasileira. É compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essas posturas de querer atacar o procurador-geral e querer também atacar ministros do Supremo com aquela afirmação falsa de que eu estaria investigando quatro ministros do STF”, disse.

“Há pessoas que foram alvo da atuação do Ministério Público e ficam querendo retaliar. É natural isso. E há outras pessoas que têm notórias ligações com pessoas que são réus no mensalão”, acrescentou, sem tergiversar.

Na tentativa de pôr Gurgel contra a parede, parlamentares da base, especialmente a ala petista, iniciaram nesta quarta um movimento para convocar a subprocuradora da República Cláudia Sampaio, a mulher de Gurgel, para depor.

Foi Cláudia quem informou ao delegado Raul Alexandre Marques, responsável pela Operação Vegas, em setembro de 2009, não ter encontrado elementos jurídicos que fundamentassem um pedido de investigação do Supremo na ocasião.

“Não vou cumprir o papel de inocente útil de pessoas que querem desmoralizar o procurador-geral na véspera do julgamento do mensalão”, reagiu o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), um dos integrantes da CPI.

Em depoimento na terça-feira, 8, o delegado Marques disse que Gurgel não deu prosseguimento às investigações da Vegas, que detectou indícios de crimes praticados por três parlamentares.

A estratégia montada no bunker do PT foi a de insuflar a convocação de Cláudia Sampaio para atingir Gurgel sem precisar chamá-lo para depor na CPI. “É preciso checar as declarações do delegado com os documentos da Operação Vegas. Se for confirmado, temos de ver se foi o procurador-geral o responsável ou outra pessoa abaixo dele”, disse o senador Wellington Dias (PT-PI).

Apontado como um dos integrantes da “ala independente” da CPI, o senador Pedro Taques (PDT- MT) é contra a convocação do procurador e de sua esposa. “Não podemos transformar esta CPI, que deve investigar a construtora Delta e sua relação com governos estaduais, na CPI do procurador-geral. Estamos fugindo do foco do debate.”


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