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Ordem de Dilma demitiu diretor-geral do Dnocs Oficialmente Elias Fernandes, diretor-geral do Dnocs, sob suspeições, pediu exoneração. Na verdade, saiu por ordem expressa de Dilma. O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Alves (RN), padrinho político de Elias, ainda tentou salvá-lo, ontem, pressionando de forma acintosa, a presidenta, ameaçando-a com a fundamental força política do PMDB, na base aliada do governo. Dilma, refém do PMDB, fez jogo duplo: mandou exonerar o apadrinhado do deputado, mas concedeu-lhe o direito de indicar o substituto. Um empate de 0x0, que favorece o deputado. Foto: Tribuna do Norte
Elias Fernandes convencido a pedir demissão Postado por Toinho de Passira Fontes: G1 , Folha de São Paulo, Blog da Cristiana Lobo
O diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), Elias Fernandes Neto, deixou nesta quinta-feira (26) o cargo, após acusação de ter favorecido seu estado de origem em convênios do órgão.
A saída foi anunciada por meio de nota oficial divulgada pelo Ministério da Integração Nacional, ao qual o órgão é submetido, após reunião entre Elias Fernandes Neto e o ministro Fernando Bezerra Coelho.
Elias Fernandes Neto deixou o Ministério da Integração nesta quinta sem falar com a imprensa. A assessoria da pasta disse ainda que o ministro não vai comentar o pedido de demissão.
Segundo o Blog de Cristiana Lôbo, na manhã desta quinta, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, comunicou ao vice-presidente Michel Temer a decisão da demissão, por determinação da presidente Dilma Rousseff.
Tudo começou com um relatório de uma auditoria especial da Controladoria Geral da União (CGU), que constatou irregularidades que podem ter causado um prejuízo de R$ 312 milhões no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Além de apontar concentração de contratos no Rio Grande do Norte, estado do diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes. Nos convênios para ações contra desastres naturais, de 47 projetos, o estado teria recebido 37.
Em menos de dois meses, o Dnocs já soma três exonerações de diretores. Na última segunda-feira (23), a presidente Dilma e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, assinaram a exoneração do diretor administrativo-financeiro do órgão, Albert Brasil Gradvhol, em dezembro do ano passado, Cristina Peleteiro foi exonerada da Diretoria de Infraestrutura. Foto: Agência Brasil
Deputado Eduardo Alves Deputado desafiou Dilma dizendo que PMDB não perderia cargo. Perdeu o apadrinhado, mas manteve o privilegio de indicar o substituto. Prevendo a exoneração de Elias Fernandes, o seu padrinho político o líder do PMDB na Câmara dos deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), padrinho político de Fernandes Neto, ontem em um gesto público de insatisfação com o governo de Dilma Rousseff, desafiou ontem o Planalto a demitir o apadrinhado.
"O governo vai brigar com metade da República, com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente da República, 80 deputados, 20 senadores? Vai brigar por causa disso? Por que faria isso?", questionou Alves.
Mais ameaçador ainda cobrou reciprocidade, defendendo que Dilma agisse em relação a seu afilhado da mesma forma que agiu com ministros que, mesmo sob suspeita, foram mantidos nos cargos.
E citou nomes em entrevista na Folha de São Paulo:
"Se fosse assim, o Fernando Bezerra tinha sido demitido; o Fernando Pimentel [Desenvolvimento] tinha sido demitido; o Paulo Bernardo [Comunicações] tinha sido demitido. Mas não. Apresentaram suas explicações, convenceram, com nosso apoio inclusive, e ficaram", disse Alves.
Ele se referia a ministros contra os quais pesaram suspeitas de irregularidades. Bezerra, de favorecer parentes e seu Estado na liberação de verbas da pasta, entre outros pontos; Pimentel, por suspeitas em consultorias de sua empresa; Bernardo, por suposto uso de jato particular.
Alves acrescentou: "Eu quero o mesmo tratamento ao representante do meu partido no Dnocs. Por que com o PMDB o tratamento é diferente? Não pode se explicar."
O PMDB é o principal aliado do PT na coalizão de Dilma Rousseff e foi um dos fiadores do governo em votações polêmicas de 2011, como a do Código Florestal.
Apesar da aliança, nos bastidores peemedebistas manifestam insatisfação. O partido avalia que não irá ganhar espaço na reforma ministerial e que o governo tenta enfraquecer Alves na disputa pelo comando da Câmara.
Apesar do acordo para a candidatura do peemedebista, setores do PT trabalham para que isso não aconteça. Foto: Renato Araujo/Agência Brasil Bezerra Coelho, com a cara de pau que Deus lhe deu, exonerando o subordinado, Elias Fernandes, por ter centralizou os projetos da sua diretoria no seu estado de origem. A demissão de Fernandes já havia sido pedida à Casa Civil pelo ministro Fernando Bezerra em dezembro.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB), porém, interferiu na última quinta ao convocar o ministro para uma conversa em seu gabinete.
A Folha apurou que Bezerra foi lembrado nesse encontro que também enfrenta suspeitas de irregularidades e que foi defendido pelo PMDB.
Nessa conversa, o ministro foi convencido em rever sua posição e encaminhar para o TCU (Tribunal de Contas da União) o relatório da CGU, inclusive avalizando a defesa do Dnocs.
As declarações ontem do ministro de que a faxina no Dnocs será feita, porém, surpreenderam o PMDB.
Por essa razão, Alves teria feito a citação explícita a Pimentel, ministro mais próximo de Dilma, e Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffmann (Casa Civil), a quem compete operar a demissão.
O próximo foco de conflito com o PMDB será a Petrobras. Segundo peemedebistas, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), já foi informado da exoneração do presidente da Transpetro, o ex-senador Sérgio Machado, indicado por Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado.
"Isso seria acertar o coração de Renan", disse Alves.
A bravata de Eduardo Alves, tentado envolver o PMDB com os seus interesses pessoais, não adiantou e até tenha sido determinante para a saída do apadrinhado.
Mas para que tudo não fique parecendo sério, o deputado Eduardo após aceitar “a decisão de se exonerar” do afilhado Elias Fernandes, segundo ele relatou, no Twitter, recebeu uma ligação do ministro Bezerra Coelho, esclarecendo os fatos e pedindo a ele uma "indicação urgente" para a direção do Dnocs.
"Peço alguns dias para sugestão de novo nome para representar o RN e o PMDB na direção do Dnocs.” – disse o deputado Eduardo Alves, evidenciando que perdeu a batalha, mas não a guerra. Já a moralidade pública... ? |
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