13 de dez. de 2009

CHILE: Hoje tem eleições para substituir Bachelet

CHILE
Hoje tem eleições para substituir Bachelet
A disputa segundo pesquisas irá para um segundo turno, mas um candidato de direita, o mega-empresário Sebastian Piñera deverá, por fim, ganhar o pleito

Foto: Reuters

O candidato líder nas pesquisas, o bilionário Sebastian Piñera e sua esposa Cecilia Morel, no comício de encerramento da campanha dia 10 de dezembro

Fontes: , La Tercera, AFP, Estadão

O multimilionário empresário e político conservador Sebastián Piñera é o favorito para ganhar as eleições presidenciais de domingo no Chile. Contudo, segundo as pesquisas, ele não evitaria um segundo turno, previsto para 17 de janeiro.

Piñera vai provavelmente enfrentar o candidato do governo, Eduardo Frei, no segundo turno.

Caso saia vencedor, o empresário será o primeiro presidente de direita eleito no Chile em meio século e porá fim a décadas de governos da coalizão de centro-esquerda Concertación.

Piñera, com 60 anos, atua em áreas como transporte aéreo e televisão. A revista Forbes o coloca entre os mil homens mais ricos do mundo. Ele ingressou na política em 1989, quando foi eleito senador por Santiago.

Foto: Associated Press

Eduardo Frei, que já foi president do Chile, é o segundo colocado nas pesquisas, acompanhado de sua esposa Marta Larraechea

O principal adversário do empresário, Eduardo Frei, foi presidente do Chile entre 1994 e 2000. Com 67 anos, o engenheiro e empresário é filho do carismático ex-presidente Eduardo Frei Montalva que, de acordo com as últimas investigações, foi assassinado durante a ditadura no país.

Todos querem ser Bachelet
Nem um dos candidatos que disputam as eleições tem coragem de criticar a atual presidente, pelo contrário, em uníssono, falam em governar no mesmo estilo da carismática política chilena

Foto: Associated Press

Impedida pela lei de se candidatar à reeleição, a presidente socialista do Chile, Michelle Bachelet, com uma popularidade que beira os 80%, é uma figura de destaque nas eleições chilenas, na qual todos os candidatos se comprometeram a dar continuidade a seu trabalho.

Bachelet assumiu em março de 2006 como a primeira mulher a governar o país. No início, enfrentou severas críticas, que miravam em sua suposta falta de personalidade e liderança. Agora, a poucos meses de deixar o poder, se transformou na presidente mais popular da história do Chile.

Sua curva de popularidade apresenta um paradoxo: as pesquisas davam a Bachelet 35% de aprovação quando o país passava por uma fase de bonança econômica (outubro de 2006), mas este percentual mais que dobrou em plena crise.

Sua decisão de economizar recursos em épocas de "vacas gordas" para utilizá-los em planos que ajudaram o Chile a escapar quase ileso da crise econômica mundial agradou os eleitores. Agora, todos os candidatos a sua sucessão prometem manter a bem sucedida rede de proteção social que ela criou.

"Eu digo com orgulho: vou ser o continuador da presidente Bachelet", afirmou o candidato governista Eduardo Frei, que está em segundo lugar nas preferências. Ele foi publicamente apoiado por Bachelet, mas isto não contribuiu muito para que avançasse nas preferências dos eleitores chilenos. Barchelet dançando a Cueca, uma dança folclórica chilena diante do Palácio de La Moneda, Santiago, Chile, no dia da festa da independência

Foto: Associated Press

O dissidente de esquerda Marco Enríquez-Ominami, que aparece com Lula na foto, é o terceiro nas pesquisas, se apresentou como o verdadeiro continuador do governo, argumentando que encarna o mesmo espírito rebelde de Michelle Bachelet.

"Esta candidatura é, finalmente, a continuação lógica da liderança da presidente Bachelet", afirmou Enríquez, que se afastou do governo para se apresentar como candidato independente.

O empresário Sebastián Piñera, candidato de direita e favorito a vencer o pleito de domingo, também não teve problemas em incluir a imagem de Bachelet em sua campanha eleitoral.

"Piñera disse que muitas políticas da presidente vão continuar. A imagem da presidente é patrimônio de todos os chilenos", afirmou Rodrigo Hinzpeter, chefe da campanha de Piñera, defendendo-se de críticas por ter associado a imagem de Bachelet a seu candidato.

Foto: Getty Images

Conversando com Obama, no jantar Oficial da quinta Cúpula das Américas, em Port of Spain, Trinidad e Tobago

Para os analistas, a popularidade de Michelle Bachelet está associada a seu acertado gerenciamento econômico e à tenacidade que apresenta ao defender sua obra social.

Bachelet definiu a proteção social como o eixo principal de seu governo. Durante seu mandato, estabeleceu uma pensão básica universal para os aposentados mais pobres, triplicou o número de creches públicas e instituiu a distribuição gratuita de um pacote completo de acessórios para mães que dão à luz nos hospitais públicos, entre outras medidas.

Para o cientista político da Universidade do Chile Guillermo Holzmann, a disputa dos candidatos à presidência pela imagem de Bachelet é um elogio e tanto a seu trabalho.

Foto:Associated Press

Barchelet dançando a Cueca, uma dança folclórica chilena, diante do Palácio de La Moneda, no dia da festa da independência

"O fato de que Piñera a utilize em sua campanha é um reconocimiento implícito de que no Chile não há um modelo alternativo, e sim que aceitamos um só: de reinserção plena na globalização. Não há direita ou esquerda", disse Holzmann à AFP.

"Se há 80% de popularidade é porque há um importante setor da direita a favor dela", explicou por sua vez Carlos Huneeus, diretor do Centro de Estudos da Realidade Contemporânea (CERC).



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