A rainha da zona - por Lucas Mendes
OPINIÃO A rainha da zona Onde você estiver em Nova York, do bairro mais pobre ao mais rico, você esta na zona da Amanda. - Lucas Mendes fala da urbanista Amanda Burden, a segunda pessoa mais poderosa da cidade de Nova Iorque. Ou será a primeira? Foto: Sean Donnola/Wall street Journal Postado por Toinho de Passira No começo da década de 60, ela era tão bonita e bem vestida que tomou de Jacqueline Kennedy o lugar de mulher mais elegante do mundo. E bem nascida. Tem um pedigree do cão. O pai era herdeiro da Standard Oil. A mãe era personagem de Truman Capote. A madrasta era filha de Averell Harriman, herdeiro de empresas ferroviárias e embaixador americano na União Soviética, e o padrasto era William S. Paley, criador da rede CBS, o Roberto Marinho dos 60 e 70 nos Estados Unidos. Tem mais. Casou-se pela primeira vez com Carter Burden, multimilionário descendente do Comodoro Vanderbilt, homem dos navios e das ferroviárias e assessor de Robert Kennedy. O segundo casamento foi com Steven Ross, presidente da Warner Communications, que foi patrão de Pelé no Cosmos e é vizinho nos Hamptons. É difícil encontrar um DNA nos Estados Unidos com tanta história e cifrões, mas em 2010 o patrimônio dela era de apenas US$ 13 milhões.
O primeiro emprego desta aristocrata americana foi como professora assistente no Harlem. Na faculdade, estudou comportamento animal e se apaixonou por pássaros. Durante uma entrevista no restaurante Odeon, onde costuma almoçar, uma jornalista cobrou dela o conhecimento sobre passarinhos. Ela deu uma lição sobre as mais de 300 variedades que passam pelo Central Park e surpreendeu os vizinhos de mesa com um sonoro "pi pi pi piii". Imitou vários pássaros: "Não moram aqui. Nova York é só uma escala para canto e descanso. Fazem seus ninhos no Canadá e passam o inverno na América do Sul". Anos depois, voltou para a faculdade e fez um mestrado na Columbia sobre urbanismo, com uma premiada tese sobre reciclagem de lixo. Faltou dizer que, aos 67 anos, chama atenção pelo corpo e pelo rosto. Linda e, como diz o Times, "impossivelmente magra". Fenômeno novaiorquino que não passou despercebido pelos ricos, políticos e poderosos. Depois do divórcio de Steven Ross, circulou pela cidade com os senadores Ted Kennedy, Chistopher Dodd e o colega jornalista Charlie Rose, um dos melhores entrevistadores da televisão americana com quem tem uma relação romântica antiga e intermitente. A guinada definitiva de socialite para trabalhadora foi inspirada pelo urbanista William "Holy" White, especialista em descobrir espaços mal utilizados nas cidades. Ela batia perna pela cidade com ele e até hoje não só caminha como pedala e fotografa Nova York e outras cidades do mundo. Em 1990, ela foi nomeada para a Comissão de Planejamento Urbano, se tornando uma espécie de subsecretária, na época, com mais charme do que poder. Foi o prefeito Bloomberg que deu a ela superpoderes a partir de 2002. Nem Batman, Super-Homem, Homem-Aranha, quem mais?, enfim, nenhum teria mais impacto do que Amanda Burden tem. Não foi na base da fantasia nem da maquiagem. Com o poder de mudar o zoneamento, ela fez e aconteceu em 8.400 quarteirões dos cinco bairros, e nos próximos 18 meses vai rezonear partes pobres e nobres de Manhattan, como o lado leste da ilha, entre as ruas 40 e 57. A avenida Park e a estação Grand Central estão no alvo. Em 10 anos anos, ela mudou a cidade mais do que nos últimos 100 e, se você acredita nos jornais, ela é a pessoa mais poderosa de Nova York depois do prefeito Bloomberg. Eu acho que a líder da Comissão e provável futura prefeita tem mais poderes, mas não vale a pena entrar neste debate. Fotos: Archdaily O sucesso mais conhecido pelos turistas é a linha do antigo trem elevado, o Highline, transformado num parque suspenso, copiado de um projeto parisiense. Foto: Archdaily Amanda discute os tintins com as construtoras e arquitetos. A posição dos bancos com relação ao sol, o número de degraus de escadas num parque - não devem passar de cinco. "Ela é um pé no saco", dizem os críticos, que acusam Amanda de limitar a criatividade dos construtores quando mantém os padrões estéticos da vizinhança e limites de altura. Veja mais imagens do Highline *Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas a publicação original |
Nenhum comentário:
Postar um comentário