8 de dez. de 2009

CONFERÊNCIA DO CLIMA - COPENHAGUE: O futuro do planeta nas mãos dos líderes mundiais

CONFERÊNCIA DO CLIMA - COPENHAGUE
O futuro do planeta nas mãos dos líderes mundiais
Não se pode perder as esperanças na humanidade mas dificilmente esse show de egos que será exibido em Copenhague, venha a salvar o planeta

Foto: Johan Spanner/ The New York Times

O globo terrestre testemunha o debate no centro de conferência em Copenhague, onde a mudança climática está a ser discutido

Fontes: The Guardian, The New York Times, Agência Brasil, BBC Brasil, Agência Brasil

Sob olhares atentos do mundo e com poucas chances reais de terminar com um acordo efetivo, começou nesta segunda (7) em Copenhague (Dinamarca) a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15). Até o dia 18, negociadores de mais de 190 países terão a difícil missão de chegar a um consenso sobre o novo acordo climático para complementar o Protocolo de Quioto depois de 2012.

O desafio inclui a conciliação de interesses de países ricos e nações em desenvolvimento para chegar a níveis de redução de emissões de gases de efeito estufa que evitem o colapso climático do planeta. Também está em jogo a definição de um mecanismo para compensar a redução de emissões pelo desmatamento de florestas e dos valores do financiamento dos países ricos para os que os mais pobres se adaptem às consequências da mudança do clima, conta que até agora não está fechada.

Foto: Miguel Villagran/Getty Images

A abertura 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15)

Os diplomatas chegam a Copenhague sob pressão para evitar o fracasso do encontro, alardeado nas últimas semanas por organizações ambientalistas que temem que a COP-15 termine apenas com um acordo político, sem medidas efetivas para salvar o clima. A expectativa ficou menos sombria após o anúncio de metas e compromissos de países como os Estados Unidos, a China, Índia e o Brasil.

Grande poluidor e único país rico a não assinar o Protocolo de Quioto, os EUA prometeram corte de 17% das emissões até 2020. A China, numa conta mais complicada, anunciou compromisso de corte entre 40% e 45% por unidade de Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, o que na prática ainda significa dobrar as emissões do país. A conta brasileira é de redução entre 36,1% e 39,8% até 2020, o que segundo o governo, vai evitar o lançamento de mais de 1 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera.

Mesmo com parte dos números na mesa, é improvável que a reunião de Copenhague defina o novo regime global para complementar o Protocolo de Quioto. Nos últimos meses, reuniões preparatórias e encontros multilaterais não foram suficientes para fechar pontos importantes do acordo, que, pela regras da Organização das Nações Unidas (ONU), só pode ser aprovado por consenso.

Foto: Reuters

O urso esculpido em gelo, um dos símbolos em Copenhague

Um dos principais é o impasse sobre o financiamento de ações de adaptação e mitigação nos países em desenvolvimento. O dinheiro tem que vir dos países desenvolvidos, mas até agora não há sinal de acordo sobre os valores. Os mais pobres argumentam que são necessários pelo menos US$ 400 bilhões por ano. A melhor proposta na mesa por parte dos países industrializados prevê aporte de cerca de US$ 140 bilhões, mas parte do dinheiro teria que vir dos países em desenvolvimento, caso do Brasil, da China e Índia.

Geralmente representados por diplomatas e ministros, chefes de Estado importantes no jogo da negociação climática já confirmaram presença em Copenhague em algum momento das próximas duas semanas. O norte-americano Barack Obama, o francês Nicolas Sarkozy, a alemã Angela Merkel, o britânico Gordon Brown e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão com presenças confirmadas para a capital dinamarquesa.

Foto: Assiciated Press

Um vídeo projetado em um cubo flutuando no centro da cidade de Copenhague, na Dinamarca, mostra a China, com o maior emissor de CO2 do planeta, seguida pelos Estados Unidos

Além de governos, participam da COP-15 representantes de organizações não governamentais, observadores internacionais e ativistas de todo o mundo. Em duas semanas de reunião, o número de participantes deve passar de 30 mil.

Foto: Reuters

Na cerimônia de abertura da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o secretário-geral do encontro, Yvo de Boer, (foto) conclamou os líderes dos 192 países que participam dos debates a transformarem propostas em ações concretas para reduzir o impacto das mudanças climáticas sobre o planeta.

“O relógio está zerado. Chegou a hora. Temos que transformar propostas em ações”, afirmou de Boer, no rápido discurso, que encerrou a cerimônia de abertura.

O secretário-geral disse que o “bolo de Natal”, que ele espera de presente este ano, ao final das duas semanas de discussões, é dividido em três partes: a base é formada pelas ações de mitigação de emissões de gases que provocam o efeito estufa, numa clara referência aos compromissos dos países em desenvolvimento, especialmente China, Índia, Brasil e África do Sul.

Foto: Associated Press

Jornalistas de todo o planeta acompanham a conferencia e dão notícias em tempo real

A segunda parte do bolo, segundo de Boer, seria formada pelas metas dos países ricos para reduzir as emissões atuais e financiar ações dos países pobres para adaptar a economia às novas tecnologias limpas e renováveis. Já a “cereja no topo do bolo” seria um termo de cooperação entre todos os países para desenvolver ações mundial coordenadas visando a combater o aquecimento global.

A meta do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) é reduzir as emissões mundiais entre 25% e 40% até 2020, considerando o nível de emissões registrado em 1990.

Foto: Reuters

O chefe do IPCC, Rajendra Pachauri, destacou o efeito imediato que o aquecimento global já exerce sobre as comunidades costeiras e sobre as populações em áreas de risco, como é o caso de milhões de habitantes de Bangladesh, um dos mais populosos países do planeta.

Ele ainda destacou a polêmica criada, há duas semanas, pela revelação de e-mails, interceptados por hackers na universidade inglesa de East Anglia, apontando para a tentativa de esconder estudos que indicariam o pequeno impacto da ação humana sobre o aquecimento da terra. “Milhares de pesquisadores independentes trabalharam duro nos últimos anos e deixaram claro o efeito dramático das mudanças climáticas”, alertou Pachauri.

Ele lembrou que todos têm responsabilidade sobre os efeitos do aumento da temperatura do planeta. “A comunidade Internacional tem responsabilidade moral e material para combater as mudanças climáticas.”

Foto: Jason Lee/Reuyers

Já o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, lembrou que o mais difícil é garantir um entendimento entre os países, levando em conta o grande número de interesses econômicos em jogo ao longo das discussões.

“Ninguém aqui pode subestimar nossas diferenças, mas o esforço é para que as diferenças sejam superadas”, sugeriu na abertura da cerimônia.

Os discursos de abertura foram precedidos por uma rápida apresentação cultural e um videoclipe, demostrando o impacto das mudanças climáticas sobre as próximas gerações. Mais de 20 reuniões estão marcadas neste primeiro dia de evento.


Apesar de ter consultado outras fontes, utilizamos basicamente apensa dois textos da Agência Brasil

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