28 de out. de 2009

VIOLÊNCIA - Europa: Seqüestrou e entregou a justiça assassino da filha

VIOLÊNCIA – Europa
Seqüestrou e entregou a justiça assassino da filha

Cansado de tentar, por 27 anos, que a Alemanha extraditasse para a França o responsável pela morte da sua filha menor, pai seqüestrou o criminoso e o abandonou amarrado junto ao tribunal da cidade francesa de Mulhouse. Agora autoridades alemãs querem condenar o pai sequestrador e libertar o assassino: criou-se um incidente diplomático entre os dois países

Foto: Pascal Pavani/AFP

Em 2007, Bamberski protestando em frente ao consulado alemão em Toulouse, junto aos integrantes do grupo “Justice for Kalinka”, fundado por ele.

Fontes: Le Figaro, Hannover-Zeitung, Spiegel, Temps Reel, La Pedeche, Jornal de Notícias


Médico alemão condenado pela morte da adolescente francesa, desde 1982, nunca havia sido preso antes, por isso
Dieter Krombach, (foto) de 74 anos, cardiologista alemão foi sequestrado no seu país e apareceu amarrado, amordaçado e apresentando o nariz quebrado e ferimentos na cabeça junto ao tribunal da cidade de Kempten Mulhouse na França.

Ao ser encontrado pelas autoridades francesas, alertados por um telefonema anonimo, foi levado inicialmente para um hospital sob custódia policial e depois transferido para prisão, à disposição da justiça , por estar condenado pelo assassinado e violação da jovem francesa, Kalinka Bamberski, de 14 anos em 1982.

Desde 1995 a França emitiu um mandato internacional de captura para Krombach, mas as autoridades alemãs recusaram-se a entregá-lo porque ele já tinha sido julgado num tribunal alemão e declarado inocente por falta de provas.

O pai da vítima, André Bamberski, 72 anos, também encontra-se preso, por ter sido o autor do sequestro, identificado como autor do telefonema anonimo que alertou a polícia da localização do alemão condenado posto ao lado do prédio do tribunal.

Kalinka, de 14 anos, (foto) foi encontrada morta, em 1982, na casa que o padrasto alemão tinha na margem do lago Constança. Os seus braços apresentavam marcas de várias picadas de agulha, mas a investigação revelou-se inconclusiva na Alemanha.

André Bamberski, o pai da jovem sempre acusou o médico de a ter drogado e violado e acionou os tribunais alegando que quem fez a autópsia foram médicos alemães amigos do cardiologista que ocultaram a violação.

Quando o corpo foi exumado, em 1985, depois de um batalha judicial, constatou-se "que a integralidade das partes genitais e da bacia da jovem haviam sido retiradas do corpo".

O que impossibilitou a já dificil prova da violação, mas que fez tornar ainda mais crível as acusações do pai incansável.

Krombach continuou a viver e a exercer cardiologia na Alemanha sem ser molestado pela lei, no que se refere ao caso.

Dando ainda mais suporte a versão do pai de Kalinka, o alemão, mais tarde, foi condenado, noutro processo na alemanha, 1997, por abusar sexualmente de uma paciente de 16 anos, depois de anestesiá-la para uma cirurgia, mas a pena foi reduzida a liberdade condicional. Em 2007 foi novamente condenado a dois anos e quatro meses de prisão por burla, noutro processo.

Foto: Sebastien Bozon/AFP

Local onde o médico alemão foi deixado pelos sequestradores, em Mulhouse, França

Agora o seu advogado tenta soltá-lo da prisão francesa, sob o argumento de que o assassino foi entregue à França através de método ilegal: rapto, não podendo pois ser mantido nos cárceres franceses e é respaldado pelo Ministério alemão dos Negócios Estrangeiros que pressiona diplomaticamente a França tentando garantir a libertação de Krombach.

O governo alemão se recusa a aceitar que um cidadão considerado inocente, no seu país, seja raptado e levado através da fronteira com a França e preso como condenado em território francês. Acrescentam que é inaceitável a violência que foi usada para contornar as disposições da lei de extradição, e exigem que o homem seqüestrado seja devolvido para a Alemanha.


André Bamberski mostrou que não quer vingar-se do assassino de sua filha, quer justiça, tanto que o teve em suas mãos e o entregou à justiça
Especialista em direito internacional, mostram que a Alemanha tem poucas opções para assegurar a libertação Krombach, embora seja possível intentar uma ação contra a França no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em Estrasburgo, que seria um ato incomum.

O Ministério Público francês, que vêm tentando impor a condenação contra o médico há 14 anos, não está disposto a deixar o prisioneiro escapar do cumprimento da pena.

Por outro lado, o Ministério Público alemão anunciou que emitiu um mandado de detenção europeu contra o francês Andre Bamberski, pelo crime de seqüestro, na Alemanha, contra um cidadão alemão. Os promotores de justiça em Kempten, na Baviera cidade perto da fronteira austríaca, acompanharam o pedido, acusando André Bamberski de ter contratado um cidadão de Kosovo, de 38 anos, detido naquela cidade, cuja identidade não foi revelada, para seqüestrar o médico alemão Dieter Krombach em sua casa próxima a fronteira.

Um prisioneiro, presumivelmente um europeu orientea, envolvido no seqüestro, já interrogado pela polícia, disse que o médico alemão Dieter Krombach , foi abordado violentamente duas semanas atrás, próximo ao seu apartamento em Scheidegg-Lindenau, uma cidade da Bavária. Investigadores, mais tarde, encontraram vestígios de sangue de Krombach, seus óculos e os sapatos. O médico só foi reaparecer, sem receber tratamentos médicos, conduzido 270 km a oeste, diante do tribunal da cidade francesa de Mulhouse.

Ninguém acredita que Krombach irá retornar ao seu apartamento, perto do Lago Constança tão cedo. As negociações diplomáticas levará meses, e o resultado está longe de lhe ser favorável.

André Bamberski, o pai que nunca desistiu da promessa que fez no túmulo de sua filha, que o seu assassino seria pego, acha que atingiu parte dos seus objetivos, e não importa o que vai lhe acontecer, mas o que vai acontecer ao responsável pela morte de Kalinka.>


Um comentário:

Maria José Speglich disse...

Gostei da determinação desse pai.

E o que impressiona é que na Alemnha a justiça é parecida com a do Brasil. Leve para uns e pesada para outros, conforme conveniências.