Cachoeira também atuava no ramo das quentinha suspeitas
BRASIL - Corrupção Cachoeira também atuava no ramo das quentinha suspeitas A reportagem de Murilo Ramos e Marcelo Rocha para a revista Época, conta como Carlinhos Cachoeira fazia lobby para a empresa goiana fornecedora de alimentos, Cial, que além de fornecer quentinhas para presídios, inclusive o da Papuda, no Distrito Federal, onde no momento o bicheiro está “hospedado”, tem como clientes, entre outros, a Presidência da República e o governo de Sérgio Cabral. Foto: Igo Estrela/ÉPOCA FORNECEDORA Um veículo da Cial faz entrega nas dependências do Palácio do Planalto. A empresa contou com lobby de Cachoeira para conseguir contrato em Goiás Postado por Toinho de Passira Até o dia 29 de fevereiro deste ano, quando foi preso, o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, estava acostumado à gastronomia de luxo. Entre os milhares de gravações captadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, há ocasiões em que se ouve Cachoeira tratando de jantares e da degustação de bons vinhos com o senador Demóstenes Torres (“Quero saber a que horas você vem, para... decantar o vinho”, diz Demóstenes).
Na prisão, a realidade é outra. As regras do presídio da Papuda, em Brasília, permitem a entrada de poucos alimentos externos. Cachoeira tem de se virar com a comida da cadeia. Por coincidência, trata-se da comida que ele mesmo patrocinou, por meio de lobby para influenciar o resultado de concorrências. Uma das três fornecedoras de marmitas para os mais de 11 mil presos da Papuda é a empresa Cial Comércio e Indústria de Alimentos. De acordo com a investigação da polícia, no ano passado Cachoeira trabalhou para que a Cial ganhasse contratos com o governo de Goiás. A Cial é uma empresa goiana. Além de servir à Papuda, ela administra dois restaurantes e fornece lanches, coquetéis e outras refeições para servidores do Palácio do Planalto. O contrato com a Presidência da República, firmado em 2008, já lhe rendeu R$ 27 milhões. Nem todo contrato, porém, pode lhe trazer benefícios. Há quase dois meses, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) abriu uma investigação sobre o contrato da Cial e outras 16 empresas com o governo do Rio de Janeiro. Responsável por investigar práticas lesivas à concorrência, em agosto de 2009 a SDE recebeu a denúncia de que 17 empresas haviam formado um cartel para s burlar uma concorrência para fornecer marmitas a presídios. A Cial encabeça a lista das denunciadas. Órgão do Ministério da Justiça, a SDE só inicia uma investigação se houver indícios contundentes de condutas desleais. No caso do Rio, a SDE identificou propostas de preços idênticos, falta de competição e elos entre as participantes. A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro afirma não ter encontrado irregularidades na concorrência. Nos últimos anos, a Cial recebeu cerca de R$ 30 milhões do governo de Sérgio Cabral (PMDB). Foto: reprodução INVESTIGADA Trecho de documento da Secretaria de Direito Econômico. A Cial é investigada por suspeita de formação de cartel no Estado do Rio de Janeiro Na investigação da PF sobre o esquema de Cachoeira, a Cial aparece como uma empresa defendida pelo bicheiro. Em conversa com um interlocutor identificado apenas por Michel, no dia 9 de agosto do ano passado, Cachoeira afirma que a Cial deveria ser favorecida por uma decisão judicial para fornecer marmitas ao presídio de Aparecida de Goiânia, o maior de Goiás. *Acrescentamos subtítulo, foto e legenda a publicação original |
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