19 de out. de 2009

Itália responsável por morte de soldados franceses

Itália responsável por morte de soldados franceses
O governo do Primeiro Ministro Italiano Silvio Berlusconi, está sendo responsabilizado pela morte de dez soldados franceses, mais 21 feridos, por não ter comunicado que pagava aos talibãs para não atacar as tropas italianas

Foto:Véronique de Viguerie – Paris Match

Chocou a opinião pública francesa ver rebeldes talibãs usando uniformes, armas e acessórios dos franceses emboscados e mortos como troféus de guerra, revelados pela revista Paris Match

Fontes: Le Figaro, Le Monde, Diário de Notícias, Time, Time, Paris Match

Não bastasse o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi, ser acusado de corrupção, uso do cargo para não pagar impostos, envolvimento com prostitutas, máfia e drogas, dentro do seu país, agora descobriu-se que ele pagou milhões aos Talibãs no Afeganistão, para que as tropas italianas fossem atacadas.

O mais grave, é que não é difícil supor que o dinheiro italiano é utilizado pelos rebeldes para a comprar mais armas e munições, aumentando o seu poder de fogo para atacar as tropas dos outros países que, liderados pelos Estados Unidos, combatem os terroristas, posicionadas nas montanhas afegãs.

Essa manobra tipica de mafiosos, que pagam e cobram proteção, pode ter custado a vida de pelos menos dez militares franceses, que imaginando ser uma área pouco hostil, acabaram caindo numa emboscada do Talibã

Foto: Pascal Le Segretain/GettyImagesEurope

Em Paris, o Presidente frances, Sarkozy, condecora os soldados franceses mortos na emboscada talibão

Quando os dez soldados franceses foram mortos no ano passado, em uma emboscada por rebeldes afegãos no que parecia ser uma área relativamente pacífica. A opinião pública francesa ficou horrorizada.

A revolta aumentou com a notícia de que muitos dos soldados mortos foram mutilados - e com a publicação de fotografias mostrando os militantes talibãs triunfantes vestindo coletes à prova de bala e portando armas das suas vítimas francesas.

A França tinha passado a patrulhar a área de Sarobi, a leste de Cabul, há apenas um mês, substituindo os italianos.

A OTAN criticou fortemente os franceses pela forma como se expuseram com dois pelotões, cerca de 60 homens em patrulhas nas montanhas, sem armas pesadas, sem ter posto a força aérea em alerta, sem cobertura de artilharia e com serviços de comunicações insuficientes, com pouca munição, 100 cartuchos por homem, e apenas dois canhões de médio alcance.

Se não fosse à presença casual de tropas americanas na área que providenciassem apoio aéreo para os franceses encurralados, o resultado do combate teria sido muito pior, que os dez mortos e 21 feridos.

Foto: Reuters

Soldados franceses continuam no Afeganistão

O que até então parecia apenas uma incompetência francesa, uma avaliação errada dos seus comandantes, só agora acabou sendo esclarecido pelo diário britânico The Times ao reportar que os serviços secretos italianos entregaram importantes somas de dinheiro aos radicais do Afeganistão, ao longo de 2008, num acordo que foi confirmado pelo comandante talibã Mohammed Ishmayel.

Segundo o islamita, "o acordado era que nenhum lado atacasse o outro", o que sucedeu durante a presença dos efetivos italianos na região de Sarobi, a leste de Cabul. Só que o comando italiano, ao ser substituído pelos franceses, não informou a estes sobre o “acordo”, o que resultou na avaliação errada do comando francês, que acabou caindo na emboscada talibã.


No site do Time a revelação do acordo italiano com o Talibã, não repassado aos franceses

Além do comandante talibã, The Times cita um alto quadro do Governo de Cabul que revelava terem os italianos subornaram as milícias islamitas na região de Herat. Idêntica asserção era feita por um comandante do exército afegão. Este indicou que as forças americanas abateram na passada semana um comandante talibã em Herat, um dos que receberam dinheiro dos italianos.

Na edição de quinta-feira, o jornal britânico reproduzia declarações de um alto responsável da Organização do Tratado do Atlântico Norte em que este defendia "ter sentido a nível local" este tipo de atuação, mas que era um "total disparate não avisar os aliados" da situação quando estes chegam à região.

The Times reforçava a dimensão destas revelações com palavras de fontes ocidentais em que estas confirmavam que "muitos países da OTAN cujos efetivos operam em regiões rurais pagam aos insurrectos para não serem atacados".

Foto: Pascal Le Segretain/GettyImagesEurope

Em Paris, outro momento da cerimônia em homenagem aos militares franceses mortos no Afeganistão

Em junho de 2008, algumas semanas antes da emboscada, o embaixador dos Estados Unidos em Roma, fez um protesto diplomático, ao Governo Berlusconi, por ter a espantada inteligência americana, descoberto através de interceptação de conversas telefônicas, que os italianos haviam subornado militantes rebeldes.

Na Itália, membros do Governo de Silvio Berlusconi, bem como do governo anterior presidido por Romano Prodi, negaram terem conhecimento da existência de qualquer operação de suborno aos islamitas. O gabinete do primeiro-ministro Berlusconi divulgou um comunicado em que garante "nunca ter autorizado qualquer tipo de pagamento a elementos da guerrilha talibã".

Foto: AP

Ignazio La Russa, Ministro da Defesa e Silvio Berlusconi, o primeiro Ministro italiano

O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, classificou como "mero lixo" as revelações do The Times, mas confirmou que o embaixador dos EUA em Roma suscitara essa questão ainda em 2008, "como pedido informal de esclarecimento".

La Russa lembrou ontem que as forças italianas foram vítimas de vários atentados e emboscadas, inclusive na região de Sarobi, onde em Fevereiro de 2008 perdeu a vida um dos seus soldados. Mais recentemente, a 17 de Setembro, um atentado vitimou seis militares italianos em Cabul.

O mundo vai ter que optar entre acreditar no governo Berlusconi ou nos comandantes rebeldes Talibãs.


Nenhum comentário: