6 de jul. de 2012

Nicolas Sarkozy em apuros

FRANÇA
Nicolas Sarkozy em apuros
Trinta dias após deixar a presidência, o ex-presidente perde todas as imunidades do cargo, segundo a legislação francesa. Nessa situação de cidadão comum, é que o presidente Sarkozy está enfrentando uma enxurrada de investigações, fruto de coisas mal feitas, dos tempos em que estava no poder. Estão remexendo o seu passado, em busca de evidências de corrupção e irregularidades econômicas de sua campanha eleitoral.

Foto: Thibault Camus , AP/The Canadian Press

Sarkozy com Carla Bruni, de férias no Canadá, enquanto a polícia vasculha a sua casa em busca de provas incriminadoras

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Le Monde , The New York Times, The Guardian, Daily Mail, Canada.com, Liberation, Diário de Notícias

Agentes da polícia francesa revistaram nesta terça-feira, 3, a casa e o escritório do ex-presidente Nicolas Sarkozy buscavam provas para compor um inquérito sob um suposto financiamento ilegal da campanha presidencial de 2007.

Desde Quebec, no Canadá, onde está de férias, com sua esposa Carla Bruni, Nicolas Sarkozy, através de seu advogado repetiu o que vem dizendo há muito: que as acusações são infundadas e que está disposto a colaborar com as investigações.

O ex-presidente francês já devia estar esperando ser abordado pela justiça francesa com o fim do mandato e a consequente extinção da sua imunidade presidencial, desde que não conseguiu se reeleger e passou o cargo para o socialista François Hollande, em 15 de maio.

A Constituição da França diz que um presidente não pode ser obrigado a testemunhar, ser investigado ou processado até um mês após deixar o cargo.

Portanto a partir de 15 de junho, Sarkozy perdeu o escudo protetor que o cargo lhe proporcionava.

Liliane Bettencourt, a anciã bilionária, interditada por ter financiado a campanha de Sarkozy
Essa acusação de financiamento ilegal da campanha de 2007, o conhecido estilo “caixa 2” brasileiro, tem ingrediente explosivos, por envolver a viúva bilionária, Liliane Bettencourt, 89 anos, herdeira do império de cosméticos L’Oréal.

Há indícios que muito dinheiro em espécie, proveniente das contas suíças da anciã, acabaram oxigenando a campanha de Sarkozy.

O lastro do escândalo, “caixa 2” na França é um crime grave, o ex-gestor da fortuna de Bettencourt, Patrice de Maistre, está sob custódia, liberdade vigiada, por ter sido o intermediário da transferência do dinheiro, provavelmente entregue, ao ex-ministro do Trabalho Eric Woerth, então tesoureiro da campanha de Sarkozy.

A bilionária Liliane Bettencourt, também está sob tutela judicial, uma espécie de interdição, a pedido da filha, Françoise Bettencourt-Meyers, que denunciou haver indício de depilação do patrimônio, usando como evidências, as enormes quantias que teriam sido doadas clandestinamente a campanha de Sarkozy. No momento, por ordem da justiça de Versalhes, o neto mais velho de Liliane Bettencourt, Jean-Victor Meyers, encarregar-se da tutela pessoal da anciã, enquanto os dois outros netos e sua filha, Françoise, cuidam de sua fortuna.

Porém outros fantasmas que povoam o passado do ex-presidente Nicolas Sarkozy, começarão provavelmente a se materializar nos próximos meses.

Por exemplo, em outro caso, o chamado "Caso Karachi", os juízes estão tentando desvendar uma série de negociações nebulosas por intermediários e possíveis propinas ligadas à venda de submarinos pelo governo francês para o Paquistão na década de 1990.

Sarkozy, que era ministro do Orçamento e porta-voz do candidato presidencial Edouard Balladur na época, irritadamente rejeitou as especulações da imprensa de que ele poderia ter conhecimento dos pagamentos. Os juízes querem saber se eles foram utilizados na campanha de Balladur.

Foto: Scanpix

As suspeitas de ligações da campanha de Sarkozy com Gaddafi ocorrem também por ele ter concordado em receber o Líbio, com todas as honras de Chefe de Estado, em dezembro de 2007, no instante em que ele era repudiado e reprovado pela maioria das democracias ocidentais

A denúncia publicada no site investigativo de notícias “Mediapart” exibindo um documento que, segundo eles, mostra que o líder líbio deposto Muammar Gaddafi pode ter doado secretamente algo em torno de R$ 160 milhões, para financiar a campanha de Sarkozy em 2007. Oficialmente a campanha teria custado apenas R$ 60 milhões é a mais recente dor de cabeça do ex-presidente.

Sarkozy defende-se dizendo que foi ele o primeiro líder europeu a sugerir e usar, abertamente, a força para derrubar o ditador líbio. Autorizando inclusive o uso da força aérea francesa para combater Gaddafi. Lembra que apesar de ter sido impiedosamente bombardeado o ditador líbio, em nenhum momento denunciou que o teria ajudado na sua campanha presidencial.

Por fim, Sarkozy é acusado de ter utilizado o serviço secreto do governo, a “Direction centrale du renseignement intérieur” (DCRI) para realizar escutas telefônicas, consideradas ilegais, pela organização Repórter sem Fronteira, para descobrir quem dentro do governo fornecia informações ao jornalista Gérard Davet, do diário “Le Monde”, que investigava o caso do financiamento de campanha de 2007, envolvendo a bilionária Liliane Bettencourt, dos cosméticos L’Oréal.

A demissão do serviço público, do conselheiro técnico do Ministério da Justiça, David Sénat, identificado como o informante do jornalista, ocorreu devido à essas escutas. Cabe a justiça no desenrolar das investigações, classificá-las como legais ou ilegais, se foi um trabalho de governo, ou a utilização do aparato do estado, para um servicinho particular para o senhor Sarkozy.

Agora se entende porque Nicolas Sarkozy esteve tão empenhado em tentar a reeleição, não que quisesse continuar servindo o povo francês, queria continuar no poder, para adiar o risco de acabar na cadeia.


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