Aproveitando o momento de popularidade em alta, a presidente da Argentina conspira, através do seu vice Amado Boudu, a possibilidade da mudança da constituição, para permitir aos presidentes argentinos a reeleição permanente, começando por ela, é claro. Um projeto acarinhado pela militância kirchnerista que em plenos pulmões costuma gritar: “Cristina eterna!”.
Foto: Enrique Marcarian/Reuters

Aproveitando a popularidade em alta, e o rescaldo da comoção nacional, devido ao câncer que lhe havia sido erroneamente diagnosticado, Cristina, a pouco mais de um mês, de ter tomado posse, num segundo mandato, deseja o mais rápido possível, mudar a constituição para ter a chance de ser reeleger para sempre.
Postado por Toinho de Passira
Fontes: El Clarin, La Nación, Los Andes, Pagina 12, Folha de São Paulo, Wikipedia
Em fevereiro de 2011, a deputada federal argentina Diana Conti, expressou seu desejo e de grande parte do kirchnerismo ao afirmar: “deseamos una reforma constitucional porque queremos una Cristina eterna”. A idéia não foi bem aceita, a princípio e Cristina Kirchner, em plena campanha pela reeleição, não quis seguir com a polêmica, tanto que falando ao Congresso, um mes depois, foi falsamente humilde e modesta, afirmando que mesmo que quisses não teria força política para mudar a constituição para obter a chance de outros mandatos. Desde então o assunto ficou em banho-maria.
Mas nesta quinta feira, menos de 24 horas depois de Cristina, ter reassumido a presidência, após a licença médica, a proposta de "Cristina eterna”, tão repetida pela militância, chegou abertamente a pauta política.
Num almoço fechado organizado pelo vice-presidente Amado Boudou, em Mar del Plata, segundo o jornal "La Nación", diante de pesos pesados do kirchinerismo, a deputada provincial Fernanda Raverta, da agrupação La Cámpora, propôs a reforma da Constituição para garantir um terceiro mandato à Cristina, repetindo a sugestão feita pela colega federal Diana Conti.
Na Argentina, o terceiro mandato é proibido pela lei. A presidente iniciou seu segundo período em 10 de dezembro último, após ser reeleita com 54% dos votos.
A proposta da deputada foi acolhida imediatamente pelo vice-presidente Amado Boudou, acrescentando que "temas constitucionais têm de ser discutidos agora e não daqui a três anos".
Foto: Reuters

Cristina diante do painel com, a eterna, Evita Perón reunidas com crianças carentes.
A oposição pronta e fortemente reagiu. Ricardo Alfonsín, (União Cívica Radical) e o socialista Hermes Binner, ambos derrotados nas últimas eleições, por Cristina, demonstraram indignação.
Alfonsín disse que a sociedade não via com bons olhos essa iniciativa. "Todas essas coisas terminam afetando negativamente a imagem do governante", disse.
Já Binner declarou que não era "eticamente saudável" que, durante o exercício de sua função, um governo pedisse para "modificar a Constituição em função de seu benefício particular".
Ao que parece, o tema, vai unificar a oposição, sempre tão fragmentada, que unida poderá complicar, a pretensões de Cristina de eternizar-se no poder.
O novo congresso eleito junto com Cristina é dominado por aliados, com maioria no senado, 38 cadeiras e 131 deputados na Câmara Federal, número suficiente para aprovar projetos que exigem maioria simples. Mas nada comparado à esmagadora maioria que apoio o governo Dilma no Brasil, lá, apenas três senadores e cinco deputados garantem a maioria.
Como uma alteração constitucional, lá como aqui, exige uma maioria de dois terços do congresso, os kricheneristas, vão ter que conseguir que 10 senadores e 53 deputados da oposição adiram, e contar que não haja debandada na base aliada.
Foto: Daniel Garcia/AFP/Getty Images

Irritado com as repercussões, o vice Boudou, visto aqui ao lado de Cristina, declarou que, quando disse que "não era necessário esperar três anos", não estava falando sobre a reeleição especificamente, mas da necessidade de o terceiro mandato entrar na agenda no futuro.
Hoje, os países latino americanos, adotam leis variadas em relação a eleições e reeleições. As constituições de países como o México, Guatemala, Honduras e Paraguai, impedem os ex-presidentes, não se de tentarem a reeleição, mas de assumirem um novo mandato pelo resta da vida.
Outro grupo de países da região, permitem uma reeleição única, acrescentada a possibilidade de se candidatar novamente após outro presidente ter exercido o mandato. São eles Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, República Dominicana, Argentina, Peru, Uruguai, Chile, Costa Rica, El Salvador, Panamá e Nicarágua.
Apenas na Venezuela, Hugo Chávez, conseguiu mudar a constituição e tornou as reeleições sucessivas e sem limites, a utopia do “Chávez eterno”, o sonho acalentado por Cristina Krichner.
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