23 de mar. de 2010

CASO ISABELLA: Nardoni e Anna Carolina deverão ser condenados

CASO ISABELLA
Nardoni e Anna Carolina deverão ser condenados
O casal que matou a menina Isabella Nardoni poderá ser condenados a uma pena de 12 a 30 anos de reclusão. Ambos são acusados pelo Ministério Público de homicídio triplamente qualificado e fraude processual por terem alterado a cena do crime.

Foto: Arquivo

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, os cruéis assassinos de Isabella

Toinho de Passira
Fontes: Revista Veja, Jornal do Comércio RS, G1, Correio Braziliense

Começou nesta segunda-feira, no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, o julgamento dos assassinos de Isabella Nardoni, a menina de 5 anos, quem em 29 de março de 2008, depois de espancada e asfixianda foi atirada pela janela do 6º andar do prédio, por seu pai Alexandre Nardoni e sua madrasta Anna Carolina Jatobá.

Os dois estão presos preventivamente há dois anos, em Tremembé, a 147 quilômetros de São Paulo e alegam inocência.

Segundo a matéria da Revista Veja desta semana, a tese da acusação, extraída das mais de 5 000 páginas do processo, é conhecida: no carro, a caminho do apartamento onde se deu o crime, a família Nardoni iniciou uma discussão. Em meio à briga, Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella, agrediu a menina de 5 anos, provocando-lhe um corte na testa.

O sangue foi estancado com uma fralda. Quando a família chegou em casa, Alexandre Nardoni atirou a filha no chão do corredor, ferindo-a na bacia e no punho direito. Em seguida, Anna Carolina apertou seu pescoço até asfixiá-la. Nardoni, então, cortou a tela de proteção da janela do quarto dos filhos menores, Pietro e Cauã, e lançou Isabella pela janela do apartamento, de uma altura de 20 metros.

Foto: Arquivo

A menina Isabella e o momento dramático, do perito com uma boneca articulada, simulando a queda

O trabalho do promotor Francisco Cembranelli será o de convencer os jurados de que essa sucessão de eventos ocorreu, usando como argumentos o perfil psicológico do casal, depoimentos de testemunhas e resultados de perícias.

Já o advogado Roberto Podval, um dos melhores criminalistas do país, tentará persuadir o júri de que as provas existentes são insuficientes para comprovar a tese da acusação. Ele dirá, por exemplo, que, ao contrário do que diz o promotor Cembranelli, o resultado da perícia não permite afirmar que o sangue encontrado no carro da família é de Isabella.

Foto: Arquivo

O promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval

A intenção é ir tentando desqualificar parte da perícia, para por em dúvida toda a investigação. A defesa já havia requerido ao Tribunal de Justiça de São Paulo, que fossem feitas outras perícias e reconstituição do crime, o que foi negado, pois os desembargadores devem ter concluído que as perícias constantes dos autos eram satisfatórias e entenderam que o pedido do defensor era apenas uma tentativa de tumultuar o processo.

Antes do início do julgamento o advogado Roberto Podval voltou a requerer novamente ao Juiz Maurício Fossen, que preside o júri, várias diligencias e perícias, que por certo adiaria o julgamento. O juiz indeferiu os pedidos, pelos mesmos motivos alegados pelo Tribunal de Justiça.

Esses requerimentos do advogado parecem inócuos e inoportunos, mas serão valiosos mais tarde, quando tiver que pedir revisão do caso, a tribunais superiores, alegando cerceamento de defesa.

Mas o maior contratempo da defesa foi a apresentação espontânea do pedreiro Gabriel dos Santos Neto (foto), vindo do interior da Bahia, depois de ter tomado conhecimento do julgamento pela televisão, onde se dizia que ele não havia sido localizado. Sua ausência adiaria o júri.

Ele trabalhava como pedreiro em uma obra vizinha ao edifício London, onde ocorreu o crime e teria dito que o canteiro havia sido invadido por um ladrão no dia da morte de Isabella, fato negado depois na delegacia.

Comenta a Veja desta semana que Nardoni e Anna Carolina (foto) estão há quase dois anos presos em Tremembé, a 150 quilômetros de São Paulo.

Nardoni agora trabalha separando roupas para a lavanderia da prisão e não gasta mais suas tardes vendo TV (tem uma na cela).

De espectador das peladas de futebol que ocorrem três vezes por semana na penitenciária passou a participante (o que não impede que continue sendo alvo de chacotas de outros presos, como quando vai buscar a bola depois de um gol e ouve: "Cuidado que ele vai rasgar a rede!", numa referência à tela de proteção da janela que teria cortado para atirar Isabella).


Ana Oliveira, mãe de Isabella
Já Anna Carolina Jatobá deixou a ala das evangélicas, onde ingressou em busca de proteção assim que chegou à prisão, e atualmente pouco vai à igreja. Costura uniformes e vende às outras presas produtos de higiene que recebe dos pais, que a visitam todo fim de semana.

Os filhos também vão vê-la, mas em dias úteis e não divulgados, atendendo a pedido de seus advogados, que alegaram a necessidade de proteger as crianças do assédio da imprensa.

O julgamento do casal deve durar, pelo menos, quatro dias. Durante esse tempo, Nardoni e Anna Carolina Jatobá se sentarão lado a lado e, pelo menos na segunda-feira, ficarão a menos de 5 metros de distância de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella.

Ao fim dos trabalhos, a segunda pergunta que o juiz Maurício Fossen fará aos jurados será a mais importante: Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram os responsáveis por causar em Isabella Nardoni os ferimentos que a mataram?

Perícia: Boneca representando Isabella 
A resposta dos jurados à questão - que, como as demais, deve ser respondida apenas com "sim" ou "não" - selará o destino do casal.

Acrescentamos que como se é de imaginar, o casal deverá ser condenado. O júri popular poucas vezes se distancia muito da opinião pública.

Mesmo que alguns dados da perícia não sejam conclusivos, não ficou comprovada a presença de outra pessoa, na cena do crime, com haviam afirmado os acusados.

Pela cronometragem do tempo da chegada ao prédio, dos acusados e vítimas, até o momento que ela foi arremessada pela janela, pouco espaço temporal havia para inserir esse provável fictício personagem.

Ainda por cima, a indefesa criança Isabella foi atacada violentamente antes da queda fatal, quando apenas os dois acusados estavam a sós com ela.

Quase nenhuma dúvida resta, que foram eles os autores do cruel assassinato e por isso deverão ser condenados pelo júri.

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