11 de mar. de 2010

Piñera assume em meio a fortes terremotos

CHILE
Piñera assume em meio a fortes terremotos
O novo presidente do Chile, Sebastián Piñera, foi empossado hoje, as 12h20min, hora local, numa cerimônia marcada por três abalos sísmicos de forte intensidade que provocou alertas de tsunami em várias regiões do país

Foto: La Tercera

SOLENIDADE DE POSSE: Ex-presidente Michelle Bachelet, o novo presidente do senado Jorge Pizarroe o recém empossado presidente do Chile Sebastián Piñera

Fontes: La Tercera, La Nación, La Segunda, Santiago Times, BBC Brasil

Momentos antes da posse do novo presidente do Chile, Sebastián Piñera, nesta quinta-feira, algumas regiões do país foram sacudidas por dois tremores secundários fortes - um deles teria atingido 7,2 graus de magnitude.

Foto: Reuters

INQUIETAÇÃO PRESIDENCIAL: Dentro do Congresso os convidados temiam que o teto desabasse diante dos abalos, antes da cerimôniaO bispo reprodutor Fernando Lugo, do Paraguai e o índio boliviano Evo Morales, estavam entre os mais atentos

Prédios da capital chilena, Santiago, balançaram e muitas pessoas correram para as ruas. Os tremores também foram sentidos em Valparaíso, onde fica o Congresso chileno - e onde foi realizada a cerimônia de posse.

Foto: Jorge Cadenas/La Nación

ENTRADA TRIUNFAL: A cerimônia começou oficialmente quando a então presidente chilena Michelle Bachelet chegou ao Congresso Nacional, com a faixa presidencial e foi recebida por um forte aplauso dos mais de 1.100 convidados no Salão de Honra, do parlamento.

Os novos terremotos, acompanhados de um alerta de tsunami, foram uma lembrança de que o principal desafio do recém-inaugurado governo de Piñera será a reconstrução do país depois do terremoto de 8,8 graus do dia 27 de fevereiro.

Sebastian Piñera é o primeiro presidente de centro-direita a chegar ao palácio presidencial La Moneda pelo voto popular em duas décadas.

Foto: Associated Press/Reuters

A FAIXA PRESIDENCIAL: Presidente Michelle Bachelet retira a faixa presidencial e passa ao presidente do senado Jorge Pizarro, ele é quem dá posse ao novo presidente do Chile Sebastián Piñera

Nessa etapa inicial, pesará contra Piñera o fato de sua antecessora e agora opositora, a presidente Michelle Bachelet, deixar o posto com uma taxa de aprovação de 84%, segundo pesquisa divulgada nesta semana.

Foto: Reuters

PÂNICO NO CONGRESSO:alguns convidados saíram às pressas do salão nobre, em direção a rua, entre eles, a presidente da Argentina Cristina Kirchner, que tinha programado ficar no país mais um dia, mas mudou os planos e se mandou logo após a posse

Ao mesmo tempo, analistas ouvidos pela BBC Brasil destacaram que Piñera terá agora, nesta fase pós-catástrofe, maior apoio político e social para implantar seu programa de governo do que tinha logo após a eleição em janeiro passado.

Depois da catástrofe, Piñera recebeu apoio da oposição para governar. Todos entendem, agora, que essa é uma situação de emergência e a prioridade deve ser o respaldo às suas medidas.

Foto: Reuters

LUSTRE BALANÇANDO presidente do equador Rafael Correa não parava de olhar o teto, durante a cerimônia de posse entrecortada pelos tremores

A etapa de reconstrução vai gerar empregos no país e Piñera poderá cumprir a sua promessa de criar um milhão de postos de trabalho nos quatro anos de mandato.

O tremor causou destruição de estradas, pontes, hospitais, escolas, casas, edifícios e monumentos históricos, que terão que ser reerguidos.

Foto: Associated Press

RECONSTRUÇÃO: A infra-estrutura do país foi completamente arrasada

Antes, era impossível saber como ele pretendia gerar um milhão de empregos. Agora, depois do terremoto, essa meta é mais fácil de ser concretizada", dizem analistas.

Foto: Mario Ruiz/La Nación

DE NOVO, PÂNICO EM SANTIAGO: Desta vez, o tremor alcançou a magnitude 7,2 e foi sentido, com maior ou menor grau, em diferentes regiões do centro-sul do país, incluindo a capital Santiago.

Especula-se ainda, entre acadêmicos de Santiago, que a reconstrução do país deverá adiar demandas dos trabalhadores, como o pedido de aumento de salários, e que os sindicatos não poderão fazer greves contra possíveis medidas de Piñera.

"O próximo presidente do Chile tem uma enorme oportunidade de fazer um bom governo. Tem apoio político e da sociedade para isso", disse o professor de ciências políticas da Universidade do Chile, Guillermo Holzmann.

País com 16 milhões de habitantes, o Chile tem uma economia sólida e é o recordista mundial em acordos de livre comercio com outros países. Com isso, a expectativa entre especialistas é de que a nação não tenha dificuldades em conseguir crédito para a reconstrução.

Foto: Roberto Narvaez/La Segunda

MUDANÇA RADICAL: A multidão esperava em frente ao Palácio de La Moneda, a saída da esquerdista Bachelet, para entregar o governo ao direitista Piñera

Durante os vinte anos de governo da coalizão de centro-esquerda, a Concertación, o Chile reduziu drasticamente os níveis de pobreza. Porém, a desigualdade social, historicamente ampla, aumentou nesse mesmo período.

Foto: Reuters

TERREMOTO SOCIAL Os chilenos ficaram envergonhados com os saques realizados pela população após o terremoto

Mesmo assim, os saques ao comércio nas regiões afetadas pelo desastre surpreenderam autoridades, especialistas e populares que moram em Santiago e Valparaíso.

"Não parecia meu país", disse o médico Juan José del Pino. "O terremoto mais triste foi o social", disse o professor de sismologia da Universidade do Chile, Mario Pardo. "Foi um terremoto moral", afirmou o professor de ciências políticas Ricardo Israel, da Universidade Autônoma do Chile.

Os saques levaram os chilenos, segundo analistas, a apoiar "maior rigor" no combate à delinquência – uma das principais bandeiras da campanha de Piñera.

Foto:

O chargista Mico do Jornal La Nácion zoa dos saques de eletrodomésticos

Além disso, muitos dos saqueadores tiveram de entregar os produtos levados de supermercados e de lojas de eletrodomésticos após denúncias anônimas.

Essa forma participativa de "combater a delinquência", como o novo líder chileno costuma dizer, poderá ser implementada no seu governo. Mas agora com maior simpatia popular, do que quando Piñera lançou a ideia na campanha eleitoral.

Reprodução

HÁ UM CLIMA DE QUERO MAIS: Detalhe da primeira página do Jornal chileno “Las Últimas Noticias”, a aprovação de 84% no fim do governo, inspira muita gente a conduzir faixas pedindo o retorno de Bachelet em 2014


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