27 de dez. de 2009

SURINAME: Chacina contra imigrantes brasileiros

SURINAME
Chacina contra imigrantes brasileiros
Para vingar um local morto por um brasileiro, durante uma briga, os marrones, com são conhecidos os surinameses quilombolas, atacaram da forma violenta a comunidade brasileira e chinesa em Albina, a capital do estado de Marowijne, ao norte do Suriname, causando mortes, pelo menos 7 pessoas, mais relatos de estupros e destruição de bens dos imigrantes

Foto:Reuters

Os “marrones” deixaram um rastro de destruição por onde passaram: veículos queimados na frente dos tambéns destruídos hotel e pequeno shopping (foto tirada no dia 26 de dezembro, um dia depois dos conflitos)

Fontes: Ultimo Segundo , Abril Notícias, O Globo, O Globo, BBC Brasil

A morte de um surinamês, esfaqueado por um brasileiro, foi o estopim, para que o os locais, os marrones, da comunidade do morto, chegasse à região povoada por brasileiros armados de facões e paus e agredissem todos que encontraram pela frente.

"Os números são contraditórios. O número não foi confirmado, mas já passa de sete mortos. A senhora que perdeu o bebê foi cortada e o bebê arrancado da barriga morreu na tarde do sábado. Encontramos também um corpo na água e isso impactou a todos", relatou o padre brasileiro José Vergílio, que comanda a rádio Katólica FM no Suriname, que esteve no local no sábado (26) e afirma que ainda não há informação sobre as nacionalidades dos mortos, mas que há brasileiros e possivelmente surinameses entre as vítimas.

O número de vitimas fatal pode crescer por que 17 brasileiros estão ainda desaparecidos.

O sacerdote católico disse que apesar de serem os brasileiros o alvo principal do ataque, cometidos em represália ao homicídio supostamente cometido por um brasileiro, outros estrangeiros como chineses, peruanos e colombianos também foram vítimas.

Vergilio contou que cerca de 20 brasileiras foram atacadas sexualmente, um centro comercial e outros negócios foram destruídos pelos cerca de mil surinameses enfurecidos.

Foto: Reuters

Os sobreviventes foram levados a capital, Paramaribo em helicóptero

As autoridades do país intervieram e transportaram os sobreviventes, 81 brasileiros, pelo menos, de Albina, o local da agressão, para Paramaribo, incluindo 14 feridos nos ataques, sete deles em estado grave. O próprio governo surinamês confirmou que pelo menos 20 mulheres foram estupradas e mais de 120 pessoas tiveram que ser retiradas às pressas da cidade após os ataques contra trabalhadores estrangeiros, a maioria brasileiros, mais alguns imigrantes chineses.

Um dos garimpeiros, Enoque Luz, de 38 anos, há seis anos trabalhando no Suriname, dos quais os últimos oito meses na fronteira norte com a Guiana Francesa, disse ao jornal O GLOBO, por telefone, que nunca pensou que a hostilidade que rege as relações entre brasileiros e os surinameses quilombolas (os marrones) fosse se transformar numa carnificina.

Nas seis horas em que ficou no mato perto da cidade de Albina, observando arderem em chamas documentos, ferramentas, insumos e o dinheiro economizado, ele só encontrava paz em uma imagem:

- Meu filho são e salvo na capital (Paramaribo) - afirmou o garimpeiro, que teve medo de morrer carbonizado com a mulher, Cilene, nos minutos que ficou trancado na cozinha do restaurante e mercearia Churrasquinho. - Não sei como conseguimos sair dali com vida. Consegui com outros companheiros arrombar a porta, pulamos uma cerca e corremos pro mato.

Enoque e Cilene estão hospedados no Hotel Esmeralda, em Paramaribo, para onde foram levados os brasileiros sobreviventes.

Foto: Reuters

Brasileiros e chineses hospedados em Paramaribo, trazidos para capital depois da chacina, pelas autoridades do Suriname

Seu companheiro de garimpo, Francisco Silva, relembra o episódio da Véspera de Natal com voz trêmula:

- Onde eles sabiam que tinha casa que brasileiro parava, eles invadiam, iam entrando, quebrando. Não foi só o barracão. Desligaram as luzes, botaram fogo em postos, na mercearia, nos dois barracões. Bateram sem piedade, até em mulher.

Ele reforça a suspeita de que os moradores locais estupraram brasileiras: - Uma amiga nossa foi achada de manhã no mato com as calcinhas arriadas. A polícia chegou e não teve coragem de entrar no mato pra ver como que estavam as coisas de verdade.

Foto: Reuters

Uma visão geral de um supermercado de propriedade de imigrantes chineses saqueado em meio do tumulto

Uma visão geral de um supermercado de propriedade de imigrantes chineses saqueado no meio do tumulto Os brasileiros dizem que a violência gratuita começou com o ataque a seis pessoas no barracão, antes de um brasileiro matar um surinamês no Churrasquinho.

- Ele (o surinamês morto) era um valentão, confiava que ele era o maioral. Como a terra é deles (marrones), eles querem mandar na força, porque muitos de nós não têm direito (a garimpar) pela lei. E assim foi, ele (o surinamês) chegou com outros batendo. Aí partiu pro Churrasquinho, só que o outro brasileiro se ofendeu e usou a faca. Daí em diante virou chacina - lembra Francisco. - Mas não tinha nada de briga ou dívida pra acertar, Ele (o morto) é daquelas pessoas que quando bebem transpassam.

Enoque diz que os brasileiros se sentem desamparados e esperam ver seus direitos reconhecidos. Questionado se os garimpeiros imigrantes voltarão para casa, ele foi cético: - Não temos nada no Brasil, o que vamos fazer em casa? As autoridades disseram que vão normalizar as coisas. Estamos na fé.

Arte portal G1

Com cerca de 10 mil habitantes, Albina fica no Norte do Suriname, na fronteira com a Guiana Francesa. A maioria dos brasileiros que vivem no local trabalha com a exploração ilegal de garimpo, atividade proibida no país.

Uma missão de oito representantes do governo brasileiro e surinamês e da polícia local viaja neste domingo para Albina, para avaliar as consequências do conflito. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Brasília às 7h em direção à região.

- A situação está sob controle militar nesse instante. A polícia local e o exército cercaram a área. Nenhuma pessoa branca pode permanecer na área e foram para capital ou para Guiana Francesa. Até índios nativos estão sendo confundidos com brasileiros.

O chefe de polícia Chandrikapersad Santokhi disse que vários suspeitos pelo ataque já foram presos. Ele afirmou que "não há justificativa para o que aconteceu". O brasileiro acusado de esfaquear o surinamês continuava foragido.


Um comentário:

Anônimo disse...

vocês tyem os nomes de todos incluindo os que foram mortos e os vivos da chacina do suriname pois eu tenho uma dúvida de que o meu pai estivesse lá o nome dele é Francisco Gomes Filho.