Empresa de amigo do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ganha contrato milionário sem licitação e muitas vantagens
Foto: Fotos Cristiano Mariz
Fonte: Fonte: Revista Veja
O texto escrito para Veja, desta semana, por Gustavo Ribeiro, mostra como continua a operar, nas sombras, a turma do PT do mensalão, dos milhões, do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, com a mesma desenvoltura e esperteza de sempre.
Para acabar com os problemas de estacionamento em Goiânia, a prefeitura do município tirou da gaveta um projeto que parece bom demais para ser verdade. A ideia é instalar 20. 000 parquímetros na cidade sem desembolsar um único tostão e, melhor, ficar com parte dos recursos arrecadados.
A empresa encarregada de fazer o serviço foi a Enatech/GDT, que, criada três meses antes da assinatura do contrato, não precisou enfrentar os processos convencionais de licitação. Ela foi convidada a executar o trabalho de instalação, operação e manutenção dos aparelhos e receberá até 112 milhões de reais. É muito? É um terço da arrecadação prevista nos próximos cinco anos.
Nesse ponto, o que parecia bom demais para ser verdade chamou a atenção das autoridades.
Foto: Celso Junior/AE
AMIGOS, AMIGOS... A influência de Delúbio Soares (de chapéu) teria dado ao empresário Jaime de Oliveira um contrato de até 112 milhões de reais
O belo, estranho e lucrativo negócio dos parquímetros de Goiânia tem ainda outro componente meio, digamos, fora da curva da normalidade. Quem está por trás da transação é Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e um dos principais personagens do escândalo do mensalão.
O projeto dos parquímetros estava guardado na gaveta da administração municipal do PT desde 2004. Para apoiar o atual governo, do peemedebista Iris Rezende, os petistas reivindicaram cargos, entre os quais os da Agência Municipal de Transportes.
No órgão, materializou-se a ideia - e alguém lembrou que a empresa Enatech, por coincidência, já tinha o projeto prontinho na gaveta. Para driblar a lei das licitações, a prefeitura fez um contrato com a Câmara de Diretores Lojistas (CDL), uma entidade privada, que, por sua vez, subcontratou a Enatech.
O dono da empresa, Jaime Ferreira de Oliveira, é companheiro de longa data de Delúbio Soares.
Garante Jaime: "O Delúbio é um grande amigo, mas nada tem a ver com esse negócio, que é totalmente normal".
O Ministério Público de Goiás não pensa assim. "São escandalosas as evidências de irregularidades nesse contrato", diz a promotora Villis Marra, que vai ingressar com ação civil pública por improbidade administrativa contra o prefeito Iris Rezende, o presidente da estatal de trânsito, o petista Miguel Tiago, e o presidente da CDL, Melchior Abreu Filho.
"Esse negócio só aconteceu por causa da força política do Delúbio", acusou da tribuna o vereador Santana Gomes, do PMDB. O ex-tesoureiro petista não quis comentar o assunto.
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