23 de set. de 2009

Honduras: A espera do massacre

HONDURAS
A espera do massacre

Foto: El Heraldo

As Forças Armadas não parecem comungar com o grafite, que dá boas vindas a Manuel Zelaya

Não é preciso ter o dom da profecia para saber que essa situação em Honduras está pondo em sério risco a vida de dezenas, senão centenas de pessoas inocentes, postas a serviço de interesses escusos de controversos líderes políticos, capazes de levar os seus seguidores à morte, pela sede de poder.

Mesmo assim, praticamente todas as nações do mundo, apóiam a aventura irresponsável do presidente deposto Manuel Zelaya e seu mentor e patrocinador Hugo Chávez, em nome de uma democracia, que corre tanto risco, nas mãos dos atuais mandatários, quanto sob a tutela do hospede incomodo da embaixada brasileira em Tegucigalpa.

Ressalte-se que todo esse sacrifício, de vidas inclusive, é para que o Sr Zelaya, que tentou desmoralizar os outros poderes da república quando exercia o poder no país, possa retomar a presidência, por pouco mais de três meses, já que seu mandato acaba no dia 27 de janeiro do próximo ano.

Há de se perguntar, Zelaya está disposto a morrer e deixar morrer seus seguidores, por tão pouco tempo de poder?

Foto: Reuters

A grotesca cena de Zelaya dormindo na embaixada brasileira,
disposto a qualquer sacrifício para voltar ao poder

Quando o atual presidente Roberto Micheletti disse que qualquer tentativa de diálogo teria que começar com o reconhecimento da legitimidade, por parte de Zelaya, das eleições que se realizarão no país, no próximo dia 29 de novembro, quer garantias de que o presidente deposto manteria a sucessão presidencial caso retomasse o poder.

Manuel Zelaya reagiu e disse que essa era uma armadilha de Micheletti. Zelaya tem razão, Micheletti lhe pôs numa armadilha política, pois se ele disser que reconhece as próximas eleições, caso assuma ou não o poder, teria dado apoio para que a sua sucessão acontecesse naturalmente, com maiores possibilidades de reconhecimento internacional. Caso rejeite as eleições põe contra si as suspeitas que tem planos ditatoriais.

Roberto Michelleti (foto) e Manuel Zelaya são velhos correligionários, do mesmo partido, que até pouco tempo se apoiavam mutuamente. São farinhas do mesmo saco, separados por uma feroz disputa de poder, que no fundo representa uma luta de grupos dentro da pobre republiqueta centro americana, que para sobreviver necessita da caridade mundial.

Durante os próximos dias os dois vão travar uma guerra suja de estratégia. Micheletti vai tentar manter Zelaya isolado na embaixada brasileira, longe dos seus apoiadores, enquanto simula uma possibilidade de dialogo, por sua vez, Zelaya aposta num massacre dos seus correligionários pelas forças armadas hondurenhas.

O provável plano de Micheletti no momento é transformar Zelaya num prisioneiro da embaixada brasileira, ganhar os primeiros oito dias, sem nenhuma definição e fazer o país voltar à normalidade possível, o mesmo estratagema que tem adotado em outras ocasiões.

Zelaya sabe que não tem como resistir, por muito tempo, no desconforto da modesta embaixada brasileira. Em poucos dias a mídia internacional vai esquecê-lo, assim que outro assunto tomar a pauta dos jornais. Ele ficará cada vez mais sozinho, mofando amargurado, exilado dentro do seu próprio país.

Restará pedir as autoridades brasileiras que negociem com o governo Micheletti para que possa obter garantia diplomatica para sair do seu país.

Por isso, pode-se esperar que nos próximos dias, os seguidores de Zelaya e as Forças Armadas vão se encontrar muitas vezes. Então o destino de Honduras será diretamente proporcional ao número de mortos. Se houver um banho de sangue, Zelaya volta ao poder, se as Forças Armadas não fizerem vítimas fatais em profusão Micheletti continuará no poder.


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