MEIO AMBIENTE Voando com energia solar
A equipe de cientistas que trabalha na construção de avião que será capaz de dar a volta ao mundo utilizando apenas energia solar, realizou de forma positiva os primeiros testes hoje, elevando-se do solo suíço
Foto: Reuters Mesmo uma curta e rasante decolagem do Solar Impulse deixou pesquisadores confiantes de que estão no caminho certo
Fontes: Euronews , Telegraph, Fayerwayer, O Globo, Top News, Correio Braziliense
A divulgação de formas alternativas de energia ganhou um novo impulso às vésperas da Conferência do Clima de Copenhague com o anúncio de que o primeiro teste com um avião movido a energia solar foi um sucesso.
Foram apenas 28 segundos de voo – mas representam um grande passo para a humanidade: o primeiro avião movido a energia solar elevou-se, esta quinta-feira, do solo suíço.
Foto: Reuters
Markus Scherdel, o piloto de testes, é recebido com festa pela equipe
Durante 350 metros, o aparelho voou a um metro de altitude – um sonho tornado realidade para o piloto, o patrocinador e os idealizadores do Solar Impulse.
“Isto é mais do que um avião: é um símbolo do que se pode fazer com as novas tecnologias para prescindir do petróleo. É uma mensagem atual,” diz Bertrand Piccard, o cientista aventureiro, um dos empreendedores da nova aeronave.
Um avião capaz de dar a volta ao mundo sem usar uma gota de combustível parece ficção, mas não é. Trata-se do Solar Impulse, projeto que tem o objetivo de dar a volta no globo a bordo de um avião movido exclusivamente por energia solar, deixando de lado qualquer outro tipo de fonte energética. Chamada de HB-SIA, a aeronave, semelhante a um aeroplano, deve voar durante o dia e à noite, demonstrando o potencial de uso das energias renováveis.
Foto: Getty Images
Os suíços Bertrand Piccard e Andre Borschberg (foto), idealizadores da iniciativa, esperam induzir indústria, cientistas, políticos e sociedade civil às mudanças necessárias para alcançar uma melhor utilização dos recursos energéticos e maior respeito ao meio ambiente.
O Solar Impulse nasceu da crença de Piccard de que a maior façanha deste século consistirá na preservação e melhoramento da qualidade de vida no planeta.
O grande desafio é conciliar os interesses econômicos e ecológicos e promover o uso de novas tecnologias para economizar energia e gerar recursos afirmou o pesquisador ao “Correio Braziliense”, por e-mail. Esse desafio se torna pertinente, uma vez que, atualmente, a aviação mundial é responsável por 2% das emissões de dióxido de carbono na atmosfera, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (LATA, na sigla em inglês).
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À frente do projeto com Piccard, o engenheiro mecânico e piloto André Borschberg comanda a construção do avião, que envolve uma equipe de 65 pessoas composta por especialistas de todas as origens e de diferentes formações: engenheiros de materiais, físicos, gestores de energia e membros da Escola Politécnica Federal de Lousanne (EPFL), considerada uma das principais instituições tecnológicas da Europa.
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O desafio não é nada simples. O grupo precisou projetar um avião gigantesco , com a envergadura de um Airbus A340, mas que pesa o mesmo que um automóvel, 1.600kg, e possui motores com a potência de uma pequena moto.
O desafio está em acumular cada watt gerado pela energia solar e descobrir como economizá-la. Apenas as soluções mais avançadas, a maioria delas nunca antes aplicadas, permitirá isso.
Para tanto, as asas e estabilizadores horizontais são todas cobertas por mais de 11 mil células solares que captarão a energia solar, transformada em eletricidade para alimentar os quatro motores. O grande problema, no entanto, será a fase em que o HB-SIA voará à noite.
Para isso, quatro baterias de lítio serão necessárias para armazenar eletricidade, no instante da captação solar, durante o dia, para ser usada a noite.
Como só é capaz de voar a 70km/h, a uma altitude que pode chegar a 8.500m, o Solar Impulse levará cerca de 36 horas para dar a volta na Terra.
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Há esperança que em dois anos o avião esteja pronto para vôos maiores e eletrizantes
A circunavegação pelo mundo deverá ser feita em 2012. Até lá, alguns detalhes poderão ser alterados. A equipe avalia a necessidade de construção de uma aeronave com dois lugares, para que a viagem possa ser feita sem escalas.
Giovanni Bisignani, diretor-geral da Iata, acredita que o Solar Impulse poderá fornecer muitas respostas para uma indústria mais verde e viável.
Bertrand Piccard, que está a frente do projeto faz parte de uma família de exploradores e cientistas. Ele é neto de Auguste Piccard, primeiro homem a atingir a estratosfera em um balão em forma de gôndola, em 1931.
O pai de Bertrand, Jacques Piccard, usou o batiscafo e bateu o recorde do mundial de descida no oceano, ao mergulhar até 10.916m.
Foto: TZ Aviation
Em 2004 Bertrand cruzou os Alpes suíços a borda da Replica do “Orbiter 3”
O próprio Bertrand, acompanhado pelo inglês Brian Jones, realizou a primeira a volta ao mundo em um balão em 1999. A bordo do “Breitling Orbiter 3” percorrerram 45.755km em 19 dias, 21 horas e 47 minutos. O mais longo voo em termos de duração e distância, que começou na Suíça e acabou no Egito. Solar Impulse, o objetivo de Piccard é cruzar o Atlântico a bordo da aeronave em 2012 e, posteriormente, dar a volta ao mundo. |
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