27 de mar. de 2010

CASO ISABELLA: Os assassinos da menina foram condenados

CASO ISABELLA
Os assassinos da menina foram condenados
Os cruéis matadores da menina Isabella pegaram penas duras, Alexandre ganhou 31 anos de cadeia, Anna Jatobá, 26 anos. A multidão diante do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, ao ouvir a sentença pelo serviço de som, vibrou como uma torcida diante de um gol do seu time. Alguns manifestantes chegaram a soltar fogos de artifício. O advogado de defesa apelou da sentença

Fotos: Arquivos

CULPADOS - Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, vão continuar mofando na cadeia, por alguns anos

Toinho de Passira
Fontes: Noticia UOL, Zero Hora, Revista Época, Correio Braziliense

A vítima: Isabelle
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados na madrugada deste sábado pela morte de Isabella Nardoni, 5 anos, filha e enteada dos réus. Após cinco dias de júri, realizado no Fórum de Santana, o casal foi apontado como responsável por agredir, asfixiar e jogar a menina do sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008.

O juiz Maurício Fossen definiu a pena de Alexandre Nardoni em 31 anos, um mês e dez dias em regime fechado, enquanto a de Anna Carolina Jatobá foi de 26 anos e oito meses. Os dois foram condenados também a oito meses de prisão em regime semiaberto por fraude processual, por ter tentado alterar a cena do crime para apagar vestígios do crime.

A pena dos dois foi agravada pelo crime ter sido cometido contra menor de 14 anos, triplamente qualificado pelo meio cruel (asfixia mecânica e sofrimento intenso), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima (surpresa na esganadura e lançamento inconsciente pela janela) e com o objetivo de ocultar crime anteriormente cometido (esganadura e ferimentos praticados anteriormente contra a mesma vítima).

Nardoni pegou pena maior por ser a vítima sua filha.

Arte Site G1

O juiz não permitiu fossem feitas imagens dentro da Sala do Júri, para evitar constranger testemunhas, réus e jurados e provocar nulidade no julgamento.

"Com efeito, as circunstâncias específicas que envolveram a prática do crime ora em exame demonstram a presença de uma frieza emocional e uma insensibilidade acentuada por parte dos réus, os quais após terem passado um dia relativamente tranqüilo ao lado da vítima, (...) teriam, ao final do dia, investido de forma covarde contra a mesma, como se não possuíssem qualquer vínculo afetivo ou emocional com ela, o que choca o sentimento e a sensibilidade do homem médio", disse o juiz na sentença.

Foto: Almeida Rocha/Folhamagem

O veredicto foi comemorado pela multidão que acompanhou o resultado do julgamento do lado de fora do Fórum de Santana

A decisão, proferida por volta das 0h40, foi comemorada por cerca de 200 pessoas que acompanhavam a movimentação do julgamento. Os réus não poderão recorrer em liberdade. O placar do júri não foi divulgado, na verdade o juiz não contou todos os votos, para preservar secreta a opinião dos jurados. Quando quatro votos apontavam para a condenação, o magistrado parou a contagem e destruiu os outros votos.

Durante o julgamento, a defesa do casal Nardoni tentou provar que uma terceira pessoa entrou no apartamento dos acusados, agrediu Isabella, cortou a tela de proteção e jogou a menina pela janela. O advogado Roberto Podval não procurou explicar quem praticou o homicídio, ressaltando apenas que faltavam provas concretas para ligar o casal à autoria do assassinato.

Foto: Thiago ChavesScarelli/UOL

Deus no céu e promotor Francisco Cembranelli na terra", diz cartaz pendurado por manifestantes em poste em frente ao Fórum de Santana, onde acontecia o julgamento do caso Isabella

Thiago Chaves-Scarelli/UOL Utilizando dados técnicos, como horários de telefonemas e do GPS do carro de Nardoni, o promotor Francisco Cembranelli defendeu no julgamento que seria impossível que os acusados não estivessem no apartamento no horário em que Isabella foi jogada da janela.

Com a cronologia de horários, Cembranelli conclui que era impossível Alexandre Nardoni, em menos de 1 minuto, entrar no apartamento, andar pelos quartos e verificar pela janela que a filha estava caída, sem esbarrar com uma terceira pessoa.

A estratégia fracassada da defesa foi baseada nas primeiras declarações dadas por Nardoni à policia na noite do crime. Segundo as investigações do caso, o acusado estava nervoso no jardim do edifício London e dizia a todo momento que a polícia deveria encontrar o ladrão que havia invadido o apartamento e jogado a menina da janela.

Foto: Cristiano Novais/AE

Populares se aproximam e batem nos veículos que transportavam Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá do Fórum de Santana, em direção ao presídio do Tremembé, no interior paulista, a polícia teve que usar gás pimenta para conter a multidão

Tranquilo, Alexandre Nardoni sustentou, ao ser interrogado no Fórum de Santana, a versão da terceira pessoa, mas evitou falar que o autor do crime era um ladrão. Nervosa e falando muito rápido, Anna Carolina Jatobá entrou em contradição com o depoimento do marido em algumas ocasiões.

Uma das provas apresentadas contra o pai no júri foram as marcas da tela de proteção da janela do apartamento na camiseta de Nardoni. A perita Rosângela Monteiro, do Instituto de Criminalística, disse que as marcas só poderiam ser produzidas pelo ato de carregar um peso de 25 kg até a janela, se debruçar na grade de proteção e atirá-lo, como foi constatado na reconstituição do caso.

A tese foi rebatida pelo réu. Alexandre Nardoni negou ter passado a cabeça pelo buraco da tela de proteção da janela, por causa do tamanho do rombo. Já Anna Carolina Jatobá disse que o marido passou pela tela para ver onde estava Isabella.

Na verdade, pelo fato do carro do casal ter um GPS, garantiu a sua condenação. Sabendo-se a hora exata de sua chegada ao edifício, fornecida pela empresa de segurança que controlava o equipamento de segurança, e a hora exata em que Isabella foi atirada pela janela, permitiu ao promotor, demonstrar que o casal estava dentro do apartamento, quando os fatos criminosos aconteceram

Foto: Ivan Pacheco/Terra

De todas a maneiras a sociedade manifestou-se pedindo a condenação dos acusados

Pelo que se soube pela imprensa, o juiz Maurício Fossen conduziu o júri, com segurança técnica e emocional. Salvo algum micro detalhe legal, o júri não vai ser cancelado e a pena vai ser mantida.

O advogado apelou, pois devido à pena ter sido rigorosa, não há risco em tomar mais anos de cadeia, numa provável revisão ou mesmo num novo júri.

Por outro lado, os presídios onde os réus aguardam a pena definitiva, são normalmente, mais civilizados, que os presídios onde ficam os condenados definitivos cumprindo penas. Como o tempo conta a partir do momento em que eles foram recolhidos à prisão, o advogado tenta mantê-los, usando o recurso da apelação, o maior tempo possível, nesse presídio preliminar.

Foto: Arquivo

No dia 7 de maio de 2008, os assassinos foram recolhidos pela polícia apóes terem a prisão preventina decretada, a partir daí começou a contagem do cumprimento da pena

Pelo previsto na legislação penal brasileira, apesar de Alexandre ter sido condenado a 31 anos e um mês e Anna Jatobá a 26 anos e oito meses, os assassinos dificilmente passarão mais de 13 anos, ele, e 11 anos ela.

Um benefício garante aos condenados por crimes hediondos a possibilidade de progressão de regime de prisão após o cumprimento de dois quintos da pena. Com essa matemática simples, Anna Carolina, por exemplo, pode deixar a cadeia em 2019, daqui a nove anos, já que ela está detida desde maio de 2008. Algumas coisas devem ser mudadas nesta legislação, para se fazer de verdade a todas a meninas Isabella, que sofrem violência doméstica por esse Brasil a fora.

Veja aqui maiores detalhes do caso


2 comentários:

Pod papo - Pod música disse...

É triste saber que o próprio pai matou a filha, mas fico feliz em saber que justiça foi feita.

Beijos

Anônimo disse...

A acusação foi brilhante!

Gostaria que alguém se interessasse pelo assassinato da irmã professora Zelândia Laviola, na madrugada do dia 23 de abril de 1999 (11 anos), Coronel Fabriciano, MG, e que até hoje seu ex-marido não foi a juri, embora, tenham marcado um há dois anos. Depois disto nada! Gostaria que o responsável por este blog e quem sabe por outros, entre em contato conosco. Temos necessidade de justiça. Ele contratou um pistoleiro que veio a suicidar ano passado. O avogado dele é considerado um ás para defender assassinos de toda espécie… que não perde um caso!

Éramos 15 (quinze) irmãos, todos vivos! Ela a caçula! A primeira a morrer!

Atenciosamente!