17 de mar. de 2010

O efeito cascata dos royalties cariocas

BRASIL - PETROLEO
O efeito cascata dos royalties cariocas
Cabral está sozinho e mal pago, nem o Cristo Redentor vai ser capaz de fazer o dinheiro do petróleo jorrar fartamente, como antes, dentro dos cofres cariocas

Foto: O Globo

A estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, vira outdoor para os protestos de Sérgio Cabral. O morro do Corcovado permanece aberto à visitação durante a reforma do Cristo, agora, além dos andaimes, os turistas têm agora que dividir a foto do monumento com a faixa de protesto.

Fontes: Ultimo Segundo, O Globo, Blog do Jamildo

O governador Sérgio Cabral andou encostando a candidata Dilma Rousseff na parede, por conta daquelas alianças suspeitas com Anthony Garotinho e não lhe deu a “esperada atenção” no Sambódromo, preterindo-a diante de Madonna, cheio de direitos e prepotências pelos supostos votos que possa proporcionar a ministra preferida de Lula.

Em contra partida o governo federal deixou correr frouxo a história da partilha dos royalties do petróleo, afrouxando as rédeas dos deputados Federais, que votaram como se fosse um poder independente.

Seria um tirar de tapete momentâneo, ao companheiro carioca, para ajustá-lo na nova situação de conviver com uma campanha federal e uma local, mostrando que ele tinha mais a perder, do que ganhar, numa episódica rebeldia intempestiva.

Afinal só Lula poderia usar sua maioria no Senado para desmanchar o que foi feito na Câmara, poderia vetar o projeto e mandar a Câmara ficar quieta, ou simplesmente mandar Sarney engavetar essa confusão tirando-lhe a urgência.

Acontece que em ano eleitoral, as coisas são super dimensionadas, as bestas são mais desenfreadas e só falta 288 dias, a partir de hoje, 17, para Lula sair do governo e seus super-poderes estão diminuindo proporcionalmente com a areia que vai caindo da ampulheta.

Por outro lado, os congressistas em campanha estão adorando fazer média com os prefeitos de seus estados, prometendo mais dinheiro e esperando mais votos.

Aparentemente a situação talvez tenha saído do controle de Lula, como há muito não se via e a base aliada, tanto quanto a oposição, exceto dos estados prejudicados, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, uniram-se numa idéia fixa e aparentemente irremovível, de manter a nova lei, com está.

A reação chorosa e violenta do governador carioca demonstra desespero e descontrole e expõe, pelo menos momentaneamente, a falta de capacidade do governo federal em dominar a surpreendentemente base aliada de comum acordo com a oposição.

Ameaçou a realização da Copa do Mundo, das Olimpíadas e quase inclui o desfile das escolas de Samba e a mortandade dos peixes da Lagoa Rodrigues de Freitas, mas foi desmentido, pois esses eventos superfaturados recebem granas jorradas de outras fontes.

O movimento da partilha dos royalties tomou expressivo volume nacional e todo mundo já se considera com a parte dos milhões que antes abarrotavam apenas os cofres, cariocas, paulistas e capixabas e ninguém está disposto a abrir mão dessas tão bem vindas benesse.

Foto: Getty Images

A mesma faixa que está no Cristo Redentor também foi pendurada na fachada do Teatro Municipal do Rio, também em reforma

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, um aliado fiel do presidente Lula, é uma boa amostra dessa situação. Pegou um pau de arara e rumou para Brasília, armado de argumentos de igualdades federativa, faca nos dentes e chapéu de cangaceiro na cabeça, disposto a conversar até com a oposição pernambucana do senado, para enfrentar Cabral e o seu Cristo Redentor.

Em entrevista concedida ontem, afirmou que “não adianta bater o pé” e que “chegou a hora do bom senso”.

O pernambucano também se mostrou otimista com a apreciação da matéria pelo Senado e que a distribuição dos royalties apenas entre os três estados tidos como “produtores” era excludente.

“Quando tem necessidade, distribui com os nordestinos, quando tem oportunidade, não distribui. Esse tempo passou, esse tempo acabou. Esse tempo de ganhar no grito acabou também”, sentenciou aos brados.

Sérgio Cabral vai ter que contar com alguém mais que o Cristo Redentor para entrar na campanha em defesa da situação anterior, quando os royalties destinavam-se apenas aos municípios e os estados produtores de petróleo, parece entregue a própria sorte.

Essa confusão toda, pode ter conseqüências inesperadas e bisonhas. Cabral que não está com esse IBOPE todo para se reeleger governador, encontrou na campanha em defesa do Rio, uma bandeira a sustentar junto ao eleitorado e começa a gostar de ser rebelde.

Imagina se no cumulo da insurreição, joga tudo para o alto, rompe com Lula e apóia Serra.

E lembrar que estava tudo quieto e Lula resolveu mexer com o vespeiro e, busca de querer controlar o pré-sal ainda nas entranhas profundas do Atlântico. Agora que o demônio saiu da garrafa, vai ser muito difícil convencê-lo a entrar gargalo à dentro.


IQUE – Jornal do Brasil - RJ


Um comentário:

Ana Maria disse...

Você sabe tudo!!!

Abração,

Ana Maria