Nascimento do Passo levou o frevo para eternidade
Nascimento do Passo levou o frevo para eternidade O maior dançarino do frevo de Pernambuco foi enterrado essa semana, dia 03, num folguedo carnavalesco que espantou os vivos e animou as almas do cemitério de Santo Amaro
Fontes: pe360graus Um arrastão de frevo foi a forma escolhida para prestar as últimas homenagens a Francisco do Nascimento Filho, o passista Nascimento do Passo, 73 anos, sepultado no Cemitério de Santo Amaro, na área Central do Recife. O cortejo saiu da Casa Funerária Batista, na Rua Marquês de Pombal, onde o corpo foi velado, até o cemitério. Passistas, porta-estandartes, o boneco da Troça “Os indecentes”, que o homenageia e uma orquestra tocando frevos, abriram alas para a última passagem de Nascimento do Passo pelas ruas do Recife. Nascimento do Passo, exímio dançarino do frevo, ganhou fama por divulgar o carnaval pernambucano e sua dança, pelo país e pelo mundo. Ele foi o fundador da primeira escola de frevo de Pernambuco, em 1973, onde dava aulas de dança. Apesar de ser um caboclo amazonense, da cidade de Benjamim Constant, chegou à capital pernambucana com 13 anos, e por ironia do destino foi morar atrás do Clube Vassourinhas do Recife, daí se apaixonou pela dança e virou um “pernambucano da gema”, para sempre. O dançarino era viúvo tinha 6 filhos e deixou muitos alunos órfãos. Ele foi o responsável pela primeira escola de frevo do Recife, chamada Escola Recreativa Nascimento do Passo, fundada em 1973. A escola fica no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife. Nascimento deu aulas até 2003, quando se afastou por causa de falsas denúncias de abuso sexual e atentado violento ao pudor feito por alunas. Pelo menos uma delas já admitiu ter sido paga, por um inimigo do mestre, para incriminá-lo. O episódio abalou a saúde de Nascimento, que chegou a entrar em depressão. “Nascimento não foi apenas o primeiro passista qualificado brasileiro que mergulhou profissionalmente na arte de dançar e ensinar o passo. Criou um método de ensinamento da arte da dança pernambucana, pois logo compreendeu que a espontaneidade, versatilidade, e musicalidade do passista dependem da aquisição da técnica corporal específica para dançar o frevo”. A dançarina e pesquisadora do acervo Recordança, Valéria Vicente, tem uma dissertação de mestrado sobre a dança do frevo, onde coloca a atuação de Nascimento do Passo como decisiva para a transmissão da dança frevo tal qual a conhecemos hoje. "A dança do frevo deve muito a ele. A gente não lembra que a trajetória da dança é muito mais complexa que a da música. A música era feita por músicos de bandas, a dança foi criada por marginais, que não entravam nos clubes de frevo. O que temos hoje só foi possível graças a atuação e inventividade de Nascimento do Passo” - para ela, o pai do frevo dançado - “Isso merece reconhecimento mais profundo, que não veio em vida", coloca Valéria. Emocionada, à frente do caixão, a filha caçula de Nascimento, Milena Monteiro, 23, veio da Suíça, onde mora estuda e dá aulas de dança, para se despedir do pai. Ela disse que era difícil distinguir o pai do mestre. "Como pai, era uma pessoa determinada, com muita força e garra. Foi ele quem me alfabetizou antes de me colocar na escola. Quando pequena, era ele quem construía nossos brinquedos.” Como mestre, ele era muito dedicado. O frevo fazia parte da família. A gente acordava e dormia ouvindo o ritmo. A Secretaria de Cultura do Recife e o Clube de Máscaras Galo da Madrugada, já confirmaram que Nascimento do Passo será o homenageado no Carnaval do próximo ano, como não poderia deixar de ser. O presidente do bloco Galo da Madrugada, Rômulo Meneses, durante o velório disse: "Nascimento foi o precursor em divulgar o frevo como produto em todo o mundo. Ele foi para o frevo “dança” o que Capiba foi para a música", comparou. A dançarina e pesquisadora do acervo Recordança, Valéria Vicente, tem uma dissertação de mestrado sobre a dança do frevo, onde coloca a atuação de Nascimento do Passo como decisiva para a transmissão da dança frevo tal qual a conhecemos hoje. “Ele deu oportunidade a muita gente que vivia nas favelas. Foi ele quem me ensinou a gostar da dança. Minha vida é voltada para o frevo, que meu deu oportunidades de conhecer, por exemplo, várias cidades do mundo. Nascimento do Passo, dedicou sua vida ao frevo, multiplicando-se em milhares de foliões alunos que dançam pelo recife e pelo mundo, fazendo os passos inventados pelo mestre, a "tesoura", a "porca", o "parafuso", sombrinhas na mão, com as cores de Pernambuco, evoluindo ao som dos metais das orquestras de frevo. Agora está frevando no céu. |
Um comentário:
Comunico a todos o falecimento no Rio de Janeiro, em 06/10/2009,onde residia. da 1ª Rainha do Passo 'NIZE BRITTO". nos anos 50ela levou o frevo não somente ao Brasil mas também à outros países. É uma pena que sua história também não seja lembrada.
Como sua sobrinha, possuo fotos, capa de disco e jornal, o qual conta da vida e sua trajetória como grande passista.
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