27 de set. de 2009

HONDURAS; Zelaya transforma embaixada em casa de mãe Joana

HONDURAS:
Zelaya transforma embaixada em casa de mãe Joana
Relato do enviado da Folha de São Paulo Fabiano Maisonnave:

Foto: Reutes

O retrato de Lula emoldurando o gabinete de Zelaya

Fontes: Folha de São Paulo

Teoricamente território brasileiro, a embaixada do país em Honduras está praticamente sob a administração de Manuel Zelaya e de seus seguidores. São eles que têm a chave do portão de entrada, que controlam o acesso às salas onde está o presidente deposto e que determinam a função de quase todos os cômodos da casa.

Para entrar na embaixada, instalada numa ampla casa de dois pisos, a reportagem da Folha foi escoltada até a entrada por um policial. Ali, entregou o passaporte a um dos militantes que, com o rosto coberto por lenços, vigiavam de cima de uma laje. Cerca de cinco minutos depois, outro militante devolveu o passaporte e afirmou que a entrada "não estava autorizada no momento".

Foto: Getty Images

Depois da insistência do repórter em afirmar que era cidadão brasileiro e de uma consulta ao encarregado de negócios, Francisco Catunda, a porta foi finalmente aberta. Dentro, uma mulher hondurenha que não quis se identificar disse que "era a encarregada de segurança" e novamente requisitou o passaporte.

Foto: AP

Do telhado da embaixada brasileira partidário de Zelaya instiga militares

No quintal, em meio ao cheiro de gás, militantes e até um jornalista subiam em duas escadas para insultar policiais que ocupam as casas vizinhas.

"Eu estou no Brasil, vocês estão em Honduras", gritava aos policiais, em tom irônico, o americano Andrés Conteris, do site esquerdista "Democracy Now", um dos jornalistas que estão dormindo na embaixada: estão ali uma equipe da Telesur, canal controlado pelo governo Hugo Chávez, três agências de notícias, uma TV salvadorenha e a rádio hondurenha Globo, pró-Zelaya.

Foto: Getty Images

Quase ninguém respeita a orientação de Catunda de não insultar policiais e de não andar com o rosto encoberto.

"Vocês não podem aceitar a provocação e reagir. Eu entendo o entusiasmo, mas não podem", disse Catunda a dois militantes. A resposta de um deles foi a gritos: "Mas esses policiais são assassinos, matam a nossa gente nas ruas!".

A conversa se deu numa sala que se transformou numa espécie de escritório de Zelaya. A entrada é controlada por um militante ao lado de um aviso, pregado na parede: "Área reservada. Favor não entrar".

Foto: Getty Images

Outro momento tenso entre Catunda e os militantes foi na hora de montar a mesa para a entrevista coletiva: militantes de Zelaya tiraram a bandeira brasileira e a foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da sala do embaixador e as dependuraram atrás da mesa onde o presidente deposto se sentaria.

Catunda ordenou que os dois objetos fossem devolvidos imediatamente ao escritório. Os militantes concordaram. No lugar da foto de Lula, colocaram um quadro de propaganda turística do Brasil.

Foto: Getty Images

Zorra Total: banho de cuia dos zelaystas, quando faltava água na embaixada


* “Zelaystas tomam controle total de missão brasileira” – titulo original do texto na Folha de São Paulo
**Acrescentamos fotos e legendas

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