22 de mar. de 2010

Câmara aprova reforma da saúde de Obama

ESTADOS UNIDOS
Câmara aprova reforma da saúde de Obama
A votação feita estranhamente num domingo, impensável no parlamento brasileiro, tinha tal importância que se falava que uma derrota significaria praticamente o fim do governo Obama

Detalha da primeira página do “The New York Times”

VITÓRIA DE OBAMA - Quase todos os jornais americanos tiveram na primeira página a decisão da Câmara Federal americana, de aprovar o plano de saúde da Casa Branca. No centro a presidente da Câmara, a Democrata Nancy Pelosi, aparece conduzindo simbolicamente o mesmo martelo usado pelo presidente da casa, quando da aprovação do primeiro plano de saúde em 1960

Fontes: The New York Times, Último Segundo, Folha de São Paulo

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, obteve neste domingo a maior vitória interna de seu governo. A Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) votos o projeto de lei para uma ambiciosa reforma do sistema de saúde, projeto considerado prioritário por Obama e no qual apostou grande capital político. A disputa foi apertada, com 219 votos a favor e 212 contrários a reforma.

Apesar das dúvidas sobre o apoio do projeto na Câmara, que conta com 427 deputados e quatro cadeiras vagas, a líder dos democratas e presidente da Casa, Nancy Pelosi, chegou a afirmar mais cedo que a maioria de 216 votos estava garantida.

O projeto aprovado era a versão da reforma de saúde que passou no Senado em dezembro do ano passado, relativo ao texto-base da reforma. O projeto deve seguir direto para a sanção presidencial.

Junto aos 178 congressistas republicanos na Câmara, um total de 34 democratas votou "não" à medida.

Foto: Getty Images

DESCONFIANÇA- Os contrários ao projeto dizem que o seu custo de bilhões vai quebrar de vez os Estados Unidos, os mais velhos já cobertos por um uma assistência médica, teme que a inclusão do resto da população vá reduzir direitos conquistados

Após esta votação, os congressistas começam a se pronunciar sobre a segunda parte da reforma, um projeto de lei que introduz uma série de emendas ao recém aprovado para deixá-lo mais ao gosto da Câmara de Representantes.

Esse projeto de lei será levado ao Senado, onde podera ser votado esta mesma semana e não se esperam grandes contratempos para sua aprovação: são necessários 51 votos e os democratas contam com 59, uma margem a princípio suficientemente ampla.

Foto: Getty Images

CONTRA A VONTADE DO POVO- Do lado de fora do Capitólio, manifestantes contra a reforma presentes ao longo do dia, pediam para "jogar no lixo" a medida. Temia-se pela derrota da lei, pois as pesquisas diziam que uma maioria significativa dos americanos eram contrários e os parlamentares americanos são muito sensíveis a opinião pública

Os democratas asseguraram os 216 votos necessários para aprovar a reforma depois que o líder de um grupo de congressistas antiaborto que se opunham à medida, Bart Stupak, anunciou que tinha chegado a um acordo de última hora com a Casa Branca e os líderes de seu partido.

Stupak reivindicava garantias de que a reforma não permitiria o uso de fundos federais para a prática de abortos.

Mediante o acordo anunciado hoje, o presidente Barack Obama emitirá uma ordem executiva que deixará claro que não se poderão usar esses fundos para as interrupções voluntárias da gravidez, salvo casos extremos.

Obama, que considera a reforma central para seu governo, fez dura campanha pela reforma e chegou a exigir neste sábado dos congressistas democratas que aprovem a reforma do setor de saúde.

"Está na mão de vocês. É o momento que aprovar isto, em benefício dos Estados Unidos", disse o presidente, que foi pessoalmente ao Capitólio, sede do Congresso americano, em uma prova da importância que ele dá ao tema do qual estava usando todo o seu capital político.

Normalmente, os presidentes americanos só vão ao Congresso uma vez ao ano, em janeiro, na ocasião do discurso de Estado da União.

Foto: Reuters

COMEMORAÇÃO - Após a votação Obama fez uma declaração em tom triunfal, na sala leste da Casa Branca, acompanhado do vice-Joe Biden, a vitória deu fôlego as outras mudanças pretendida por seu governo e esperanças de um melhor desempenho dos Democratas nas eleições legislativas do fim do ano

Os EUA são o único país desenvolvido que não oferece um sistema de saúde amplo para seus cidadãos, com quase 50 milhões de americanos sem nenhum tipo de cobertura médica.

Apesar do projeto não oferecer cobertura universal, como no Brasil, ele expande a cobertura para cerca de 95% dos americanos.

Os americanos são, a partir da sanção presidencial, obrigados a manter um plano de saúde --que pode contar com subsídio do governo para aqueles que não puderem pagar pelo serviço.

Foto: Getty Images

RADICALISMO - Em várias ocasiões houve protestos contra a medida, por radicais de direito, em todos os Estados Unidos, nesta foto, em Washington, no começo do mês, um radical pede até o Impeachment de Obama, por tentar implementar a lei.

A lei expande ainda o programa federal Medicaid, para os pobres, e cria um novo mercado no qual autônomos e pequenas empresas podem se juntar para comprar plano de saúde com condições melhores.

A medida, com custo estimado em US$ 940 bilhões em dez anos, representa a maior expansão da segurança social desde a criação do Medicare e Medicaid, para os pobres e idosos, nos anos 60.

A legislação ampla, que afeta virtualmente todos os americanos e atinge um sexto da economia dos EUA, estende a cobertura para cerca de 32 milhões de cidadãos americanos que hoje não tem nenhum convênio médico.


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