15 de mar. de 2010

Roberto Magalhães desencantado deixa a vida pública

ELEIÇÕES 2010
Roberto Magalhães, desencantado, deixa a vida pública
O Brasil perde com a saída de Roberto Magalhães da vida pública. O parlamentar pernambucano, com sua experiência de ex-governador e ex-prefeito do Recife, é um patrimônio moral, político e cultural do estado e do país

Foto: Saulo Cruz/Ag. Câmara

“Eu costumo dizer que gosto do poder, mas não gosto da política. O poder é uma criação de Deus, e a política, uma invenção do diabo. Isso porque o poder dá ao homem a oportunidade de revelar suas melhores virtudes, e a política leva o homem a revelar suas piores qualidades.” - Roberto Magalhães

Toinho de Passira
Fontes: Blog do Inaldo Sampaio, G1, Fundação Getúlio Vargas, Radar - Veja, Folha Online

O deputado Roberto Magalhães comunicou que vai abandonar a vida pública, não vai mais concorrer â Câmara federal, nem a mais nenhuma mandato eletivo. Desencantou-se com a forma de fazer política na atualidade.

"O Brasil caminha para se transformar no país do partido único, o partido do poder", afirma ele, para quem a Casa ficou sem graça - o governo age como rolo compressor e a oposição detém menos de um terço dos 513 deputados.

Ex-governador, ex-prefeito do Recife e deputado federal por quatro mandatos, Magalhães diz ter conhecido a Câmara ainda com independência e aponta o sistema eleitoral como a raiz do processo de corrupção no campo dos três Poderes.

"Já dei minha cota, não tenho mais estímulo", justificou.

Mas esse “partido único” não é o PT como muitos estão imaginando e sim o “partido do poder”. Hoje, disse ele, a Câmara Federal ficou sem graça porque o presidente Lula tem o apoio de 400 deputados (17 partidos) num colegiado de 513, significando que a oposição não tem sequer 1/3 dos votos para propor a criação de CPIs.

O ex-governador considera normal que o presidente da República, o governador ou o prefeito trabalhe para ter maioria nas casas legislativas. Mas isso só será legítimo, disse ele, se essa maioria for conseguida pelo voto ou em cima de um programa de governo.

Não é o que ocorre hoje no Brasil, segundo ele, onde as maiorias são conquistadas por meio de cooptações e às vezes por métodos não republicanos.

Apesar de tudo que ruim que acontece na política, Roberto Magalhães é otimista com o futuro do país, segundo ele “o Brasil deu passos gigantescos nos últimos 25 anos e se transformou num dos países mais importantes do mundo.”

Foto: Agência Estado/Fundação Getúlio Vargas

MOMENTO HISTÓRICO: Na foto, em primeiro plano, a direita, o presidente da Assembléia de Pernambuco, deputado Felipe Coelho, seguido do Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Benildes Ribeiro, ao centro Tancredo Neves e Roberto Magalhães abraçam-se, no salão Nobre do Palácio do Campo das Princesas, na entrega da Medalha do Mérito Guararapes, 27 de julho de 1984

Politicamente, o seu grande momento histórico, foi quando enfrentou os riscos de uma cassação, sendo um dos primeiros governadores do país a apoiar a candidatura do governador mineiro Tancredo Neves.

Roberto Magalhães transformou a entrega da Medalha do Mérito Guararapes, a maior comenda de Pernambuco, ao governador mineiro Tancredo Neves, em meados de 1984, num ato de forte significado político de apoio público a candidatura que se contrapunha ao candidato oficial do regime militar Paulo Maluf.

Esse fato deu início ao apoio do político mineiro na região e trouxe finalmente a ribalta política um movimento que até então funcionava como uma conspiração sussurrada nos bastidores.

Ao longo da vida pública, ganhou eleições surpreendentes e perdeu outras por não transigir nem com os “supostos aliados”.

O pecado de ter ameaçado um jornalista pessoalmente, por se achar moralmente atingido é lamentável, quase imperdoável, custou-lhe a reeleição a Prefeitura do Recife, por um percentual inferior a 1%.

Mas esse desagradável incidente, que não devia constar da sua biografia democrática, não lhe tira em nada o brilho nem a dignidade pessoal, pode ter arranhado, superficialmente, seu perfil de homem público.

Roberto Magalhães nas ocasiões em que esteve no Poder Executivo foi um governante austero, probo e profícuo qualidades que levou para o Congresso Nacional.

Com sua saída da cena política, o Brasil perde em decência, inteligência e qualidade.


Um comentário:

Anônimo disse...

Dá uma olhadinha, Passira.
.
"O Consulado do Brasil em Miami foi ocupado por integrantes de um movimento contra a ditadura de Fidel Castro em Cuba.
Lula foi chamado de cúmplice no assassinato de Zapata Tamayo.
Nenhum órgão de notícias brasileiro divulgou a ocupação."
.
Postei o vídeo mostrando a ocupação lá no blog "Cerveja com Truco".
.