5 de set. de 2009

Ataque da OTAN mata civis afegãos

Ataque da OTAN mata civis afegãos
Além do desperdcio de vidas inocentes cria problemas políticos no Afeganistão, nos EUA e na Alemanha

Foto: JawedKargar/EuropeanPressphotoAgency

Soldados examinan os destroços da explosão

Fontes: The New York Times, Jornal do Brasil, Expresso, Reuters , BBC Brasil, Deutsche Welle

O comandante das forças internacionais no Afeganistão, Stanley McChrystal, foi neste sábado até à província de Kunduz, ao local onde na sexta-feira dois bombardeiros F-15 americano, por solicitação do comando alemão na região, atirou bombas e fez explodir caminhões de combustíveis, tendo matado além de rebeldes Talibãs, um número ainda não confirmado de civis.

O general McChrystal já ordenara em julho que aviadores só deveriam entrar em ação se houvesse a certeza de que a vida de civis não estaria em perigo. Para ele, a segurança da população seria mais importante do que a caça aos talibãs. Esse incidente, porém, vai reacender a ira dos afegãos, contra tropas estrangeiras no país e dificultar a aprovação de mais tropas no Afeganistão, que já encontrava resistência tanto no Congresso, quanto na opinião pública americana.

Foto: Agence France-Presse/GettyImages

O ataque ocorreu quando membros do Talebã que haviam roubado dois caminhões de combustível na noite de quinta-feira, após decapitarem dois motoristas da Otan, acabaram, atolados nas margens do rio Kunduz. Para tentar sair do local, decidiram esvaziar os tanques e os moradores da região se aglomeraram para recolher parte do combustível. Foi neste momento que o ataque aéreo aconteceu.

O Ministério da Defesa em Berlim insiste em dizer que se tratava de mais de 50 mortos, mais descarta que houvesse vítimas civis.

Foto: AP

Mortos no ataque sendo enterrados em Kunduz, no Afeganistão

O presidente afegão Hamid Karzai comunicou, no entanto, que "cerca de 90 pessoas foram mortas ou feridas". Ele declarou estar consternado e disse que "civis inocentes não devem ser mortos ou feridos em operações militares".

Diante da notícia de vítimas civis e das críticas à desproporção da missão, um porta-voz do Ministério alemão da Defesa defendeu o comandante alemão que ordenou o ataque. O oficial em questão seria extremamente cauteloso, afirmou.

Três semanas antes das eleições parlamentares alemãs, o ataque aéreo provocou fortes reações entre políticos alemães de oposição. Oskar Lafontaine, presidente do partido A Esquerda, reiterou o pedido de retirada das tropas alemãs do Afeganistão.

A especialista em Defesa do Partido Liberal Democrata exigiu uma posição definida da chefe alemã de governo Angela Merkel de que a missão no Afeganistão trata-se de lutas perigosas e não da ajuda ao desenvolvimento.

A Alemanha tem estacionado no Afeganistão uma tropa de 4.000 homens, soldados que Berlim não deixou que operassem em zonas de combate, na missão possui apenas aviões de reconhecimento, mas não de ataque, quando necessário, como foi o caso, é requisitado apoio aéreo, então pilotos britânicos ou norte-americanos assumem a missão, como o F-15 da foto.

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