16 de dez. de 2009

SENADO - MERCOSUL: Obedecendo a Lula senadores aprovaram Chávez

SENADO - MERCOSUL
Obedecendo a Lula senadores aprovaram Chávez
Durante nove horas, em duas sessões, o senado discutiu a adesão da Venezuela de Hugo Chávez ao Mercosul. A oposição se postando contra e os governistas pondo-se a favor. Mas mesmo entre os governistas mais rastejantes, ninguém ousou defender Chávez, diziam que votavam pela Venezuela. No fim, o placar do senado aprovou o protocolo por 35 votos a favor e 27 contra.

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

O placar do senado indicando a aprovação do protocolo de ingresso da Venezuela ao Mercosul 35 a 27. Agora só o congresso do Paraguai pode impedir a entrada de Chávez no bloco econômico sul-americano

Fontes: Folha de São Paulo,Globovision, Estado de São Paulo, Agencia Estado , A tarde

Quando o senado brasileiro discutia a aprovação da entrada da Venezuela ao Mercosul, o principal motivo de recusa, dos que negavam a permissão, era o enfraquecimento da democracia venezuelana tratada com desdém pelo coronel Hugo Chávez.

Mas a democracia brasileira tem seus momentos venezuelanos, quando, por exemplo, o presidente Lula, não resistindo em exibir, seus poderes sobre o submisso Congresso nacional, anunciou, sem o menor respeito pela instituição, que os senadores iriam aprovar, na quinta-feira, o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul.

Não foi numa conversa reservada, nem era um gesto de expectativa otimista, anunciou com certeza de favas contadas, num fórum internacional, a 38ª Reunião de Cúpula do Mercosul, diante do Coronel Chávez, que aproveitou para pressionar o senado Paraguaio, o último bastião parlamentar de rejeição ao presidente venezuelano.

É bem verdade, que para manter um mínimo de dignidade, os senadores destoando da promessa presidencial, demoraram cinco dias a mais, para cumprir a palavra empenhada de Lula, que prometera a aprovação para quinta-feira, o que acabou acontecendo, só ontem, na terça.

Mas observando bem, como os senadores, não comparecem ao expediente do senado as sextas, nem as segundas, com o fim de semana no meio, pode-se dizer, que a resistência do senado, foi de apenas um dia legislativo.

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG), (foto) um primor em elegância, defendeu a aprovação do protocolo, confiante na morte de Hugo Chávez: “Chávez vai morrer um dia. E eu não estou fazendo acordo aqui com Hugo Chávez, eu estou fazendo com o povo da Venezuela. Hugo Chávez é “morrível”! Ele vai morrer em algum momento. Entendeu? “ – argumentou o senador mineiro.

É vexatório imaginar que o presidente assim falou, pois tem maioria parlamentar no senado. Ser da base aliada do governo, não deveria significar um alinhamento automático e subserviente a todas as vontades do governo, lembrar que os senadores estão naquela casa legislativa representando a federação e os interesses dos seus estados de origem e que esses deveriam ser o mais importante norte de suas decisões.

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

"Tanto o Itamaraty quanto o presidente Lula vivem prisioneiros do que Chávez determina", criticou Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). "O coronel Hugo Chávez é um autoritário, um inimigo da liberdade. Aqueles com quem ele não pretende trabalhar são afastados e perseguidos."

Os argumentos apresentados pelos líderes defensores da inclusão resumiam-se na óbvia argumentação de que se estava votando da adesão da Venezuela e não do presidente Hugo Chávez, embora se saiba que ele não pretende apear do poder nunca.

Mas a Venezuela está também comprometida ao apoiar os desmandos e as ações ditatórias de Chávez. Foi o povo venezuelano quem permitiu através de um plebiscito que fosse modificada a constituição do país e permitisse ao coronel se reeleger perpetuamente. O presidente da Venezuela vem inclusive dizendo que pretende concorrer a sua última reeleição em 2025, mas não dá certeza de parar por aí.

Se os venezuelanos querem Hugo Chávez devem arcar com as conseqüências.

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

O presidente do senado José Sarney (PMDB-AP) , (foto) em 2007, usou da tribuna para dizer que Chávez não estava pronto para participar do bloco (Mercosul) e afirmou que o presidente venezuelano poderia comandar uma corrida armamentista na América do Sul, o que representaria "o desequilíbrio estratégico do continente".

Estava rebatendo uma agressão de Chávez que dissera que o Congresso brasileiro repetia "como papagaio" o que era dito em Washington em resposta à moção aprovada no Senado que pedia a reabertura da RCTV, emissora venezuelana que não teve a renovação autorizada.

Durante a votação de ontem, registra a Folha de São Paulo, “Sarney, na presidência do Senado, não fez considerações sobre o projeto”, talvez acredite agora que Chávez já está pronto.

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

Fica vivo e atual o que foi dito pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), (foto) no relatório apresentado a comissão de Relações Exteriores do Senado, quando o protocolo foi discutido:

"Na Venezuela, jornalistas estão na prisão, os servidores públicos são obrigados a filiarem-se ao partido oficial, há presos políticos. Estamos abrindo precedente perigosíssimo. Além disso, em todas as disputas políticas a Venezuela atuou contra o Brasil".

Num relatório paralelo o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) argumentou com interesses comerciais, informando que as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para US$ 5,15 bilhões entre 2003 e 2008 - crescimento de 758% em cinco anos. Diz que hoje, o Brasil tem com a Venezuela seu maior saldo comercial: US$ 4,6 bilhões, valor 2,5 vezes superior ao obtido com os Estados Unidos, de US$ 1,8 bilhão.

O que só comprovou o quanto o Brasil tem se descuidado das relações comerciais com os Estados Unidos.

Um texto da Agência Estado comenta que “a presunção de que o novo sócio dará vigor a um processo de integração estagnado ignora decisões, cenas e declarações procedentes de Caracas.”

”O Congresso ignorou o fato de que o futuro quinto sócio do Mercosul é o país que mais destroçou a instituição democrática na América do Sul e cerceou a livre iniciativa.”

”A alegação do governo Lula de que a submissão à cláusula democrática do Mercosul (Protocolo de Ushuaia, de 1998) trará a Venezuela de Chávez à ordem institucional parece extraída de conto de fadas.”

Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado

"Voto contra el régimen dictatorial que se implanta en Venezuela", declaró el senador opositor socialdemócrata Arthur Virgilio. "No necesitamos comprar el barullo y el desgaste político que esa casi-dictadura implantada por el coronel Hugo Chávez causará en el Mercosur, un Mercosur que agoniza", añadió. (no site da Globovision, a principal televisãoo aberta da Venezuela).


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