Guerra diplomática Brasil x Bolívia
BOLÍVIA - BRASIL Guerra diplomática Brasil x Bolívia O senador oposicionista boliviano, Roger Pinto Molina, abrigou-se na embaixada brasileira, em La Paz, desde 28 de maio, fugindo de assassinos dos carteis de drogas locais e ramificações mexicanas. O governo brasileiro concedeu-lhe asilo político com base no direito internacional. Evo Morales nega expedir o salvo conduto que permitiria a saída do político do país. Alega que o senador tem pendencia na justiça da Bolívia e que nestes casos o governo boliviano não pode reconhecer o asilo. O Brasil acatou o pedido do político por considerar que os movidos contra ele são de fundamento meramente políticos. O impasse está criado. Foto: Gaston Brito/Reuters Postado por Toinho de Passira O governo de Evo Morales está criando um incomodo incidente diplomático com o Brasil, ao não emitir um salvo conduto para que o senador de oposição Roger Pinto Molina, 52 anos, asilado na Embaixada do Brasil em La Paz, deixe o país. O político, ex-líder da oposição, está desde o dia 28 de maio, nas dependências da representação diplomática brasileira, onde se abrigou pedindo asilo político, dizendo perseguido pelo governo do seu país, correndo eminente risco de vida. O governo brasileiro resolveu conceder o asilo ao senador, depois de examinar a questão, dentro dos padrões das convenções internacionais. Quando soube da decisão, o vice-presidente Álvaro Garcia Linera, que exercia a presidência, pois Evo estava no exterior, chamou a decisão brasileira de "desatinada". Mais tarde Morales preferia rotulá-la como "equivocada". Evo Morales, desde então, descumprindo os mais elementares princípios do direito internacional, utiliza-se do expediente de não fornecer o “salvo conduto”, documento necessário para que o político asilado faça, sem riscos de ser detido pelas autoridades locais, o percurso desde a embaixada até o aeroporto, de onde partiria rumo ao Brasil. Neste momento, a embaixada brasileira, transformou-se, para o senador Roger Pinto, em um presídio político, de onde não pode sair sem o risco de ser preso, ou morto. Nesta quinta-feira, a ministra de Comunicação boliviana, Amanda Dávila, em nome do governo da Bolívia acusou o embaixador brasileiro no país, Marcel Biato, de fazer "pressões" para que entregue um salvo-conduto ao senador opositor Roger Pinto, insinuando que o embaixador estivesse comportando-se de forma inconveniente. A manobra do governo Evo Morales é dificultar, de agora em diante, ainda mais a atuação do diplomata brasileiro que tem por obrigação defender os interesses do cidadão abrigado na embaixada, exigindo o cumprimento das normas internacionais. Foto: La Rázon A ministra diz que o embaixador está se utilizando a imprensa, para pressionar o governo, o que seria uma quebra das “normas diplomáticas vigentes".
Os processo citados pela Ministra são todos movidos pelo próprio governo, ou por autoridades denunciadas pelo senador. O senador Roger Pinto, enfureceu o governo de Evo Morales, ao acusa-lo de corrupção e conivência com o narcotráfico. Confiados na influencia indevida que possuem sobre o poder judiciário os governantes bolivianos contra atacaram com ações judiciais tentando neutralizar, embaraçar ou prender o senador. Segundo a imprensa local, o senador é processado desde “delitos florestais", "por danos econômicos ao Estado", corrupção e desacato ao vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera. Os processos que propositadamente correm em diferentes e distantes pontos do país, submetia o senador a uma maratona desumana, atendendo convocações e intimações do ministério público e da justiça em Blanket, La Paz, Sucre e Santa Cruz, além de continuar cumprindo com as obrigações inerentes ao seu cargo de senador. Uma ausência, um prazo não cumprido, poderia resultar em condenação e prisão. Na questão mais grave, no começo deste ano, o governo boliviano acusou formalmente o senador Roger Pinto, de “assassinato", por uma suposta responsabilidade em um massacre de camponeses em setembro de 2008 em Pando. Pergunta-se porque o governo demorou quatro anos para tomar a iniciativa do processo. O senador não tem nenhuma ligação os fatos. A acusação diz que ele estimulou a reação violenta, quando defendeu que fossem tomadas providencias para conter os manifestantes, que estimulados por Evo Morales marchavam em direção a capital do Departamento de Pando, que era governado pelo oposicionista Leopoldo Fernández. Num confronto com a polícia de Pando, morreram vários manifestantes. Por causa disso o então era o governador de Pando, Leopoldo Fernández, foi cassado e encontra-se na prisão, com acusações de cerceamento de defesa e ausência de provas nos autos de sua participação nos atos que resultaram na violência. A determinação de perseguir o senador Pinto foi desencadeada após uma sequência de denúncias do parlamentar, sobre a corrupção de círculos governamentais e a crescente presença na Bolívia de cartéis mexicanos da droga, comentou o jornalista Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo. Segundo ele, Pinto apresentou publicamente relatórios que dizia serem dos serviços de inteligência da polícia, redigidos por homens leais a Morales, mas que viam a "maciça penetração" criminosa no governo como uma traição à revolução prometida pelo presidente.
As alegações de corrupção estavam centradas em oficiais ligados ao caso do general René Sanabria, que servira como chefe da unidade de elite antinarcóticos da polícia e fora assessor-sênior de inteligência do presidente e que foi preso e condenado, em 2011, em Miami, a 14 anos de prisão, por tráfico de drogas (mais exatamente, 144 quilos de cocaína). Sanabria teria confirmado por ocasião da prisão, muitas das informações divulgadas pelo senador Pinto, entre elas a de que havia outros altos oficiais envolvidos no tráfico, que gozavam de proteção oficial. Diante dos fatos, Evo Morales ao invés de determinação uma investigação para comprovar ou não as acusações do senador, voltou-se contra ele o acusado de sedicioso. Como o parlamentar não se amedrontou e continuou falando, vieram as acusações de homicídio e as ameaças de morte. Desde que Morales chegou ao poder, os cultivos de coca na Bolívia aumentaram de 25,4 mil a 31 mil hectares, segundo a ONU. A Bolívia é o terceiro produtor mundial de coca e cocaína, depois de Colômbia e Peru, e o maior fornecedor dessas drogas para Brasil, Argentina, Chile e demais países do Cone Sul, acrescenta a mesma fonte. Compreenda-se que a ameaça de morte que o senador sofreu, não foi uma possibilidade remota. Ele saiu correndo de casa e se abrigou na Embaixada brasileira, por que queriam matá-lo naquele instante. (Teria sido alertado por alguém influente do serviço secreto boliviano). Se não estivesse com os assassinos ao seu encalço, teria sido mais conveniente uma fuga para o Brasil. O departamento (estado) que ele representa, limita-se com o Brasil. Na fronteira ele poderia pedir refugio, com os mesmos argumentos que pediu o asilo e não dependeria em nada de Evo Morales, para continuar no nosso país. Hoje, os inimigos mortais do senador são criminosos poderosos ligados a cartéis de drogas, incluindo aí, os violentos e sanguinários traficantes mexicanos. A agravante é que essa gente teria teoricamente apoio do governo boliviano. Roger Pinto Molina não está numa situação confortável, pode correr o risco de permanecer durante anos, morando na embaixada brasileira. Parte de sua família já emigrou para o nosso país, por questão de segurança. Mesmo que consiga deixar o país, sua situação é delicada. Terá que abandonar sua carreia política, seus negócios e todos os seus interesses pessoais na Bolívia. Como asilado político, em território brasileiro não poderá dar entrevistas, manifestar-se ou em exercer qualquer atividade pública e política contra o governo boliviano. Roger Pinto não é o primeiro, desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de dirigentes de oposição buscaram refúgio em Brasil, Paraguai, Estados Unidos, Peru e Espanha, entre outros países, após acusar o governo de perseguição política e argumentando que não teriam um julgamento justo na Bolívia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário