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28 de dez. de 2013

Anistiada pela Rússia, brasileira do Greenpeace, presa sob acusação de vandalismo, já está em Porto Alegre

BRASIL - Meio Ambiente
Anistiada pela Rússia, brasileira do Greenpeace, presa sob acusação de vandalismo, já está em Porto Alegre
A gaúcha Ana Paula Maciel, que integrava o grupo de 30 ativistas do Greenpeace detido na Rússia, aterrissou às 11h, neste sábado, em Porto Alegre, sua cidade natal. Foram cem dias de apreensão e incerteza desde foi presa em águas internacionais durante um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico. Acusados de pirataria e vandalismo, ela e os outros ativistas, correram o risco de passar até 15 anos na prisão.

Foto: Greenpeace

"Resolveram nos dar a anistia porque era a única forma de sair do buraco no qual eles mesmos se meteram". - disse a biáloga Anta Paula, no aeroporto de São Paulo, sua primeira escala no Brasil, referindo-se à Rússia

Postado por Toinho de Passira
Fontes:  R, Terra, Diario de Pernambuco , Zero Hora, Greenpeace

A bióloga e ativista do Greenpeace, Ana Paula Maciel, de 31 anos, desembarca no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, na manhã deste sábado (28). Ana Paula foi presa com outros 27 ativistas e dois jornalistas em 19 de setembro de 2013 a bordo do barco Artic Sunrise, acusados de pirataria durante protesto contra a exploração de petróleo no Ártico.

A ativista recebeu a anistia e visto de saída do governo da Rússia e e em seguida partiu para Porto Alegre (RS), onde já se encontrou com sua família.

Em entrevista concedida à Agência Efe nesta semana, a brasileira disse que sente alívio por poder voltar para casa, mas que o momento não é de comemoração. Ela explicou que a anistia concedida pelo governo local não significa o encerramento definitivo das acusações contra ela e o restante do grupo.

Foto: Diego Vara/Agência RBS

No Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, Jairo Maciel, pai de Ana Paula, aguardava a filha com um presente: uma orca de pelúcia

— Ao contrário do que está sendo divulgado, a Rússia simplesmente parou de investigar o caso, mas agora em nossa ficha criminal vai constar 'hooliganismo' (vandalismo).A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace que foi presa na Rússia com outros integrantes da organização ambiental, disse nesta quinta-feira (26) em entrevista à Agência Efe que sente alívio por poder voltar para casa, mas que o momento não é de comemoração.

A ativista explicou que a anistia concedida pelo governo local não significa o encerramento definitivo das acusações contra ela e o restante do grupo.

"Ao contrário do que está sendo divulgado, a Rússia simplesmente parou de investigar o caso, mas agora em nossa ficha criminal vai constar 'hooliganismo' (vandalismo)", corrigiu Ana Paula.

"Fomos perdoados por um crime que não cometemos", explicou a ambientalista, que teme principalmente pelo futuro dos quatro ativistas russos detidos após o protesto do Greenpeace no mar Ártico.

"Eles ficarão com a ficha suja em seu país", alertou. Ana Paula explicou que nesta sexta-feira assinará um documento afirmando que entrou ilegalmente na Rússia contra sua vontade e que, desta forma, poderá deixar o país.

A Rússia não exige visto para brasileiros, apenas um carimbo de entrada, algo que a bióloga não possui pois ingressou forçosamente no país.

Ana Paula afirmou que se sente aliviada por poder voltar a seu país, mas também que o sentimento dos ativistas do Greenpeace não é de comemoração.

"É o fim de uma saga de três meses, mas fomos perdoados por um crime que não cometemos e pelo qual não deveríamos ter sido acusados", criticou a bióloga, para quem a prisão do grupo representou um golpe à liberdade de expressão. Além disso, Ana Paula lamentou que a companhia estatal russa Gazprom tenha começado a perfurar petróleo no Ártico justamente na época em que a anistia foi concedida.

"Não há motivos para comemorar", afirmou. Os 30 tripulantes da embarcação "Artic Sunrise" foram detidos em águas do Ártico em 19 de setembro pela guarda fronteiriça quando tentavam subir na plataforma Prirazlomnaya, da Gazprom, que segundo o Greenpeace descumpre medidas de segurança e ameaça o ecossistema da região.

"A Gazprom é uma empresa estatal com poder político muito grande", contextualizou a bióloga. Ana Paula acredita que a perseguição e o tratamento duro recebido pelos ativistas na Rússia se devem em grande parte à pressão da companhia.

Sobre o período que passou na prisão, Ana Paula Maciel disse que foram os dias mais difíceis de sua vida: "foi horrível, é um terror psicológico muito grande, só quem viveu uma experiência dessa pode ter ideia".

O Greenpeace sinalizou que tentará agora recuperar o Artic Sunrise, que ficou retido no porto de Murmansk. A bióloga contou que trabalha há cerca de sete anos em navios da organização ambiental e que boa parte das viagens foi feita justamente no Artic Sunrise.

"É minha segunda casa", brincou. E apesar do sofrimento dos últimos meses, Ana Paula garantiu que não irá abandonar sua militância ambiental e as atividades do Greenpeace, inclusive no Ártico.

Foto: Greenpeace

"Quando todos estivermos em casa, vamos nos reunir para avaliar que medidas iremos tomar. Não vou parar minhas atividades, estarei onde for necessário, no Ártico, na Amazônia, no Pantanal", afirmou.

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20 de nov. de 2013

Bióloga brasileira, do Greenpeace, sai da prissão, na Rússia, após pagamento de fiança

RÚSSIA - BRASIL
Bióloga brasileira, do Greenpeace, sai da prisão,
na Rússia, após pagamento de fiança
A gaúcha Ana Paula Maciel é a primeira do grupo de ativistas do Greenpeace a receber a liberdade provisória, ou seja, direito de responder o processo, onde é acusada de vandalismos, em liberdade

Foto: Anatoly Maltsev/EFE

Brasileira fotografada ao deixar a unidade prisional, em São Petersburgo

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Opera Mundi, UOL

A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, deixou nesta quarta-feira, 20, o Centro de Detenções em São Petesburgo, na Rússia, após pagamento de fiança de 2 milhões de rubros (R$ 138 mil). Na terça-feira, 19, a Justiça russa concedeu liberdade à gaúcha. A brasileira é a primeira do grupo de 28 ativistas e 2 jornalistas a ganhar a liberdade - eles foram detidos em 19 de setembro depois que tentaram escalar uma plataforma de petróleo em protesto contra a exploração no Ártico. O chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo telefonou para Ana Paula com o objetivo de manifestar apoio, segundo a conta oficial do Itamaraty no Twitter.

Em nota, o Greenpeace afirmou que ainda não foram divulgados pela Justiça russa os detalhes sobre as condições e restrições impostas àqueles que ganharem liberdade provisória. "Não se sabe, portanto, se Ana Paula poderá deixar o país ou receber visitas. Essas informações devem ser esclarecidas nos próximos dias", disse a ONG. "Meu coração de mãe sempre me disse para eu manter a fé. Mal posso esperar para ter minha amada filha nos meus braços e de volta para casa. Sabemos que o caso ainda não terminou, mas minha filha é uma guerreira e superará tudo isso no final", afirmou Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, segundo o Greenpeace.

Até agora, de acordo com a ONG, a Justiça russa concedeu liberdade provisória, sob fiança, a 18 pessoas do grupo de ativistas. O pagamento está sendo providenciado pelos advogados. Onze pessoas ainda aguardam suas audiências. E um deles, o australiano Colin Russell, teve a prisão estendida por três meses.

"As imagens da nossa querida amiga Ana Paula saindo do Centro de Detenções é algo que milhões de pessoas ao redor do mundo vão receber como sinal de esperança. Esperamos que os outros 29 guerreiros tenham o mesmo destino, que possam voltar para suas famílias e que sua mensagem pelo Ártico alcance as pessoas", afirmou o diretor executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo. "Porém, nenhum de nossos amigos estará, de fato, em liberdade enquanto as acusações continuarem de pé e enquanto eles não puderem voltar para suas casas".

A situação da brasileira é um dos principais temas do encontro entre o chanceler Luiz Alberto Figueiredo e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que ocorre nesta quarta em São Petersburgo.

Beijando cariosamente a Polícia de Choque

ITÁLIA - Protesto
Beijando cariosamente a Polícia de Choque
Manifestante italiana mostra como domar um policial da tropa de choque

Foto: Marco Bertorello / AFP - Getty Images

O carino atravessou a viseira e atingiu em cheio o policial

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Photo Blog - NBC News, AFP


Milhares de pessoas fizeram uma manifestação contra a construção de uma linha de trem de alta velocidade que vai passar pela pequena villlage Alpine.

A polícia estimou a multidão em 7000, enquanto os organizadores prometendo "sitiar esta pequena parte do país que se endividando milhões de italianos" colocam o número em 40 mil.

Eles planejam uma nova ação em Roma nesta quarta-feira durante uma cúpula franco-italiana com a presença do primeiro-ministro italiano Enrico Letta, seu colega francês Jean-Marc Ayrault e o presidente francês, François Hollande quando deverão anunciar o projeto.

Na terça-feira, a perfuração começou na vizinha Chiomonte para cavar um túnel de reconhecimento para o projeto controverso.

Os defensores da linha ferroviária de alta velocidade argumentam que ela vai livrar as estradas de um milhão de caminhões e evitar cerca de três milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa a cada ano.

A linha vai reduzir o tempo de viagem entre Milão e Paris de sete para quatro horas.

O projeto, lançado em 2001, sofreu atrasos e agora está definido para a conclusão em 2025 ou 2026, a um custo total de 26 bilhões de euros (35000 milhões dólares), dos quais 8,5 bilhões de Euros destinam-se ao túnel transfronteiriço, que será de 57 quilômetros de comprimento.

A União Europeia vai pagar 40 por cento desse montante, ou 3,4 bilhões de euros, enquanto a Itália e a França irão financiar o restante.

Moradores e ativistas ambientais dizem que além de caro e desnecessário o projeto se realizado vai causar danos insanáveis no meio ambiente.

19 de nov. de 2013

Justiça russa decide: brasileira, Ana Paula, do Greenpeace, responderá processo em liberdade

BRASIL - RÚSSIA
Justiça russa decide: brasileira, Ana Paula, do Greenpeace, responderá processo em liberdade
A brasileira, detida na Rússia, foi a primeira estrangeira a ser libertada condicionalmente mediante fiança. O tribunal russo decidiu, na manhã desta terça-feira, que Ana Paula poderá responder ao processo em liberdade, após pagamento de fiança, com a obrigação de permanecer no país.

Foto: Olga Maltseva / Greenpeace International

Após a audiência de Ana Paula Maciel, a ONG publicou uma foto da bióloga sorrindo no momento que saia da audiência onde foi anunciada a decisão.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Greenpeace, Swissinfo, Zero Hora, "thepassiranews", Twitter Greenpeace Brasil

A Justiça russa libertou nesta terça-feira sob fiança a bióloga brasileira Ana Paula Maciel e nove outros militantes do Greenpeace detidos durante uma ação da organização de defesa do meio ambiente no Ártico, elevando a 12 o número de ativistas libertados.

Além da brasileira, o holandês David John Haussmann, o argentino Miguel Hernan Perz Orzi, o polonês Tomasz Dziemianczuk, o italiano Cristian s'Alessandro, a argentina Camila Speziale, o canadense Paul Ruzychi, o francês Francesco Pisanu e a finlandesa Sini Saarela, detidos em setembro no navio Artic Sunrise, serão libertados após o pagamento da fiança.

Segundo o Greenpeace, as audiências dos demais detidos serão retomadas na quarta-feira.

Na segunda-feira, a Rússia libertou três russos após o pagamento de fiança de dois milhões de rublos (45.000 euros, quase 140.000 reais): o porta-voz Andrei Allakhverdov, a médica Ekaterina Zaspa e o fotógrafo independente Denis Siniakov.

Em contrapartida, o australiano Colin Russel teve a sua detenção prorrogada até 24 de fevereiro, no primeiro dia de audiências em São Petersburgo, para onde os 30 ativistas foram recentemente transferidos após permanecerem presos em Murmansk, porto russo do mar de Barents.

O greenpeace já arrecadou o valor necessário para a libertação dos quatro ativistas e vai depositar a fiança nas próximas horas.

"É a melhor notícia que recebi em dois anos, mas a justiça só será feita quando todas as acusações absurdas forem retiradas", reagiu Rosangela Maciel, a mãe de Ana Paula, de 31 anos, em um comunicado divulgado pelo Greenpeace.

A presidente Dilma Rousseff também se manifestou sobre a libertação da bióloga.

"Fiquei muito feliz com a notícia de que a bióloga brasileira Ana Paula Maciel poderá, mediante fiança, responder em liberdade ao processo ante a justiça da Rússia", declarou Dilma em sua conta no Twitter.

Ela também recordou que o ministério das Relações Exteriores brasileiro tem acompanhado o caso.

De fato, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo viajará em visita oficial à Rússia em 20 de novembro, e pretende abordar o caso, segundo o Itamaraty.

Foto: Marco Antonio Filho/Greenpeace

Em solidariedade aos 28 ativistas e dois jornalistas presos há dois meses na Rússia por um protesto pacifico, mais de 150 pessoas passaram pela falsa cela montada pelo Greenpeace no Parque da Redenção, em Porto Alegre, cidade natal de Ana Paula Maciel.

Segundo o advogado do fotógrafo Denis Siniakov, entrevistado pela rádio Echo de Moscou, os ativistas cuja audiência foi realizada segunda-feira poderão ser libertados ainda nesta terça.

"A libertação sob fiança de quatro membros da tripulação é, sem dúvida, uma boa notícia", comemorou o Greenpeace em um comunicado.

"Mas não podemos esquecer que as acusações não foram retiradas e que eles ainda correm o risco de serem condenados à prisão", ressaltou Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace.

"Não temos ideia das condições nas quais vão viver nossos amigos quando forem libertados, se eles permanecerão em prisão domiciliar ou se terão o direito de sair", indicou.

Naidoo acrescentou que a ONG está com o "coração partido" pelo ativista australiano cuja detenção foi prorrogada.

Vários tribunais de São Petersburgo iniciaram na segunda-feira a análise da detenção provisória dos 30 tripulantes que expira em 24 de novembro.

Os 30 membros da tripulação do Arctic Sunrise foram detidos no dia 19 de setembro pelas autoridades russas quando tentavam escalar uma plataforma de petróleo no mar de Barents para denunciar os riscos ambientais.

Eles devem responder às acusações de pirataria e de vandalismo, pelas quais podem ser condenados, respectivamente, a 15 e sete anos de prisão.

A detenção da tripulação do Arctic Sunrise causou um alvoroço na sociedade civil internacional.

Celebridades como Madonna e Paul McCartney pediram a libertação dos ativistas e as ações de protesto têm aumentado em todo o mundo a cada dia.

Sábado, militantes do Greenpeace protestaram em várias cidades, de Londres a Nova Délhi, para exigir a libertação dos ambientalistas.

O Tribunal Internacional do Direito Marítimo, com sede em Hamburgo, na Alemanha, vai proferir a sua decisão sobre o caso em 22 de novembro. Essa jurisdição da ONU, competente para resolver disputas marítimas, foi acionada pela Holanda, o navio do Greepeace, o Arctic Sunrise, oficialmente é de bandeira holandesa.

A Rússia decidiu ignorar esse procedimento.

Foto: Denis Sinyakov/Greenpeace

Momento em que os ativistas do Greenpeace tentavam escalar a plataforma russa em pleno Ártico, para protestar pacificamente, contra exploração de petróleo na região, o que ocasionou a prisão de todo o grupo

25 de ago. de 2013

Greepeace protesta, no GP de Spa-Francochamps, contra a Shell por explorar petróleo no Ártico

BÉLGICA – Meio Ambiente
Greepeace protesta, no GP de Spa-Francochamps,
contra a Shell por explorar petróleo no Ártico
Vária intervenções foram implementadas pelos ativistas do Greenpeace, durante a realização do grande premio de Formula 1, na Bélgica. Escalaram teto da arquibancada, saltaram de parapente e fizeram rapel sobre o pódio. Queriam chamar a atenção sobre a exploração de petróleo no Ártico, feito pela Shell, uma das maiores patrocinadoreas do evento.

Foto: Francois Lenoir/Reuters

O banner de 20 metros na frente da área VIP

Postado por Toinho de Passira <
Fontes: Greenpeace, Reuters, Terra, Daily Mail, Eurosport

Ativistas do Greenpeace Bélgica driblaram a segurança do Grande Prêmio de Fórmula 1 e escalaram o teto da principal arquibancada frontal a área VIP, depois desenrolaram um banner de 20 metros com a mensagem: “ARCTIC OIL? SHELL NO!” (Petróleo do Ártico? Não Shell!). A petrolífera anglo-holandesa é a principal patrocinadora do evento, parceira da escuderia da Ferrari e paga milhões pra ter seu logotipo estampado ao longo do circuito de Spa-Francochamps.

Antes da largada, dois parapentes do Greepeace voaram sobre o circuito exibindo um banner que alertava sobre os planos da Shell de explorar petróleo no Ártico, esse ecossistema frágil e único. Um terceiro grupo de ativistas chegou a estender outro banner sobre o logo da Shell exposto na curva Raidillon, mas a mensagem foi removida pela polícia.

Um dos alpinistas que alcançou o telhado da arquibancada, Tony Martin, de Bruxelas declarou: “Esse Grand Prix é o principal dia do ano para a Shell. Eles gastaram milhões de euros para ter sua marca estampada por todos os lados e para receber seus convidados VIPs, mas eles não estão dispostos a dialogar sobre seus planos de perfurar o Ártico. É por isso que estamos aqui, para fazer com que o público e os fãs da Fórmula 1 saibam o que esta companhia realmente pretende”, declarou Martin antes de partir para a ação. A Shell já investiu US$ 5 bilhões em seu programa de exploração de petróleo no Ártico, mas depois de uma série de fracassos vergonhosos – incluindo uma plataforma encalhada e o incêndio em um navio plataforma, no Alasca – a empresa foi forçada a abandonar os planos para explorar petróleo na costa do Alasca nesse verão. Mas não desistiu e assinou um acordo com a gigante estatal russa Gazprom para perfurar o Ártico na Rússia, onde as leis são frouxas e os acidentes comuns.

Fotos: Associated Press



Um helicóptero da polícia voa próximo a uma das duas manifestantes do Greenpeace antes Grande Prêmio deste domingo

O Serviço Geológico dos EUA estima que o Ártico pode deter 13 por cento do petróleo não descoberto do mundo e 30 por cento de seu gás.

Vanessa Hall, um ex-vereadora da Câmara Municipal de Manchester, um dos escaladores do telhado, disse:

Mais de 3,5 milhões de pessoas em todo o mundo aderiram à campanha Salve o Ártico, do Greenpeace. Uma delas é Vanessa Hall, escaladora inglesa que esteve sobre o telhado da arquibancada do circuito, desenrolando o banner.

“Esse esporte tem tudo a ver com inovação tecnológica em engenharia e segurança. Porém, no Ártico, a Shell utiliza métodos e equipamentos desenvolvidos antes mesmo de os pilotos nascerem”, disse Hall. “O único motivo pela qual a Shell pode explorar aquela região é devido ao derretimento da camada de gelo, que está sendo causada pelo uso em excesso do combustível fóssil que eles estão indo procurar – isso é loucura.”

Foto: Francois Lenoir/Reuters

A alpinista com a mensagem em cima do pódio

Foto:James Moi/AP

O banner do pódio, acionado por controle remoto, no momento em que é retirado por um segurança

>O diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, que está acompanhando a corrida de Amsterdam, declarou que é fã de Fórmula 1 há muito tempo, mas não consegue tolerar o que ocorre no Ártico.

“Exatamente agora estamos em uma corrida pelas nossas vidas contra a Shell, uma companhia que vê no derretimento da calota polar uma oportunidade de lucro, em vez de um claro alerta. Todos os pilotos e fãs de F1 sabem que um vazamento de óleo na pista significa desastre. Mas um vazamento de petróleo no Ártico seria catastrófico. Nós esperamos que eles nos escutem e se juntem a Greenpeace o movimento que já conta com três milhões e meio de pessoas para salvar o Ártico”.

Ilustração Greenpeace

7 de ago. de 2013

Usina nuclear de Fukushima, durante os últimos dois anos, vaza 300 toneladas de água radioativa por dia

JAPÃO - Acidente Nuclear
Usina nuclear de Fukushima, durante os últimos dois anos, vaza 300 toneladas de água radioativa por dia
O governo do Japão divulgou que durante nos últimos dois anos água contaminada com radiação tem vazado para o oceano Pacífico a partir da usina nuclear de Fukushima Daiichi, depois do terremoto seguido de tsunami em março de 2011.

Foto: Kyodo, via Reuters

TMembros de comitê da prefeitura de Fukushima, inspecionam o local de construção de barreira no litoral, para impedir que água radioativa vaze para o oceano, em Fushima, 6 de agosto de 2013.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Reuters, The New York Times, O Globo, Veja, The Guardian, Radio France Internationale

O governo do Japão decidiu tomar frente da gestão da crise da Central Nuclear de Fukushima, responsável pelo vazamento de cerca de 300 toneladas de água radioativa por dia no Oceano Pacífico. A usina foi gravemente danificada pelo terremoto e pela tsunami em março de 2011. O primeiro-ministro Shinzo Abe afirmou nesta quarta-feira que o governo atuará diretamente na resolução do problema, em vez de contar unicamente com as ações da operadora da usina - a Tokyo Eletric Power (Tepco) -, cuja gestão tem sido muito criticada.

De acordo com Abe, o vazamento é pior do que se pensava e se trata de uma questão urgente, o que levou o primeiro-ministro a ordenar pela primeira-vez o envolvimento federal para ajudar a Tepco a conter a crise.

Mais cedo, um funcionário do Ministério da Interior explicou que o vazamento tem ocorrido nos últimos dois anos. Mas somente no mês passado a empresa admitiu o escape de água radioativa.

- Não deixaremos nas mãos da Tepco. Prepararemos uma estratégia governamental. Vamos assegurar que haja um plano rápido e polifacético - disse o primeiro-ministro.

Como primeira iniciativa, o premiê ordenou que o ministro da Economia, Comércio e Indústria trate a situação de forma urgente e que assegure que a operadora da usina adote as medidas adequadas para realizar a limpeza, que avalia poderá durar mais de 40 anos e que vá custar US$ 11 bilhões.

O plano prevê, entre outras coisas, o congelamento do solo em torno dos edifícios para desligar o fluxo de contaminação em águas subterrâneas nas proximidades e, assim, acabar com os vazamentos no mar. Fazer isso exigirá uma parede de gelo de quase um quilômetro de comprimento, e uma altura de 30 metros. Especialistas disseram que uma parede de gelo, em tal escala nunca foi tentada antes, o que torna improvável que a Tepco sozinha, possa realizar o feito.

29 de abr. de 2013

Jacarés invadiram praia repleta de banhistas, as margens do Rio Negro, em Manaus

BRASIL – Meio Ambiente
Jacarés invadiram praia repleta de banhistas,
as margens do Rio Negro, em Manaus
Assim que alguns dos cerca de 15 mil banhistas que frequentam a badalada praia, da Ponta Negra, as margens do Rio Negro, avistaram jacarés, rondando nas partes rasas do balneário, próximo às crianças, houve correria e pânico. Os bombeiros foram chamados, houve captura de animais, mas a praia, que foi reaberta recentemente - estava interditada por índices alarmantes de afogamentos - foi novamente fechada ao público, agora por causa dos jacarés

Foto: Alberto César Araújo/Em Tempo


Foto: Alberto César Araújo/Folha Press
Foto: Divulagação


Os jacarés deram muito trabalho e exigiram muita paciência dos bombeiros, para serem capturados, até porque havia o cuidado para que a pesca não causasse danos físicos aos animais

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Correio da Amazônia, A Crítica, G1, Folha de São Paulo, A D24 Amazônia

Dois jacarés Açu de aproximadamente dois metros e meio foram capturados neste domingo, 28, na Praia da Ponta Negra, as margens do Rio Negro, em Manaus. Os répteis foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros, nove horas após a primeira aparição dos animais na praia. O balneário, que foi reaberto recentemente, foi novamente interditado se seguir às recomendações dos bombeiros.

Após retirarem todos os banhistas da água, por volta das 14h30, a equipe do Corpo de Bombeiros instalou uma rede para fazer a captura dos animais. Durante a tarde, duas vezes os jacarés foram cercados, mas conseguiram sair por baixo da rede. Próximo ao fechamento da praia, as 16h20, um dos animais, de quase dois metros e meio, caiu na armadilha e mais tarde outro, foram arrastado até a margem pela equipe dos bombeiros e em seguida foram levados para a Reserva Sauim Castanheira, no Distrito Industrial II, zona sul de Manaus.

Segundo o tenente Marco Antônio Gama, comandante do batalhão fluvial do Corpo de Bombeiros, a praia deve ficar interditada enquanto não houver explicações para a presença dos animais à praia e enquanto pelo menos outro jacaré que foi visto não for capturado.

Foto: Nathane Dovale

Os animais capturados foram levados para a Reserva Sauim Castanheira, no Distrito Industrial II, zona sul de Manaus

Essa não foi a primeira vez que jacarés são vistos pela Ponta Negra. O tenente Marco Gama informou que em outros anos os répteis apareceram pela praia, mas não tão próximos. “Eles estavam na parte rasa da praia quando foram vistos próximo à área das crianças. Foi preciso um trabalho de paciência para não machucar o bicho. Mas vamos firmar o monitoramento até que os outros animais sejam encontrados”, declarou o comandante do batalhão fluvial, que vai solicitar estudos dos órgãos que cuidam do meio ambiente, e biólogos, procurando explicação da presença dos animais no balneário.

Foto: Antonio Lima

Botos nadam na praia de Ponta Negra, neste domingo,sob os olhares dos banhistas

Além de jacarés, os banhistas viram botos nos arredores da praia da Ponta Negra neste domingo. No entanto, segundo o tenente Gama, o aparecimento desses outros animais, inclusive cobra d’água, é comum na área. "Boto aparece muito, mas não oferecem risco à população", acrescentou.

Nos fins de semana de sol, cerca de 15 mil pessoas frequentam a praia. Alguns banhistas mesmo com a ordem dos bombeiros, interditando a praia, e com a presença dos jacarés, insistiam temerariamente em continuar mergulhando nas águas.

Foto: Antonio Lima

Banhistas aventurando-se na água, mesmo após a ordem de interdição do Corpo de Bombeiros

A praia da Ponta Negra, ponto turístico badalado, de uma área nobre de Manaus, foi reaberta aos banhistas no dia 10 de abril após um termo de ajustamento de conduta do Ministério Público Estadual, que determinou o aumentou do número de bombeiros e policias na área de lazer. A praia ficou interditada por cinco meses após o afogamento de 13 pessoas.

Um laudo do Serviço Geológico do Brasil apontou que as mortes têm ligação com uma obra de aterro da prefeitura.

O aterro provocou bancos de areia e buracos com profundidade superior a seis metros. Não será surpresa que o desequilíbrio ecológico, dessa obra, também seja a explicação para o aparecimento inédito, dos jacarés tão próximo da praia, junto aos banhistas.


6 de set. de 2012

Polícia Federal acusa Petrobras de poluir o oceano

BRASIL – Meio Ambiente
Polícia Federal acusa Petrobras de poluir o oceano
Investigação descobre que a empresa despeja no mar, sem tratamento, resíduos tóxicos – dejetos da exploração do petróleo

(Foto: TS Photography/Getty Images )
Postado por Toinho de Passira
Texto de Diego Escosteguy com Marcelo Rocha , Murilo Ramos e Leandro Loyola
Fonte: Revista Época

Na tarde de 30 de agosto de 2011, três botes da Polícia Federal (PF) deixaram a Marina da Glória, no Rio de Janeiro, rumo à Refinaria de Duque de Caxias, a Reduc, a quarta maior da Petrobras. Os botes singravam as águas do Rio Iguaçu quando, súbito, depararam com boias laranja impedindo a passagem. A água escurecida reluzia óleo. O rio estava tomado por uma língua negra de poluição, que se espalhava pela Baía de Guanabara – perto dali, ela tinha profundidade de 2 palmos. “Parece uma privada!”, disse um agente da PF. Os policiais retiraram as boias, esperaram a maré subir e chegaram às margens da Reduc, onde funcionários aguardavam-nos. A PF, comandada pelo delegado Fábio Scliar, chefe da Divisão de Crimes Ambientais no Rio de Janeiro, investigava por que a Petrobras descartava poluentes diretamente nas águas do Iguaçu e na vegetação da área. Era o início de um processo criminal que culminou, há dois meses, no indiciamento de dois gerentes da Petrobras por crime de poluição – e na descoberta, segundo a PF e o Ministério Público Federal, da negligência da Petrobras ao descartar o principal subproduto poluente da extração do petróleo, a “água negra”.

A blitz na Petrobras começara às 7 horas daquele dia, quando peritos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão subordinado ao governo do Rio, sobrevoaram de helicóptero a Reduc e constataram a mancha de óleo. Três horas depois, os peritos visitaram a refinaria. Percorreram, acompanhados de funcionários da Petrobras, as margens do rio. Perto de um dos pontos onde eles haviam avistado as manchas de óleo, uma placa dizia: “Interditada”. Os gerentes da Petrobras insistiram que os fiscais não atravessassem a área, embora não explicassem por quê. Os fiscais foram assim mesmo. Encontraram uma operação de emergência da Petrobras, montada para retirar a poluição do local – e, segundo o MP, encobrir o crime. Havia caminhões de sucção de óleo, barreiras, funcionários correndo para lá e para cá. “Presenciamos as tentativas, a todo o custo, de conter a grande quantidade de óleo ainda retido ali”, escreveram os peritos. “Os funcionários que nos atenderam negaram até a derradeira descoberta do vazamento.”

Nas águas que margeiam a Reduc, na vegetação contígua e no manguezal que (ainda) existe no terreno da refinaria, os fiscais descobriram grandes quantidades de óleo. Parte já estava havia tanto tempo no local que apresentava a aparência de “chocolate cupcake”, apelido desse detrito – as fotos mostram que o manguezal de 353 hectares parecia um bolo mofado. Óleo novinho, misturado a dezenas de poluentes, era lançado ao rio durante a vistoria dos fiscais. Vazava dos dutos da estação de tratamento de detritos. Em vez de limpar, a estação sujava. Como escreveram os investigadores, “parecia um filme de terror”.

As substâncias coletadas pelos fiscais mostraram-se altamente tóxicas. Havia níveis de óleo, graxas e fenóis “muito acima” dos limites legais. A origem dos detritos era o petróleo da refinaria. Como resultado, o Inea multou a Petrobras em R$ 3,3 milhões. Depois, fechou acordo com a empresa. A Petrobras prometeu construir uma nova estação de tratamento na Reduc – até 2017. Prevê-se, nas palavras da Petrobras, um “investimento conceitual” de R$ 1 bilhão para modernizar a limpeza de poluentes como a água negra. Em 7 de novembro do ano passado, após o acordo, os fiscais voltaram à Reduc. Coletaram novamente a água negra despejada no Rio Iguaçu. Verificaram que havia toda sorte de poluente, a maioria acima dos limites legais, um com nome mais apavorante que outro: óleos, graxas, sólidos sedimentáveis, fenóis, nitrogênio amoniacal. Emitiram um novo alerta à Petrobras.

Ao ouvir os responsáveis pela poluição na Reduc, o delegado Scliar foi informado de que havia um desastre ambiental em curso: o descarte da água de produção nas plataformas de petróleo. A água de produção, ou água negra, é um subproduto da prospecção de petróleo. O produto final é, basicamente, água do mar misturada com óleo, graxa e várias substâncias tóxicas. A lista das substâncias parece uma viagem à tabela periódica. Estão lá metais como bário, berílio, cádmio, cobre, ferro, além de elementos radioativos. Ao cair no mar sem tratamento, é um perigo para a vida aquática. A denúncia que chegou a Scliar afirmava que a Petrobras não tratava a água negra, nas plataformas ou em terra, como manda a lei (leia o quadro abaixo). Scliar e sua equipe passaram a rastrear o destino da água negra. Nas plataformas, seria impossível fiscalizar. Mas, como a Petrobras afirma enviar 1% dela a terminais em terra, ele passou a ouvir os encarregados de tratá-la. No Rio, a primeira escala da água negra em terra são os terminais de Ilha Grande e de Cabiúnas.

No papel, uma das funções dos terminais de Ilha Grande e de Cabiúnas é “retirar o máximo possível” da água negra que lá chega misturada ao petróleo extraído das plataformas. Desses dois terminais, o óleo segue para as refinarias. Quanto mais puro chegar a elas, menor o custo de produção da Petrobras – e, potencialmente, maior o lucro. Como elas armazenam petróleo e água negra nos mesmos tanques, a água negra apenas ocupa o espaço que deveria ser do petróleo. Portanto, quanto mais água negra misturada aos tanques, menor a capacidade de produção da refinaria. De modo que empresas como a Petrobras têm todo o incentivo para se livrar dela sem o devido cuidado.

A mesma lógica aplica-se à exploração de petróleo em outras costas. Nos Estados Unidos e na Austrália, os limites para o descarte de água negra são similares aos do Brasil. Mas lá, ao contrário do que ocorre aqui, há fiscalização. Na Noruega, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, a conversa é diferente: persegue-se a meta de “poluição zero” no descarte de água negra – meta já cumprida nas plataformas mais modernas, que dispõem de tecnologia para limpar e reaproveitar poluentes. A Inglaterra adotou a mesma filosofia.

Na prática, de acordo com os depoimentos dos funcionários da Petrobras, nada é tratado nos terminais de Cabiúnas e de Ilha Grande. O gerente de Cabiúnas, Paulo Nolasco Barreto, disse ao delegado Scliar que o terminal “não possui estação de tratamento de efluentes”. Há uma estação antiga e desativada, segundo ele, “inoperante há cerca de seis ou sete anos”. O gerente do terminal de Ilha Grande, Virmar Muzitano, contou a mesma coisa a Scliar: o Terminal de Ilha Grande também não trata a água negra. Até existia uma estação em Ilha Grande, como em Cabiúnas, mas, de acordo com Muzitano, ela foi desativada por “ter ficado obsoleta”. Ambos afirmaram que a Petrobras “planeja” construir novas estações. “Se existia estação de tratamento nesses terminais, é porque há alguma coisa a tratar. Por que deixaram chegar a esse ponto?”, diz Scliar. Ninguém na Petrobras soube responder a ele. Flávio Santos de Araújo, gerente executivo da Petrobras na área de meio ambiente, disse em depoimento não saber que as estações de tratamento de dois dos principais terminais da Petrobras estão desativadas: “São tantas as unidades da Petrobras no âmbito (dele) que não há como conhecer essas informações”.

(Fotos: Antonio Scorza/AFP, Dado Galdieri/AP e reprodução)
O petróleo e a água negra desses terminais seguem para a Reduc. Em abril deste ano, o gerente da Reduc, Antônio César Aragão Paiva, admitiu à PF que a estação da refinaria não trata a água negra que lá chega. Dias depois, outra gerente da Petrobras, Carla Gamboa, confirmou que não há tratamento algum na Reduc. “A estação de tratamento de efluentes tem limitações por ter ficado obsoleta”, disse Carla ao delegado Scliar. Ela não soube dizer há quanto tempo a estação funciona, ou deixa de funcionar. Podem ser “30, 40 ou 50 anos”. Carla contou, porém, que a Petrobras planeja, desde 2007, investir em reformas para melhorar a limpeza dos poluentes. “Os processos dentro da Petrobras são lentos (…) realmente complicados, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista burocrático”, disse. Como os dois gerentes são os responsáveis, dentro da Petrobras, pelo descarte de poluentes na Reduc, ambos foram indiciados por crime de poluição. Se forem condenados, podem cumprir de um a cinco anos de prisão.

Da Reduc, a água negra segue para o Terminal de Ilha D’Água. Dias depois dos depoimentos dos funcionários da Reduc, o engenheiro da Petrobras Rafael Feldman, gerente do Terminal de Ilha D’Água, depôs. Confirmou que o terminal recebe a água negra e que o poluente é bombeado para os tanques de cargas dos navios. O destino? Alto-mar – o que é ilegal. Ao todo, a quantidade de água negra devolvida ao mar no ano passado foi de 546.000 metros cúbicos, o suficiente para encher 218 piscinas olímpicas. A própria Petrobras reconhece isso num relatório a que ÉPOCA teve acesso. Nele, sugere-se a construção de um emissário no Terminal de Ilha Grande, para tratar água negra em terra e descartá-la no mar. “Não há respaldo legal na atual legislação ambiental que permita o descarte de água de formação, mesmo que após tratamento, em áreas oceânicas afastadas da costa, através de navios”, escrevem os técnicos da Petrobras. É assim que a Petrobras descarta hoje grande parte de sua água negra.

No curso da investigação, Scliar descobriu que isso acontece, em parte, porque não há fiscalização. A Agência Nacional do Petróleo (ANP), afirmou, em ofício à PF, que não tem nada a ver com o assunto. “Água salina não é objeto de regulação desta agência”, diz a ANP. Há quatro meses, o Ibama informou que também não tem muito o que fazer. Em depoimento a Scliar, o fiscal do Ibama Carlos Magno de Abreu – responsável no governo por inspecionar a poluição da Petrobras – disse que o Ibama tem somente 20 funcionários para fiscalizar todas as plataformas do Brasil. Disse também que eles não têm acesso à água negra despejada pela Petrobras no mar – e, se tivessem acesso, não têm instrumentos para avaliar com precisão os poluidores. Carlos Magno contou que, até 2007, não havia nenhuma fiscalização. Hoje, a Petrobras contrata laboratórios para fazer esse serviço. Eles medem apenas os índices de óleo e graxa (deixam de lado outros poluentes, como bário e cádmio), e a Petrobras manda cópia dos relatórios ao Ibama. Silvana Medeiros, outra funcionária do Ibama, reconheceu que o governo não fiscaliza a Petrobras, embora conceda licenças ambientais para suas operações. Disse que o Ibama “atua apenas nos casos emergenciais de derramamento de petróleo”. “Isso é muito grave”, diz Scliar. “O Ibama não tem condições de fiscalizar: não tem helicóptero, não tem peritos, nada. Então a Petrobras paga a alguém para fiscalizá-la? Como garantir que esse trabalho seja feito com a lisura necessária?”

A legislação a respeito do descarte de poluentes foi formulada sob influência fortíssima da Petrobras. Os regulamentos são estabelecidos pelo governo, num órgão chamado Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ele se compõe de representantes de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, empresários e sociedade civil. É presidido pelo ministro do Meio Ambiente. ÉPOCA teve acesso às atas das reuniões do Conama que, em 2005 e em 2006, levaram à mudança na lei que regula o descarte de água negra. Até aquele ano, limitava-se a 20 miligramas por litro o nível médio de óleo e graxas presentes na água negra despejada no mar. “A tendência mundial é a busca do descarte zero”, disse um técnico do Ibama. A Petrobras sugeriu 30 miligramas por litro. A ANP, em seguida, propôs 29. Parecia um leilão. O representante da Petrobras, o engenheiro Luiz Molle Júnior, afirmou: “Sei que posso estar colocando minha cabeça na degola porque estou declarando, alto e bom som, e ficará registrado, que praticamos valores acima de 20 (...) Quando o volume de água produzida aumenta muito, a gente vai chegar a ter muita dificuldade para atingir os 20”. Ao final das reuniões, o limite ficou em 29. Em julho de 2007, a nova resolução foi assinada pela então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Há dois meses, o delegado Scliar enviou seu relatório final sobre o caso ao MP. “Poucas plataformas da Petrobras possuem estações de tratamento”, diz o relatório. “Os terminais para onde é enviada a água de produção não possuem estações de tratamento. As refinarias não tratam a água de produção, e a enviam para embarque em navios, onde, sem tratamento algum, serão despejados em alto-mar.” Renato Machado, o procurador da República que recebeu o inquérito, disse a ÉPOCA que apresentará denúncia criminal. E que encaminhará os achados à Procuradoria-Geral da República, que deverá pedir investigações em todos os Estados com plataformas em sua costa.

Indagada sobre as investigações da PF e do MP, a Petrobras afirmou em nota que “o tratamento de água produzida nas plataformas de produção da Petrobras segue o padrão de descarte estabelecido pela Resolução Conama 393, semelhante aos padrões dos Estados Unidos e da Europa. As plataformas que realizam descarte de água produzida o fazem com aprovação do Ibama em processo de licenciamento ambiental, obedecendo ao parâmetro estabelecido pela Resolução Conama (...) A Refinaria Duque de Caxias não lança água de produção no rio Iguaçu. A Petrobras, como outras empresas operadoras de plataformas, coleta amostras diariamente e as análises seguem fielmente a legislação vigente. Também informa anualmente através de relatórios os resultados de monitoramentos realizados e metodologias adotadas em cumprimento à Resolução do Conama 393. O Ibama dispõe de todos os relatórios”. A nota diz ainda: “Todas as discussões que houve por ocasião da elaboração da Resolução Conama 393 foram públicas, assim como públicas e legítimas foram as propostas de parte a parte, como é de praxe em todos os processos de construção de ideias ou regulamentos”.

28 de ago. de 2012

Explosão da refinaria ameaça re-reeleição da Chávez

VENEZUELA
Explosão da refinaria ameaça re-reeleição da Chávez
Mesmo antes do grave acidente na refinaria, que matou quase meia centena de venezuelanos, a candidatura de Hugo Chávez sofria sérios reveses registrados nas pesquisas eleitorais. Os índices de intenção de votos, do opositor Henriques Capriles, subiram vertiginosamente e chegou a superar levemente, o antes imbatível Chávez. Não se sabe o que ele fará para reverter à situação, nesse mês e meio que o separa das urnas, nem mesmo se entregará pacificamente o poder, no caso de uma derrota.

Foto: Reuters

Arde mais um tanque de combustível da refinaria venezuelana, transformando em fumaça a popularidade de Hugo Chávez

Postado por
Toinho de Passira
Fontes: Ultimo Segundo, Estadão, Estadão, Reuters, El Mundo, O Globo

Subiu para 48 o número de mortos pela explosão do fim de semana na principal refinaria da Venezuela, a usina de Amuay, no Centro de Refinación Paraguaná (CRP) no Estado de Falcón, a oeste da Venezuela.

A maioria dos óbitos foram de membros da Guarda Nacional e de seus familiares, que se encontravam nas instalações do Destacamento 44, que faz a segurança da refinaria.

A governadora do estado de Falcón, Stella Lugo disse que cerca de 520 construções, entre casas e estabelecimentos comerciais, foram danificadas pela explosão.

Alguns números ainda são desencontrados, o governo informou que pelo menos 86 pessoas precisaram receber algum tipo de atendimento médico e que quase todos já receberam alta, exceto 18 feridos que seguem internados em hospitais de Punto Fijo e Maracaibo. O ministério Público diz que forma 151 feridos, dos quais 33 ainda estão hospitalizadas. Alguns dos feridos internados ainda correm sérios riscos de óbito.

Em número de mortos este já o maior acidente na indústria petrolífera mundial, nos últimos 25 anos.

Hugo Cháves teme que as críticas de qua o acidente tenha ocorrido por falta de manutenção, por parte da PDVSA, a companhia estatal petrolifera venezuelana, afete o seu desempenho eleitoral, na sua tentativa de nova reeleição em 7 de outubro.

Para tanto determinou que todas as informações oficiais sobre o acidente sejam passadas por Elías Jaua, o vice-presidente da República. Chávez não quer ver seu nome associado à catástrofe. Ele aparece como salvador, anunciando verbas para ajudar os desabrigados, visitando feridos nos hospitais, e avisando que mandou fazer uma investigação profunda.

A sua situação eleitoral nesse momento é delicada.

Desde que se lançou candidato Chávez vinha mantendo uma superioridade avassaladora, nas pesquisas eleitorais, com vantagens que chegaram a 18%.

Um dia antes do acidente com a refinaria, dia 24, porém, havia sido divulgado o resultado de uma pesquisa eleitoral feita pelo conceituado instituto Consultores 21, supreendentemente mostrando o candidato da oposição à presidência, Henrique Capriles, à frente, na disputa pelo cargo, com 47,7% da preferência do eleitorado, enquanto o presidente Hugo Chávez, que disputa um terceiro mandato, estava com 45,9% da intenção de voto.

Há um empate técnico, pois, a margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos porcentuais. Mesmo assim, esses números são impressionantes, e faz imaginar que há sim a possibilidade de Chávez ser derrotado nas eleições.

A explosão na refinaria só veio aumentar essas chances, pois expos mais ainda, os problemas estruturais do país, onde há problema de abastecimento alimentar, falta d’ água e luz na capital, pontes desabam, os índices de violência batem recordes e há toda uma deficiência de infraestrutura rodoviária, de saúde e de educação.

Chávez compensa isso com programas sociais generosos, bancados pelos petrodólares.

No momento o candidato presidencial da oposição Henrique Capriles, suspendeu a campanha eleitoral, respeitando o luto decretado pela morte dos venezuelanos no acidente.

Esta usando sim, o acidente para realçar os problemas do país, nas mãos de Chaves desede 02 de fevereiro de 2009.

Capriles, porém, tem que ser cauteloso, para não ser acusado de estar usando os cadáveres para ganhar votos. Tenta mostrar que o governo é o culpado natural pela tragédia, exigir uma investigação rigorosa, ao mesmo tempo em que se solidariza com as famílias enlutadas.

Capriles sabe, que Chávez acuado é perigoso como um javali ferido. Não se sabe qual vai ser sua reação diante de fatos tão graves, ocorridos a um mês da eleição. Sabe-se, porém, por experiência que ele é capaz de tudo. Como culpar a oposição ou os americanos pela explosão, dizendo que houve sabotagem ou atentado.

Resta saber se o povo vai continuar acreditando em Chávez e se derrotado nas eleições ele vai passar a faixa e o bastão presidencial para Capriles pacificamente.

Foto: Reuters

Hugo Chávez consolando familiares das vítimas do acidente


Leia no “thepassiranews”: Explosão na maior refinaria da Venezuela, 26 mortos

1 de ago. de 2012

RECIFE: Polêmica que brota do mangue

BRASIL – Recife - URBANISMO
Polêmica que brota do mangue
Paisagistas defendem a poda de árvores e do mangue para deixar mais visíveis o Capibaribe e o casario histórico ao longo do rio, junto ao projeto de drenagem do rio, que começa em outubro

Foto: Divulgação

Casa da Cultura, no Bairro de Santo Antônio, uma imponente edificação do século XIX, antiga Casa de Detenção, transformada em centro cultural e mercado de artesanato, escondida pela vegetação do manguezal

Postado por Toinho de Passira
Texto de Cleide Alves.
Fonte: Jornal do Comércio Edição Online

O projeto de dragagem do Capibaribe, anunciado pelo governo do Estado semana passada e previsto para começar em outubro próximo, abre no Recife debate sobre a vegetação de mangue plantada na margem do rio no fim da década de 80. Arquitetos paisagistas defendem a poda das árvores ou, até mesmo, a erradicação de trechos do manguezal no Centro, para deixar mais visíveis tanto o Capibaribe quanto o casario histórico ao longo do curso d’água.

É preciso fazer um estudo para definir onde preservar e onde retirar o mangue no Centro do Recife, diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luiz Vieira. Ele sugere a supressão das árvores nas imediações da Casa da Cultura, no cais da Rua da Aurora e atrás do jardim do Palácio do Campo das Princesas. O mangue cresceu, ficou muito alto e esconde os prédios históricos do Centro. ”

Foto: Toinho de Passira/Passiranews

Manguezais na Ilha do Leite, próximo ao Forum do Recife

A vegetação poderia ser mantida, na avaliação de Luiz Vieira, na parte mais larga do Rio Beberibe, logo após o Palácio do Governo até a Ponte do Limoeiro, que liga o Bairro do Recife à Avenida Norte. “Nesse trecho, o efeito do mangue é positivo na paisagem, comenta. A dragagem do rio, para criar um canal de navegação no Capibaribe, seria a oportunidade ideal para debater o assunto na cidade, argumenta.

Francisco Cunha, arquiteto e integrante do Observatório do Recife, entidade que monitora indicadores de qualidade de vida da cidade, propõe a erradicação da planta no Centro. Além de esconder os prédios, a vegetação estaria impedindo a contemplação do Capibaribe. O rio é um componente fundamental da paisagem do Recife, diz. “É justo condenar a Casa da Cultura a ficar ocultada atrás de uma floresta de mangue? A árvore cresceu daquela forma porque o rio está cheio de matéria orgânica.

Ele defende a poda do mangue nos bairros do Derby, Madalena, Torre e Casa Forte, fora do Centro. Coordenadora do Laboratório da Paisagem da UFPE, a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro discorda da supressão do mangue. Os edifícios precisam ser vistos, mas o mangue tem uma história e uma identidade com o Recife, pondera a professora.


Frans Post e os manguezais do Recife

O manguezal do Capibaribe, diz Ana Rita, foi registrado no século 17 pelo pintor holandês Frans Post (1612-1680), primeiro europeu a retratar as paisagens brasileiras. A pesquisadora concorda com a poda de manutenção de trechos da vegetação, para permitir a abertura de grandes janelas e dar mais visibilidade aos edifícios históricos.

Uma das janelas tornaria mais aparente os jardins do Palácio do Campo das Princesas, que será restaurado numa parceria do governo como o Laboratório da Paisagem da UFPE e terá de volta o projeto do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). A proposta seria cortar as árvores na altura da balaustrada do palácio e do guarda-corpo do cais próximo à Casa da Cultura. “O mangue continuaria existindo, sem encobrir as edificações históricas, diz ela.

Foto: Geovani Xiru/Flickr
Biólogo e pesquisador do Laboratório da Paisagem da UFPE, Joelmir Silva propõe a substituição gradual do mangue branco (Laguncularia racemosa) plantado na década de 80, que pode atingir 20 metros de altura, por outra espécie de menor porte. “Um estudo de impacto ambiental pode orientar a substituição. Embora a contemplação dos monumentos esteja prejudicada, o mangue tem a função de limpeza do rio, afirma o biólogo.

Peixes, caranguejos e garças se alimentam no manguezal do Capibaribe. “Há uma cadeia alimentar formada há cerca de 20 anos e que será prejudicada com a retirada da vegetação, alerta o biólogo. O mangue (coletado na área próxima à Igreja de Santo Amaro das Salinas, no Centro) foi plantado na gestão do então prefeito Jarbas Vasconcelos (1986-1988) na lateral da Casa da Cultura. Com o passar dos anos, espalhou-se pelo rio.

Protegido por lei federal, o manguezal é uma Área de Preservação Permanente (APP) e não pode ser derrubado ou sofrer intervenções, exceto em caso de utilidade pública. (A Lei Federal nº 4.771/65 cria a APP e a Resolução nº 369/2006, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, proíbe a derrubada da vegetação). Desde o século 16 havia mangue no Capibaribe, o ecossistema desapareceu com os aterros do rio, informa José Zanon Passavante, professor do Departamento de Oceanografia da UFPE.

O mangue, diz ele, fornece alimento para crustáceos, peixe-boi e peixes de modo geral, contribui para a limpeza do rio e embeleza a cidade. A vegetação é típica do estuário, área onde a água do mar é diluída pela do rio. No Recife, o estuário vai do Centro até a Madalena, afirma Zanon.

Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado, Sérgio Xavier aposta no equilíbrio. Os arquitetos poderiam apresentar um projeto que preservasse a área verde e abrisse a paisagem para os monumentos históricos. É possível ter o mangue e o casario, diz ele. “O mangue na cidade captura dez vezes mais gás carbônico do que a vegetação terrestre e o Recife precisa melhorar a qualidade do ar. ”

O projeto de dragagem do Capibaribe prevê a abertura de um canal com 36 metros de largura (o serviço não será feito de uma margem à outra) e 2,5 metros de profundidade, para criação do transporte fluvial. Uma rota de 11 quilômetros ligará o Centro até a BR-101. Outra, de 2,9 quilômetros, vai da Rua Sol à Tacaruna.

A dragagem prevê estudos prévios e o mangue está contemplado, diz Ana Suassuna, secretária-executiva das Cidades. Segundo ela, o Plano de Controle Ambiental, que será licitado e levado a público, vai orientar a intervenções. “É cedo para se falar em poda ou supressão do mangue.
*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas ao texto original

23 de jun. de 2012

Rio+20 termina à sombra da crise e com acordo "possível"

BRASIL - Rio+20 Rio+20 termina à sombra da crise e com acordo "possível"
“A conferência havia gerado baixa expectativa, com a ausência de importantes líderes e países preocupados em resolver problemas internos, mas diversas delegações, sobretudo da União Europeia, criticaram o texto final, "O Futuro que Nós Queremos", apontando falta de ambição”.

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A presidente Dilma Rousseff discursa no encerramento da Rio+20

Postado por Toinho de Passira
Texto de Hugo Bachega e Maria Pia Palermo
Fonte: Reuters

Apenas o "possível" venceu a falta de consenso e de disposição para desembolsar recursos em nome do desenvolvimento sustentável, e a Rio+20 terminou sob críticas de falta de ambição e à sombra da crise econômica internacional.

Países ricos, tradicionais financiadores de projetos ambientais, usaram a crise como justificativa para rejeitar o aporte de recursos, deixando no documento final um vazio quanto a valores a serem destinados a programas de desenvolvimento sustentável.

Delegações comemoraram o consenso, alcançado antes da reunião de chefes de Estado e governo, sobretudo por ter reafirmado pontos já acertados há 20 anos, na Eco-92, e evitar um retrocesso em acordos já assinados

Outros países, no entanto, se mostraram frustrados com o que chamaram de falta de ambição e urgência no combate a problemas decorrentes do aumento do consumo, da população e da industrialização.

A atual crise financeira assombrou a conferência, e o acordo foi chamado de "possível" pela presidente Dilma Rousseff.

"Aplaudo em especial os países em desenvolvimento que assumiram compromisso concreto, mesmo sem a necessária contrapartida de financiamento dos países desenvolvidos", disse Dilma, ao encerrar a conferência nesta sexta-feira.

Com a resistência dos ricos de se comprometer com novos aportes, o texto apontou apenas para uma diversidade de fundos, inclusive privados, para o financiamento de ações para o desenvolvimento sustentável.

Cerca de 100 chefes de Estado e governo, que estiveram reunidos nos últimos três dias no Rio, discutiram formas de estabelecer os chamados "objetivos de desenvolvimento sustentável", uma iniciativa da ONU construída em torno do crescimento econômico, da preservação ambiental e da inclusão social.

O G7, grupo dos países em desenvolvimento -que inclui Brasil e China- havia proposto a criação de um fundo de 30 bilhões de dólares destinado a projetos, mas foi derrotado.

A conferência havia gerado baixa expectativa, com a ausência de importantes líderes e países preocupados em resolver problemas internos, mas diversas delegações, sobretudo da União Europeia, criticaram o texto final, "O Futuro que Nós Queremos", apontando falta de ambição.

"Muito se falou aqui sobre ambição, mas pouco se colocou sobre a mesa. Não se pode exigir ação se não há ambição de financiamento. Quem exige e não põe dinheiro está sendo incoerente", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

As ausências notáveis incluíram o presidente dos EUA, Barack Obama, a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que participaram de uma reunião do G20 no início desta semana no México.

As delegações fracassaram em chegar a um texto na sexta-feira passada, e o Brasil assumiu as negociações, sob a ameaça do documento representar retrocesso a políticas já acertadas.

O acordo foi fechado após o Brasil ter simplificado a redação e eliminado trechos que causavam grandes divergências.

Na terça-feira, pouco depois da aprovação do acordo, o ministro de Relações Anteriores, Antonio Patriota, disse que a perspectiva das negociações era de que os países não conseguissem chegar a um consenso.

A mudança de status do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma) foi citada por diplomatas brasileiros como outro entrave para um acordo.

O Brasil e países europeus e africanos defendiam a garantia de elevação do programa à condição de órgão da ONU. O texto cita apenas um apoio ao fortalecimento do programa, mas deixa à Assembleia Geral da entidade discussões sobre a transformação para agência.

O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, reconheceu que o documento reflete as dificuldades atuais no cenário internacional, mas comemorou a redação sobre o programa.

Organizações não-governamentais também criticaram o resultado da conferência, que foi chamada de "Rio-20", e apontaram a ausência de compromissos e metas. O documento final foi chamado de "O Futuro que nós não Queremos".

"A Rio+20 se transformou em um fracasso épico. Falhou em equidade, falhou em ecologia e falhou na economia", disse em comunicado Daniel Mittler, diretor político do Greenpeace.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)


21 de jun. de 2012

No caminho da Rio+20, os problemas ambientais do Rio

BRASIL - Rio+20
No caminho da Rio+20, problemas ambientais do Rio
A BBC Brasil mostrou que desde o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio, até o Riocentro, na Barra, onde ocorre os principais eventos da conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, esbarra-se com inúmeros problemas ambientais crônicos que enfeiam e comprometem a cidade maravilhosa.

Foto: Yann Arthus-Bertrand

Imagem do fotografo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, da exposição “A Terra vista do Céu” expostas na Cinelândia, Centro do Rio, durante a Rio+20.

Postado por Toinho de Passira
Fonte: BBC Brasil

culpado é o transporte e o grande agravante são os engarrafamentos. Os automóveis andam na primeira e segunda marchas e o nível de emissão de gases é muito maior", diz.

O esgoto e lixo que chegam ao Canal do Cunha (ou do Fundão), trecho da Baía de Guanabara entre a Ilha do Fundão e o continente, levaram ao assoreamento do canal pelo acúmulo de sedimentos. Nos últimos anos, uma obra de dragagem melhorou o escoamento da água, mas a água ainda é bastante poluída e emite um mau cheiro marcante na entrada da cidade. O acúmulo de lixo ainda persiste, como se vê por este ângulo abaixo da Linha Vermelha.

A Estação de Tratamento da Alegria trata o esgoto e devolve a água à Baía de Guanabara, mas opera abaixo de sua capacidade porque não foi ligado a todo o sistema de coleta da zona norte do Rio. Segundo o ambientalista Sérgio Ricardo, a estação foi construída como parte do programa de despoluição da Baía de Guanabara, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas o estado não a concluiu a construção do tronco coletor para fazer as ligações domiciliares até lá. "Então grande parte do esgoto ainda é lançado in natura na Baía de Guanabara", afirma.

A ocupação irregular do solo é vista nas comunidades que margeiam a Linha Vermelha. Nas favelas que formam o Complexo da Maré, não há esgotamento sanitário e o esgoto é lançado diretamente na Baía de Guanabara, diz José Araruna, da PUC-Rio. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, 83% dos domicílios de favelas do estado do Rio não têm esgotamento sanitário. Na capital fluminense, mais de 1/5 dos moradores moram em favelas.

A ocupação de encostas e o desmatamento também são problemas gerados pela construção irregular de favelas, como se vê nas casas construídas sobre a segunda galeria do Túnel Rebouças. A construção em encostas costuma estar associada à disposição inadequada de resíduos sólidos e à falta de redes de esgoto, fatores que contribuem para problemas de saúde público na população. Além disso, o uso inadequado do solo traz o risco de deslizamentos em épocas de chuva.

A Lagoa Rodrigo de Freitas é um dos cartões postais do Rio, mas durante décadas foi degradada por efluentes. A poluição teve sua face mais visível em episódios de mortandade de peixes. Desde 2010, o assoreamento vem sendo combatidos pelo projeto Lagoa Limpa, que recebe investimentos da EBX. A qualidade da água teve melhora considerável, mas ainda há comunidades que despejam resíduos não tratados nos rios que desembocam na Lagoa, diz José Araruna.

O Censo 2010 indicou que a Rocinha, em São Conrado, é a favela mais populosa do país, com 69 mil habitantes. A favela ocupou uma área de floresta ao longo de décadas e ainda se expande verticalmente. Segundo José Araruna, da PUC-Rio, o principal problema hoje é a falta de esgotamento adequado. "Cerca de 90% da favela é atendida com água tratada, mas parte do esgoto ainda está sendo lançado no mar sem tratamento", diz. O resultado são péssimos índices de balneabilidade na praia do Pepino, onde aparecem línguas negras quando chove.

Assim que se chega à Barra, na zona oeste do Rio, vê-se a Lagoa da Tijuca, área nobre cercada de mansões. A aparência engana. A lagoa está "em estado terminal", diz o ambientalista Axel Grael. Com o acúmulo de sedimentos, parte do espelho d'água já não tem mais profundidade e não raro sofás e pneus afloram. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou recursos de R$ 300 milhões para recuperação do complexo lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá e Canal da Joatinga, compromisso assumido pelo Rio para a Olimpíada de 2016.

Ao fim do trajeto, chega-se ao Riocentro, o centro de convenções onde chefes de estado estarão reunidos entre 20 e 22 de junho para discutir "O futuro que queremos", nome dado ao documento que deverá ser aprovado ao fim da conferência. Na região no entorno dos cinco pavilhões, a poluição dos rios e da Lagoa de Jacarepaguá, a favelização e a falta de alternativas de transporte sustentáveis serão os problemas mais próximos dos visitantes.

20 de jun. de 2012

RIO+20: Na retranca – Míriam Leitão

BRASIL - Rio+20 - OPINIÃONa retranca
A Rio+20 é a maior conferência já realizada pela ONU. Mas ontem apresentou um documento considerado decepcionante por todo mundo, não só pelas ONGS, que chegaram a pedir que a frase "com o acordo da sociedade civil" fosse retirada do texto. Esse texto está fechado, pronto, não tem mais volta. A presidente Dilma afirmou que foi um avanço o Brasil ter conseguido fechá-lo antes da reunião dos chefes de Estado.

Foto: Getty Images

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que não é conhecido por declarações fortes, disse que o documento é pouco ambicioso

Postado por Toinho de Passira
Texto de Míriam Leitão
Fontes: Coluna de Miriam Leitão - O Globo, Blog de Miriam Leitão

O momento mais difícil dos últimos dias para o Itamaraty foi quando a União Europeia ameaçou, na segunda-feira, não levar o documento aos níveis superiores, o que significava sair das negociações. O momento de maior alívio para a diplomacia brasileira aconteceu ontem, ao meio-dia, quando o documento foi aprovado. A estratégia foi tirar o que incomodasse qualquer grupo. A soma dos vetos desidratou o texto O Futuro que Queremos.

A partir de hoje começa a reunião dos chefes de Estado, e o texto está fechado. A comissária europeia para a Ação Climática, Connie Hedegaard, desabafou no Twitter: "Riomais20, muito ’tomam nota’ e ’reafirmam’ e pouco ’decidem’ e ’se comprometem’." De fato, dos 20 primeiros parágrafos, cinco começam com "reconhecemos", e seis, com "reafirmamos".

Na entrevista coletiva, as autoridades brasileiras repetiram com palavras diferentes o mesmo recado. "Foi possível assegurar o não retrocesso", disse a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente. "Depois de uma longa batalha confirmamos os princípios do Rio", disse o ministro Antonio Patriota, referindo-se à conferência de 20 anos atrás. O embaixador Figueiredo também comemorou ter sido possível "preservar e não retroceder". O negociador André Corrêa do Lago disse que foi "possível reiterar e não ir para trás".

Some essas declarações e você entenderá o que houve. O Brasil jogou na retranca. O importante passou a ser reafirmar o que foi estabelecido há 20 anos. Assim, o futuro que queremos ficou com a cara do passado que tivemos.

E não fomos felizes no passado. O Brasil, como já disse aqui, desmatou em 20 anos uma área equivalente a São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo somados. A China mais que duplicou as emissões dos gases de efeito estufa. Estados Unidos, Brasil, China, Índia não assinaram o Protocolo de Kioto e isso aumentou as muitas falhas do único acordo de redução de emissões já assinado. Depois de 15 Conferências das Partes, o mundo não tem um novo acordo global de emissões dos gases de efeito estufa. O acordo de proteção da biodiversidade não impediu o desaparecimento de inúmeras espécies.

O Itamaraty teve medo de que a reunião fracassasse por não fechar o documento. O Brasil é que propôs a reunião. Na época, a proposta foi mal recebida por muitos. Vários países disseram que o ciclo das grandes conferências da ONU já havia se esgotado. A insistência e a articulação do Brasil, da qual participaram ONGs internacionais, levaram à aprovação do encontro.

O Brasil trabalhou para evitar que esta fosse uma espécie de COP-17 e meia, ou seja, não quis que fosse sobre a questão climática. Se as duas últimas reuniões, de Cancún e Durban, fossem mais bem sucedidas, aqui poderia ser o local da assinatura do tão sonhado acordo global das emissões dos gases de efeito estufa. Por isso, o Brasil manobrou para evitar essa estrada interditada e propôs que o tema fosse "desenvolvimento sustentável". Negociou para que a reunião estabelecesse objetivos de desenvolvimento sustentável e decidisse qual órgão passaria a comandar a questão ambiental na ONU. Parecia uma trilha, mas reuniões preparatórias foram uma sucessão de impasses. Na quarta-feira da semana passada, os delegados se debruçaram sobre um documento apenas 30% fechado. Ontem, o Itamaraty se congratulava por estar com ele 100% aprovado.

Para isso teve que abandonar a ideia de transformar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) na agência ambiental da ONU. Os Estados Unidos vetaram a agência porque têm medo de interferência em sua política interna. A União Europeia queria muito que o Pnuma ganhasse poderes de agência. A solução foi pôr no documento que o órgão será fortalecido. Em vez de ter apenas 52 membros, será universal. Terá mais dinheiro e pode ser promovida. A que e quando, o documento não diz.

O fundo de US$ 30 bilhões que seria criado desapareceu. Agora há apenas a decisão de criar uma comissão de especialistas intergovernamentais, que vai até 2014 estabelecer mecanismos financeiros para garantir recursos. O que atrapalhou aqui foi a insistência da China, com Brasil e Índia, de manter intocado o princípio das "responsabilidades comuns porém diferenciadas". Esses países não querem pagar o preço de terem crescido. Fica mais absurdo no caso da China, a maior chaminé do mundo.

Seriam lançados aqui no Rio os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ficou assim: os chefes de Estado reconhecem a importância de ter objetivos. Vai se constituir um grupo de trabalho na próxima assembleia da ONU, que fará um relatório para a reunião do ano que vem.

Houve um momento nos últimos dias de tensas e longas negociações que o Brasil dava como certo que haveria um acordo sobre oceanos que permitiria a negociação de legislação sobre águas territoriais. Estados Unidos e Venezuela ficaram contra. Foi a mais exótica aliança da reunião.

O Brasil recolheu os vetos, avançou para o passado e confirmou a Rio 92. A diplomacia brasileira diz que foram lançadas pontes para decisões futuras. Resta torcer pelas pontes. Hoje começa a reunião dos chefes de Estado. O Brasil comemora o fato de que há um texto aprovado sobre a mesa.


14 de jun. de 2012

RIO+20: Entre crises – Míriam Leitão

RIO+20: Entre crises – Míriam Leitão

BRASIL - Rio+20 - OPINIÃO
Entre crises
”A capacidade que as burocracias dos países têm de se enrolar e criar impasses, mesmo diante de riscos planetários, é enorme. E a Conferência do Desenvolvimento Sustentável Rio+20 pode sim produzir no final um documento vago sem resultado prático, que deixe lacunas, que não tenha números, que apenas encaminhe questões sobre as quais há ainda controvérsias.”

Foto: The Guardian

Postado por Toinho de Passira
Texto: Míriam Leitão para O Globo (13.06.2012)
Fonte: Blog de Míriam Leitão

A Rio+20 começa num cenário de crise econômica, nos países ricos, de longa duração e profundas repercussões. Mas é conjuntural. Um dia ela passará de alguma forma deixando suas cicatrizes e lições. A crise ambiental e climática continuará conosco porque é mais longa, complexa e decisiva. Encontrar a sustentabilidade financeira da Europa é mais fácil do que pacificar a relação da humanidade com os recursos finitos do planeta.

Começa hoje no Rio a mais ampla discussão já ocorrida sobre a nossa capacidade de conciliar desenvolvimento econômico e social com menos agressão ao que não podemos repor: as milhões de formas de vida espalhadas por esse planeta misterioso, fértil, complexo e belo.

O tema é tão vasto que vai se espalhar pela cidade em tantos eventos. Cada pessoa que quiser participar poderá no máximo ver uns poucos. Aliás, já começaram. O Riocentro é a capital do mundo neste momento, e lá estarão as negociações oficiais, que estão bem encrencadas. Delegações vão se debruçar em vários níveis sobre um documento grande demais, desfocado, cheio de impasses, e que fugiu das duas trilhas abertas na Rio 92: a do combate às mudanças climáticas e a da preservação das espécies. Era para o documento ter chegado ao dia de hoje com mais avanços do que chegou.

Em 92, os chefes de Estado assinaram os dois documentos mais importantes de toda essa jornada de encontros pelo mundo: a convenção da biodiversidade e a da mudança climática. Várias COPs têm sido feitas sob essas duas convenções. A de número 18, do clima, será em dezembro, em Catar. Em todas as 17 houve avanços e impasses.

Para fugir dos bloqueios a que chegaram os dois temas, o Rio vai discutir desenvolvimento sustentável. Perseguirá dois resultados. Primeiro, a definição sobre que órgão vai comandar as negociações relacionadas ao meio ambiente. Será o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma? Ele tem serviços prestados, mas é apenas um programa. Precisaria de mais dinheiro e mais poder para ser uma espécie de OMC do meio ambiente. Alguns defendem que seja um órgão novo. O segundo tema da conferência é a economia verde.

O governo brasileiro considera que o evento terá sido bem sucedido se, ao final, conseguir estabelecer metas de desenvolvimento sustentável, para substituir as metas do milênio que expiram em 2015.

A capacidade que as burocracias dos países têm de se enrolar e criar impasses, mesmo diante de riscos planetários, é enorme. E a Conferência do Desenvolvimento Sustentável Rio+20 pode sim produzir no final um documento vago sem resultado prático, que deixe lacunas, que não tenha números, que apenas encaminhe questões sobre as quais há ainda controvérsias.

Mas, felizmente, nem tudo é governo. Pelo Rio inteiro estarão acontecendo nos próximos dias eventos que trarão frutos concretos. Jovens do mundo inteiro multiplicarão seus laços para atuar em rede na mesma direção. Pessoas estarão sendo expostas a informações mais precisas sobre os riscos e as chances que temos nesse definitivo encontro da humanidade com seus hábitos de vida. Organizações serão criadas ou fortalecidas. Empresas passarão a reduzir o impacto da sua atividade. Administradores públicos trocarão experiência. Cientistas vão comparar estudos sobre os mais variados aspectos dessa questão interminável. Economistas colocarão nas suas equações outras variáveis que não as tradicionais. Políticas públicas serão impactadas pelo que as autoridades, pessoas e organizações ouvirem no Rio nos próximos dias.

Esse resultado é mais difícil de medir mas é fundamental. Conto só uma história para ilustrar. A ONG Onda Verde trará mil jovens da Baixada Fluminense para uma coreografia no aterro. Eles virão de trem para reduzir o impacto dos seus deslocamentos. Dirão com seus corpos em movimento que a Terra roda numa direção, a humanidade, em outra, e que essa contradição é perigosa. Visto assim parece coisa passageira. Por trás, há 18 anos de trabalho. A ONG nasceu como efeito da Rio 92. Entre suas várias atividades está a educação ambiental. Cada um desses mil jovens participou de treinamentos em suas escolas. A informação vai se multiplicar.

É impossível resumir uma conferência tão ampla. Mais de mil eventos estão acontecendo pela cidade inteira. Um evento como esse é uma chance única. Os governos podem perdê-la, mas a sociedade não deveria. Há 20 anos, o Brasil estava em crise em todas as áreas. O presidente Fernando Collor já estava sob o efeito das denúncias feitas pelo irmão Pedro. A inflação estava subindo de forma descontrolada após o fracasso de cinco planos (Cruzado, Bresser, Verão, Collor e Collor II). Tudo isso parecia ser mais importante do que toda aquela conferência que movimentaria a cidade momentaneamente.

Collor sofreu impeachment naquele ano mesmo. Dois anos depois, o Plano Real estabilizou a moeda na sexta - e definitiva - tentativa. Aquelas crises que dominavam o noticiário passaram. A ambiental que estava sendo discutida no Rio permanece entre nós como enigma e desafio. As crises econômicas e políticas passam. A que começa hoje a ser discutida no Rio é o dilema mais definitivo para a humanidade.


*Acrescentamos subtítulo e foto a publicação original