O risco que corre o Arns corre o PT
O risco que corre o Arns corre o PT O Partido dos trabalhadores deve reivindicar na Justiça mandato do senador Flávio Arns que manifestou intenção de deixar o partido dizendo-se envergonhado
Fontes: Revista Época, Folha Online O senador Flávio Arns (sem partido-PR) negocia voltar aos quadros do PSDB, mas corre o risco de perder o mandato. Ele deixou o PT depois se dizer "envergonhado" com o apoio do partido para a salvação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética. A Executiva do PT decidiu encaminhar para o Diretório Nacional um pedido para que o partido questione na Justiça Eleitoral a saída do senador, pedindo que o mandato dele seja entregue a um petista. A reunião do diretório para decidir se recorre ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está marcada para o próximo dia 17. Segundo interlocutores, Arns pretende anunciar seu novo partido até o dia 15 de setembro. Ele teria recebido convites do PSDB e do PTB. Arns iniciou a carreira política em 1990, quando foi eleito para deputado federal pelo PSDB. Ainda como tucano, foi reeleito por três vezes para a Câmara, mas em 2001 deixou o PSDB e filiou-se ao PT para concorrer ao Senado em 2002. Para os petistas, o mandato de Arns deve ser questionado porque ele deixou o partido de forma "deselegante" reclamando de mudança ideológica da legenda, mas ao mesmo tempo já teria sinalizado insatisfação com o fato de lideranças do PT articularem o nome de Gleisi Hoffmann --mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento)-- para disputar ao Senado pela legenda. Um dos argumentos contra o senador paranaense seria que ele ficou desde 2007 em atraso com o pagamento das contribuições partidárias. O ex-petista quitou a dívida de R$ 66 mil para deixar o partido. Arns anunciou a saída do PT minutos depois de o Conselho de Ética enterrar as 11 acusações contra o presidente do Senado, envolvido em denúncias de tráfico de influência e nepotismo. Os três votos do PT a favor de Sarney foram decisivos para o engavetamento. Na época, o senador se disse "envergonhado" com o apoio ao peemedebista. "Eu não fiquei aborrecido, fiquei envergonhado. Foram bandeiras rasgadas, jogadas no lixo. Vou buscar na Justiça a possibilidade de sair do partido, não apenas para manter o mandato, mas para que a Justiça diga que o partido deve ser fiel ao parlamentar, que deve manter as suas bandeiras", afirmou na sessão do Conselho de Ética que arquivou as denúncias contra Sarney. A possibilidade de perda de mandato para políticos que saem de seus partidos está prevista na resolução 22.610 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para manter seus cargos, os políticos devem apresentar uma “justa causa”, como discriminação pessoal ou mudança substancial no programa partidário. O partido tem 30 dias para entrar com o recurso para reaver o mandato após a desfiliação. Arns saiu do PT no dia 27 de agosto. Existem a possibilidade dos Ministros do STF acharem que votar para não investigar Sarney não é fugir das bandeiras partidárias, mas os advogados do senador Arns vão exibir, certamente, mais vícios de condutas do Partido dos Trabalhadores, além desse episódio do conselho de ética, para justificar a desilusão final do parlamentar, exemplos não faltam. Se o Superior Tribunal Eleitoral tomar o mandato de Arns estará consagrando que as diretrizes partidárias nada valem, se apoiar o senador, dirá oficialmente o que todo mundo já sabe, o Partido dos Trabalhadores jogou as sua bandeiras históricas no lixo, se é que elas algum dia foram realmente verdadeiras. Vai ser deliciosamente constrangedor. |
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