BOLIVIA - ELEIÇÕES: Evo Morales vai ser reeleito em primeiro turno
BOLIVIA - ELEIÇÕES Evo Morales vai ser reeleito em primeiro turno Ninguém duvida da vitória do índio cocaleiro boliviano para um segundo mandato de mais cinco anos, a dúvida é se vai conseguir, como pretende maioria nas duas casas legislativas, e de quanto vai ser a diferença
Foto: Reuters Fontes: G1 , Agência Brasil, Al Jazeera, France24, G1, Rsurgente, O GloboO presidente da Bolívia, Evo Morales, deve fazer história novamente neste domingo. Depois de ser o primeiro mandatário de origem indígena do país, Morales caminha para ser também o primeiro presidente reeleito para um segundo mandato consecutivo, o que só se tornou possível por alterações que ele mesmo promoveu na Constituição. Hoje, domingo 06, é dia de eleições gerais na Bolívia. Os cerca 5,1 milhões de eleitores bolivianos vão escolher além do presidente da República, 130 deputados e 36 senadores. Pela nova legislação, as autoridades eleitorais vão coletar as digitais dos eleitores e fotografá-las, além de digitalizar as assinaturas. Pela primeira vez, aproximadamente 300 mil bolivianos que vivem no exterior vão votar. Todas as pesquisas asseguram a vitória esmagadora do candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) e atual presidente, Evo Morales. A dúvida que resta é se o MAS conseguirá alcançar os dois terços da futura Assembléia Legislativa Plurinacional. Atualmente o Senado é comandado pela oposição. Diferentes pesquisas assinaram que Evo Morales tem uma vantagem de aproximadamente 40 pontos sobre o candidato opositor, Manfred Reyes Villa, do Plano Progresso para a Bolívia (PPB) e o terceiro Samuel Doria Medina, da Unidade Nacional (UN). A maioria das pesquisas afirma que o MAS, ao contrário dos partidos opositores, terá representantes legisladores nos nove departamentos da Bolívia. O MAS pode ganhar de maneira mais contundente em seis departamentos: La Paz, Oruro, Potosi, Cochabamba, Chuquisaca e Tarija e disputa a hegemonia com o PPB em Pando, Santa Cruz e Beni, departamentos opositores considerados como parte da “meia lua” oposicionista, que já causou dores de cabeça ao índio presidente. Foto: Reuters O ato de encerramento da campanha de Evo em El Alto, La Paz, foi uma das maiores concentrações políticas da história do país . Foto: Javier Mamani/AFP A estratégia da oposição ao lançar um candidato prisioneiro, a candidatura é possível pela lei porque Fernández ainda não foi julgado é escancarar o autoritarismo da administração de Morales. Da cela, Fernández envia cartas que são publicadas no site da campanha, denunciando sua condição e clamando por 'justiça'. Foto: Aizar Raleds/AFP Para a doutora em sociologia e professora da Universidad Mayor de San Andrés (La Paz) Fernanda Wanderley, a candidatura de Fernández representa a preocupação da oposição com uma concentração de poder no governo, e o medo é de que esse processo se radicalize. "Ele está preso, mas não há provas, não houve julgamento. Ele representa essa preocupação de que a ausência de uma oposição articulada leve a uma hegemonia do governo Evo Morales." Fernández não é o único candidato do PPB encarcerado. Na semana passada, a candidata a senadora suplente por Cochabamba, Florentina Quilla (foto) foi detida em Oruro. Acusada de estelionato, ela tinha uma sentença condenatória desde 2003, que estava sendo negociada com a justiça, que de repente agilisou o resultado do processo. O favoritismo do presidente da Bolívia, Evo Morales, para vencer as eleições presidenciais é atribuído ao crescimento da economia, aos programas sociais e ao seu estilo de governar, isolando seus adversários políticos. Os quatro anos de governo de Morales foram marcados por um período de expansão da economia, influenciada pelos altos preços das commodities no mercado internacional. A Bolívia exporta gás, soja e minério. Para o economista Javier Gómez, do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (CEDLA, na sigla em espanhol), as commodities financiaram os planos sociais. Ao mesmo tempo, o governo manteve uma estabilidade econômica sem grandes mudanças. “Foi uma estabilidade econômica baseada no controle remoto. Mas o governo Evo também conta com estabilidade política pelo forte apoio popular ao presidente. Não víamos esta estabilidade política desde o fim dos anos 90”, disse Gómez à BBC Brasil. Foto: Associated Press A economia boliviana cresceu 6% em 2008. Neste ano, porém, com a queda nos preços das commodities no mercado internacional, o crescimento deverá ficar em 3%. O mesmo é esperado para 2010. Mesmo assim será o maior da America Latina. Foto: Sabrina Valle/O Globo Pesquisas de opinião indicam que o líder boliviano tem hoje 60% de apoio popular e venceria neste domingo, no primeiro turno, com diferença de cerca de 30% sobre seu principal adversário, Manfred Reyes Villa. Foto: Reuters Durante os quatro anos de seu mandato, Morales manteve mais de 50% de aprovação popular. E o apoio atual vem, principalmente, das camadas pobres e indígenas, a quem o ele prometeu mais autonomia e, com seu projeto socialista, uma melhor distribuição dos recursos naturais do país. Para eles, o presidente é simplesmente Evo. Foto: Reuters O presidente boliviano destacou que, quando a DEA operava na Bolívia, as operações contra o narcotráfico tinham fins puramente "políticos" e reiterou sua rejeição ao fato de que a luta contra o tráfico de drogas seja utilizada como "falso pretexto" para justificar bases ou a presença militar americana na América do Sul. Foto: Reuteres A Bolívia cultiva 12.000 hectares legais de folha de coca, mas cálculos das Nações Unidas apontam para a existência de um total de 30.500 hectares. Este número representa um aumento de 20% em relação aos 25.400 hectares que plantados no país quando Evo chegou à presidência. Foto: Associated Press Pesquisadores dizem que "de 2006 a 2008, 67,5% da produção da coca boliviana foram para o narcotráfico, e a que vem do Chapare, bastião de Evo, 95% foram para os mercados ilegais. O dados do governo e da ONU dizem que o tráfico de cocaína em 2008 movimentou entre 230 e 288 milhões de dólares na Bolívia. Mas pesquisadores independentes afirmam que os números verdadeiros superam 500 milhões, podendo chegar até mesmo a um bilhão de dólares. Foto: Associated Press O analista econômico Humberto Vacaflor, severo crítico do governo de Morales, destacou que, na Bolívia, "a única atividade econômica pujante que não muda com as crises internacionais é a produção de coca e seus derivados". |
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