15 de mai. de 2012

O silêncio de Cachoeira

BRASIL – Corrupção
O silêncio de Cachoeira
Carlinhos Cachoeira não foi depor na CPMI, hoje, por decisão do STF. A pedido do seu advogado o ex-Ministro da Justiça do Governo Lula, Márcio Thomaz Bastos, o ministro Celso de Melo garantiu que o bicheiro só será obrigado a depor, quando a defesa tiver acesso ao processo. Será que Cachoeira algum dia vai falar?


Carlinhos Cachoeira vai continuar de bico calado

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Reuters , G1, Folha de São Paulo

O advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-Ministro da Justiça, do Governo Lula, não deixou o seu cliente, o bicheiro, Carlinhos Cachoeira, comparecer a convocação da CPMI que o investiga. Conseguiu uma decisão do Supremo Tribunal Federal alegando que não havia tido acesso as acusações contidas no processo instalado contra o seu cliente.

Pensando que resolverão o problema, os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o elo entre o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários, aprovaram o acesso dos advogados do contraventor aos documentos sigilosos em poder da comissão, para viabilizar o depoimento de Cachoeira à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Isso porque, na noite desta segunda (14), o ministro Celso de Mello atendeu ao pedido da defesa e adiou, por tempo indeterminado, o depoimento do contraventor no Congresso. O advogado do bicheiro, Márcio Thomaz Bastos, pediu para que Cachoeira não fosse ouvido antes de ter acesso ao inteiro teor dos documentos obtidos pela comissão.

Na santa ingenuidade ou fingido ignorância, o presidente da comissão, senador paraibano Vital do Rêgo, se fez de durão e estabeleceu o prazo de uma semana para os advogados examinarem os documentos, enquanto já agendava uma nova data do depoimento de Cachoeira, para a próxima terça-feira (22).

O comparecimento do bicheiro, porém, segundo o despacho do Ministro Celso de Mello, que deu a liminar suspendendo a ida do bicheiro, hoje, só poderá ocorrer depois do julgamento do mérito do pedido, feito pelo advogado, pelo plenário do STF, o que ainda não tem data para acontecer.

Vital do Rêgo disse que iria encaminhar um "pedido de reconsideração" da decisão do Supremo que adiou o depoimento. Segundo o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a ida de Cachoeira no dia 22 dependerá da resposta do Supremo a esse pedido.

Para tanto divulgaram que decidiram contratar um advogado e ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo que a decisão liminar do ministro Celso de Mello, que suspendeu o depoimento de Carlinhos Cachoeira na comissão, seja revista pela corte.

Segundo os parlamentares, a decisão liminar do STF abre precedentes para que outras pessoas convocadas pela CPI mista consigam medidas judiciais que protelem seus depoimentos.

As suas desconfianças se tornarão realidade, ninguém vai mais ser obrigado a depor, enquanto não se decidir essa história do advogado de Cachoeira e de todo mundo ter acesso aos processos, e ganhar prazos para examiná-los.

“Nós fizemos um pedido de reconsideração informando o ministro que liberamos o acesso aos documentos. Estamos informando que todos os advogados dos investigados terão acesso a esses documentos. A partir dessa compreensão, esperamos que todos os convocados possam comparecer à CPI nas datas marcadas", afirmou o deputado Odair Cunha.

Infelizmente as coisas não são bem assim, como o Senador e o deputado imaginam, ou fingem acreditar. Estão lidando com o maior mafioso brasileiro da atualidade, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, e com um dos maiores, senão o maior advogado criminalista do país, Márcio Thomaz Bastos.

Claro que Thomaz Bastos não vai examinar os autos do processo naquele cubículo que a CPI, organizou para os parlamentares terem acesso à documentação. É muito provável, que de forma indireta, até já possua toda a informação que precisa sobre o processo, por vias travessas.

O próprio membros da CPI enfrentam dificuldades para analisar os documentos. Segundo o relato de deputados e senadores, muitos arquivos pedem senha para serem abertos, alguns estão em branco e os documentos estão embaralhados.

"Aquela sala parece um labirinto de Creta. Frequentemente me deparo com pedido de senhas para acessar documentos que há dias estão lá", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

O senador tucano pediu ainda ao presidente da CPI que destaque um grupo de funcionários para filtrar os diálogos interceptados pela PF. "Em 20 ligações que eu ouvi, 16 eram de caixa postal", afirmou.

Por tudo isso, Thomaz Bastos, pacientemente vai esperar a decisão do Supremo, em colegiado (de que seu cliente só poderá depor quando ele tomar conhecimento pleno do processo) para então requer aos juízes que estão de posse do processo, o acesso aos documentos. Diante do enorme volume de informações, fitas gravadas e documentos produzidos, ele terá um prazo compatível para examiná-los, que pode até ultrapassar o prazo de conclusão da CPMI.

Thomaz Bastos não quer que seu cliente fale, o cliente não quer falar, e os parlamentares não sabem como fazer para conseguir a ida de Cachoeira a comissão.

Será que com tantas provas reunidas pela Polícia Federal, os integrantes da CPI, dependem apenas da improvável confissão ou "dedurismo" do acusado para conduzir as investigações?

Para manter preso um mafioso do porte de Cachoeira, desmascarar seus poderosos comparsas e desmantelar sua rede criminosa, carece de competência e vontade, itens que não parecem imperar aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito. Uns são incompetentes outros não querem e alguns outros acumulam a incompetência e o não querer.

Apostamos que Cachoeira será muito em breve, antes que seja concluída a CPI, libertado através de um habeas corpus, o que vai avacalhar ainda mais essa história.

Daqui de fora se tem uma impressão marota que não há vontade política de se ouvir a voz de Cachoeira no ambiente da CPI. Afinal ele já falou muito e com gente demais pelo telefone.


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